quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Destino existe? Parte 2

 19 janeiro 2011  

Consequências imediatas
1)  Os despachos e trabalhos das religiões afro-brasileiras nada podem fazer contra quem quer que seja; carecem de eficácia ou de força mágica. Verdade é que vários fiéis católicos se afligem, porque sabem que alguém ou algum adversário está fazendo despachos contra essas pessoas, e vão procurar a Igreja para pedir um exorcismo.  Há também quem se julgue desgraçado por causa de um “trabalho” de Umbanda e vá solicitar um exorcismo na Igreja.  Ora tal pensar e agir é errôneo; não existem exus e orixás, de modo que são totalmente ineficazes as oferendas de galinha preta, farofa, cachaça, charutos (…), que se lhes façam; nenhuma entidade do além acode a essas oferendas. O demônio, que a Escritura e a fé católica reconhece, não é exu nem orixá; é um anjo que Deus criou bom e que se perverteu pelo pecado de soberba; recebe agora a autorização de Deus para tentar o homem e levá-lo ao pecado, se a pessoa tentada consentir nas sugestões do Maligno; o que Satanás quer, é o pecado; não lhe importam a galinha preta, a farofa, a cachaça e os charutos oferecidos aos pretensos orixás.  Por conseguinte, nenhum despacho de macumba causa desemprego, destruição de casamento, doença (…), a não ser que a pessoa alvejada pelo despacho creia que este é eficaz; se o crê, sugestiona-se, julga-se condenada a um infortúnio e,  insegura, pode-se precipitar numa desgraça ou deixar-se envolver num acidente; em tal caso, a eficácia não é do despacho, mas da sugestão (…) sugestão que a pessoa concebe por imaginar que o despacho é eficaz.
2) Nenhum objeto de superstição faz bem ou mal a alguém. Daí se segue que o cristão não dá crédito a figas, bentinhos, amuletos … Estes podem desencadear a sugestão, sim, que é eficaz, como dito, mas eficaz por causa de uma atitude subjetiva, sem fundamento objetivo ou real.
3) O cristão não crê em horóscopo, como se os astros definissem o futuro do homem.  Verdade é que, desde épocas antigas, os homens imaginaram estar sujeitos ao poder dos astros, tão belos e pujantes parecem.  Os antigos escritores da Igreja relutaram contra tal concepção, remanescentes entre os fiéis cristãos. Podem os astros, em alguns casos, influir sobre o físico e o psíquico do homem, causando reações psicossomáticas (melancolia, júbilo, depressão …), o que não significa traçar o futuro do homem.
4) O cristão também não crê em cadeias de oração, ou seja, em preces que é preciso copiar umas tantas vezes e passar adiante sob pena de sofrer alguma desgraça, caso não o faça, ou com a perspectiva de receber algum benefício, desde que o execute.  Não há fundamento algum para crer no valor de tais correntes de oração; vêm a ser uma contratação da verdadeira oração, esta é um recurso filial a Deus, que vale pela fé, o amor e a humildade com que a criatura reza ao Pai do céu.
5) O cristão também não aceita a “mística dos números”, segundo a qual alguns números são portadores de boa sorte e outros são de mau agouro. Nem o número 13 é mau, nem o número 666 … Ver Curso sobre Ocultismo da Escola Mater Ecclesiae, Módulo 20.
6) Em suma, o cristão não crê que as coisas acontecem porque Deus as decretou cegamente, sufocando a liberdade do homem.  Deus sabe tudo o que acontecerá no futuro, pois Ele nada pode ignorar.  É de notar, porém, que preciência não é predefinição ditatorial; Deus prevê que os homens livremente farão tais e tais coisas; paralelamente alguém, a partir de uma janela, pode prever que dois carros se chocarão entre si; pode ter certeza disto, sem ser causa do desastre.
O Cristianismo repudia o Fato ou o Destino, conceito mitológico, e, em seu lugar, professa a Providência Divina.

A PROVIDÊNCIA DIVINA


A Providência Divina se define como a ação pela qual Deus se dispõe a levar todas as criaturas para o seu fim devido; Deus não abandona a criatura depois de lhe ter dado existência, mas, tendo-a criado em vista de uma finalidade sábia e grandiosa, provê aos meios para que cada criatura possa atingir a sua meta (sem destruição da liberdade de arbítrio, no caso das criaturas intelectivas); essa meta é a manifestação da bondade, da sabedoria e da santidade de Deus.
A S. Escritura acentua essa ação providencial de Deus em muitas passagens; é Ele quem dá a chuva, os frutos e o alimento no momento oportuno (Jr 5,24; Dt 11,45s; Sl 144,15); é Ele quem dá o dia, a noite, as estações (Sl 73 (74), 16s; 135 (136), 8s); aos pássaros do céu e aos lírios do campo Ele fornece o sustento necessário (cf. Mt 6, 25-34; Lc 12, 22-31).  Especialmente para com o homem é solícito, de tal modo que todos os cabelos da sua cabeça estão contados (cf. Mt 10, 29-31).
A Providência Divina, por abarcar toda a história da humanidade, vê mais amplamente do que a mesquinha mente humana.  Por isto Ela nem sempre coincide com o modo de pensar da criatura.  Há mesmo os silêncios de Deus ou os momentos em que Ele parece ausente da história dos homens; todavia a Escritura mostra como também essas fases obscuras são acompanhadas pela Sabedoria Divina; é o que vem à baila muito claramente na história do Patriarca vendido a estrangeiros por seus irmãos invejosos; no fim de tão trágica história diz José: “Eu sou José, vosso irmão, que vendestes para o Egito.  Mas agora não vos entristeçais nem vos aflijais por me terdes vendido, porque foi para preservar vossa vida que Deus me enviou diante de vós … Não fostes vós que me enviastes para cá, mas Deus, e Ele me estabeleceu como pai para o Faraó, como governador de todas as regiões do Egito” (Gn 45,4s, 7s).  Os livros de Rute, Judite, Ester, Daniel … são outrossim eloqüentes testemunhos da ação providencial de Deus em favor dos seus fiéis.  Ele sabe tirar  dos males bens maiores; o que, os olhos dos homens, parece desastre final.  Ele o converte em ponto de partida para o derramamento de novas graças.  O Novo Testamento insiste em que o cristão se deve configurar a Cristo mediante a cruz, para participar também da ressurreição; nessa trajetória ele é acompanhado pelo sábio desígnio do Pai; cf. Mt 10, 24-31.  Tenha confiança filial (Rm 8, 28-32).
A propósito vem a temática da oração.  Esta, não raro, é tida como instrumento apto a dobrar a vontade de Deus; nisto há um antropomorfismo.  A vontade de Deus é imutável. – Então qual o papel da oração, que o Senhor Jesus tanto recomendou ? Cf. Lc 11, 9-13.  Ei-lo: desde toda a eternidade, Deus decretou dar às suas criaturas os bens de que precisam; as criaturas irracionais recebem-nos inconscientemente, o homem, porém, dotado de inteligência e vontade, deve recebê-los conscientemente.  Para tanto, o orante sugere a Deus os bens que lhe parecem oportunos para que atinja a sua finalidade suprema; sugere mesmo o pão de cada dia, a saúde, o emprego …, tudo que seja honesto e pareça condizer com a autêntica meta do homem; assim este colabora com o plano da Providência Divina, que quer dar ao homem …, mas quer dar mediante a oração.  Pela oração não é o homem que rebaixa Deus ao plano da sua sábia Providência.  Assim entendida, nenhuma oração é inútil; desde que realizada em união com Cristo, que dizia: “Pai, se possível, passe este cálice; mas faça-se a tua vontade, e não a minha” (Mc 14,26), a oração encontra sempre resposta; se o Pai não nos dá aquilo que, na nossa simplicidade, lhe sugerimos, dá-nos algo de equivalente ou melhor.
Dito isto, põe-se a questão: e o mal produzido pelas criaturas recai sobre Deus?  Então não seria Deus responsável pelas falhas das criaturas ? – Em resposta, lembremos que o mal não é um ser positivo, mas uma carência; é a falta de um ser que deveria existir: a cegueira é a falta de olhos, o pecado é a falta de harmonia do agir humano com o seu Fim Supremo.  Ora a carência não tem causa direta; indiretamente, ela é causada pela criatura, que é capaz de agir inacabadamente.  Deus não pode agir imperfeitamente.
E por que permite Deus que as criaturas exerçam suas deficiências ?  Porque não as quer forçar nem violentar, Ele sabe, porém, utilizar até o mal das criaturas, para produzir bens maiores, como observa S. Agostinho: “Deus onipotente (…),  sendo sumamente bom, não deixaria mal algum em sua obra, se não fosse tão poderoso e bom que pudesse tirar até do mal o bem” (…). “Ele julgou melhor tirar dos males o bem do que não permitir que mal algum viesse a existir” (Enquiridio, cap. 11 e 27).

JESUS CRISTO, O DESTINO E AS CRENDICES

Em complemento, publicamos um texto de Roger Garaudy, ex-comunista que se aproximou do Cristianismo, e, em sua fase de aproximação, escreveu a respeito de Jesus Cristo, pondo em evidência a superação dos mitos e das crendices por parte do Senhor Jesus e de sua mensagem:

PARA VOCÊ, QUEM É JESUS CRISTO ?

“Mais ou menos sob o governo de Tibério, ninguém sabe exatamente onde nem quando, alguém cujo nome nos é conhecido, dilatou os horizontes dos homens …
Por certo, Jesus não foi nem um filósofo nem um tribuno, mas viveu de tal modo que toda a sua vida teve um significado … Para proclamar até o fim a boa-nova, era preciso que ele mesmo, mediante a sua ressurreição, anunciasse que todos os limites, mesmo o limite supremo, a morte, foram vencidos.
Este ou aquele erudito poderá contestar todos os feitos da existência de Cristo; mas isto não altera a certeza de que ele mudou a vida.  Acendeu-se um braseiro.  Esta é a prova de que havia uma centelha ou uma chama que fez surgir esse braseiro.
Todas as filosofias até Cristo meditavam sobre o destino e as forças cegas que regem o homem.  Jesus Cristo mostrou a loucura dessas filosofias.  Ele, que foi o contrário do destino.  Ele, que foi a liberdade, a criação, a vida.  Ele que removeu o fatalismo da história.
Jesus Cristo realizou as promessas dos heróis e dos mártires, que lutaram pelo grande despertar da liberdade.  Ele cumpriu não apenas as esperanças do profeta Isaías ou as iras de Ezequiel.  Jesus libertou Prometeu  das suas cadeias e Antígono dos muros de seu cárcere.  Essas cadeias e esses muros eram imagens mitológicas do destino; elas caíram diante de Cristo e se pulverizaram.  Todos os deuses morreram então, e o homem começou a viver. Deu-se como que um novo nascimento do homem.  Olho para a cruz que é o símbolo disso tudo, e penso em todos aqueles que alargaram os braços da cruz.  Penso em São João da Cruz, que, pelo fato mesmo de nada possuir, nos ensina a descobrir o tudo.  Penso em karl Marx, que nos mostrou como se pode transformar o mundo.  Penso em Van Gogh e em todos aqueles que nos fizeram tomar consciência de que o homem é grande demais para bastar a si mesmo.
Vós, homens da Igreja, que guardais escondida a grande esperança que Constantino nos roubou, devolvei-nos essa esperança! A vida e a morte de Cristo pertencem também a nós, a todos aqueles para quem elas têm sentido. Pertencem a nós que aprendemos de Cristo que o homem foi criado pelo Criador (…)”.
Deus abençõe a todos! veja também: http://reporterdecristo.com/35932/
Fonte: Cleofas.


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Um comentário:

  1. Uma coisa é certa, a porta que DEUS abre ninguem fecha, é falta de sabedoria quando temos medo de algo que possam fazer contra aquilo que DEUS determina e vc obedece.
    Ao anjo da igreja de Filadélfia, escreve: Eis o que diz o Santo e o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi - que abre e ninguém pode fechar; que fecha e ninguém pode abrir. (Ap 3, 7)

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