Por João Batista
Podemos definir discípulo o mesmo que aluno, aquele que vive em aprendizagem contínua. Assim podemos dizer que existe uma grande diferença entre os grandes mestres de Israel e o verdadeiro Mestre; Jesus Cristo.
Enquanto em Israel os discípulos escolhiam seus mestres, o verdadeiro Mestre, Jesus Cristo é quem escolhe os seus discípulos. “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.” (Jo 15,16 )
O discipulado tinha um tempo determinado, tal qual os estudos de hoje, já os verdadeiros discípulos de Jesus o seguem por toda a vida. Mas Jesus disse-lhe “Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus”.(Lc 9,62)
Os discípulos serviam ao seu mestre como escravos, o verdadeiro Mestre que é Jesus Cristo, chega um momento em que não trata mais seus discípulos de servos e sim de amigos, e porque amigos? Porque sabem o que o Mestre faz. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu Senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai”.(Jo 15,15)
Em Israel, o discípulo de um mestre ilustre gozava de fama e autoridade entre o povo, o verdadeiro Mestre Jesus Cristo, não engana seus discípulos ao afirmar que os mesmos serão perseguidos, caluniados, rejeitados em sua comunidade, família, trabalho. “Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim”.(Mt 5,11)
Lembremos da Palavra de nosso Senhor Jesus Cristo: “Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardarem a minha Palavra, hão de guardar também a vossa”. (Jo 15,20). Eis a grande diferença entre os mestres de hoje e o Verdadeiro e Eterno Mestre Jesus Cristo: Ele veio para servir e não ser servido.
Por isto estejamos preparados com esta verdade: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, afim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo caminho da humilhação. Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor a ele até na velhice”.(Eclo 2, 1-6)
Com Jesus Cristo, o nosso mestre, não foi diferente ele foi humilhado, desprezado, Deus o enviou para que o povo eleito fosse resgatado, mas não o aceitaram poucos foram os que virão nele o Messias prometido anunciado pelos Profetas de geração a geração, o povo esperava um Rei com seu exercito Que fosse acabar com a injustiça que imperava entre o povo pelos poderosos, e eis que surge o anjo Gabriel o porta-voz de Deus e diz: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. (Lc 1, 30-33), E o seu reino não terá fim... Eis o nosso Rei, “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1, 11)
O quanto foi humilhado o nosso Mestre e Rei Jesus Cristo. Pilatos mandou então flagelar Jesus. Os soldados teceram de espinhos uma coroa e pusera-la sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: “Salve, rei dos judeus!” Davam-lhe bofetadas. Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: “Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação”.Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse: “Eis o homem!” Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Falou-lhes Pilatos: “Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma”. Responderam-lhe os Judeus: “Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou filho de Deus”. (Jo 19, 1-7);
Eu imagino o que passou Jesus Cristo no meio daquele povo que não o compreenderam, não o reconheceram como o filho de Deus, o enviado do Pai celeste, Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam, pois diziam: “Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o!” Pilatos perguntou-lhes: “Hei de crucificar o vosso rei?” Os sumos-sacerdotes responderam: “Não temos outro rei senão César!” Entregou-o então a eles para que fosse crucificado. (Jo 19,15-16)
Busquemos forças em Deus, para não desanimarmos na missão de discípulos do Mestre Jesus Cristo, estejamos preparados com esta convicção: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardarem a minha Palavra, hão de guardar também a vossa. O verdadeiro discípulo de Jesus deve preparar-se para renunciar aos obstáculos que o impede de anunciar o Reino de Deus: Laços familiares, o mundo com os bens materiais e a si mesmo. “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e até sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. (Lc 14,26). São palavras de Jesus, cabe a você acolhê-la ou não, Jesus não te obriga, será uma opção sua, ele respeita a sua decisão e acolhe a sua iniciativa de segui-lo. Jesus não manda odiarmos a nossa família, mas que tenhamos nele o nosso motivo de viver, agir, falar, pensar, amar. “Assim, pois, qualquer um de vós que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo”.(Lc 14,33)
Esta renuncia consiste em não nos apegarmos aos bens deste mundo, é uma escolha pessoal. “Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, Por minha causa, reencontra-la-á”. (Mt 10, 39); Este reencontro será a eternidade, viverá na glória de Deus, na Jerusalém Celeste junto com todos os anjos e santos, louvando e adorando a Deus eternamente. Se você está disposto a passar por todo o tipo de perseguição, humilhação, por amor a Cristo, ajudando-o na construção do seu Reino, seja bem vindo, não diga: eu não sou capaz! Ele te capacitará, acredite, confie.
Todos os grandes Profetas passaram pelo fogo da humilhação, entre eles podemos destacar Jeremias que diz: Seduzistes-me, senhor; e eu me deixei seduzir! Dominastes-me e obtivestes o triunfo. Sou objeto de contínua irrisão, e todos zombam de mim.” (Jr 19,7). Amasias era sacerdote em Betel e mandou dizer a Jeroboão rei de Israel que o Profeta Amós conspirava contra ele (Jeroboão) no meio dos Israelitas, e dizia ainda que não podiam mais suportar os discursos de Amós. Amós por sua vez falava a verdade quando dizia que Jeroboão pereceria pela espada e que Israel seria deportado para longe de seu país, o que Amós fazia era falar aquilo que o Senhor lhes transmitia, ele era um instrumento nas mãos de Deus. Amós não era Profeta e nem filho de Profeta, era ele pastor e cultivador de frutos, mas o Senhor o escolheu para profetizar contra o seu povo. Quando se começa a falar à verdade que vem de Deus, o mundo não te aceita e nem o pode aceitar, começa as perseguições de todas as maneiras, a verdade é dolorida, e para se aceitar a verdade é preciso renunciar tudo o que não vem de Deus, os prazeres da carne, o poder, a ganância de possuir os bens deste mundo em que vivemos. Amasias disse a Amós: “Vai-te daqui, vidente, vai para a terra de Judá e ganha lá o teu pão, profetizando. Mas não continues a profetizar em Betel, porque aqui é o santuário do rei, uma residência real”. Amós respondeu a Amasias: “Eu não sou profeta nem filho de profeta. Sou pastor e cultivador de sicômoros”. O Senhor tomou-me de detrás do meu rebanho e disse: vai e profetiza contra o meu povo de Israel. (Am 7, 12-15)
O discípulo deve ser reto de coração, verdadeiro em suas palavras e atitudes, fiel ao seu mestre. Nada poderá impedir a missão que lhe for confiada porque quem o confia é o próprio Jesus Cristo, é ele que irá agir, quanto a nós seremos instrumentos em suas mãos, portanto é confiando nele que seremos verdadeiros discípulos do verdadeiro mestre, e um só é o verdadeiro: Jesus Cristo.
Saulo era um Judeu que só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor Jesus Cristo. Certa vez apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos para Jerusalém todos os homens e mulheres que fossem achados seguindo a doutrina de Jesus ensinada pelos apóstolos. Saulo teve um encontro verdadeiro com o Senhor, uma experiência extraordinária não que ele quisesse, mas porque assim quis o Senhor, e o próprio Deus Fala: Não é você que me escolhe, e sim eu que te escolho.
Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O senhor numa visão lhe disse: “Ananias!” - “Eis-me aqui, Senhor”, respondeu ele. O Senhor lhe ordenou: “Levanta-te e vai à rua direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de tarso, chamado Saulo; ele está orando”. (Atos 9, 10-11). Podemos perceber que o discípulo é um instrumento nas mãos do Senhor, ele usa do jeito que quer, Ananias foi usado Pelo Senhor para iniciar outro discípulo, ele não percebe que o Senhor é capaz de moldar uma pessoa tal qual o barro nas mãos do oleiro. Ananias respondeu: ”Senhor, muitos já me falaram deste homem, quantos males fez aos teus fiéis em Jerusalém. E aqui ele tem poder dos príncipes dos sacerdotes para prender a todos aqueles que invocam o teu nome”. Mas o Senhor disse: “Vai, porque este homem é para mim um instrumento escolhido, que levará o meu nome diante das nações dos reis e dos filhos de Israel. Eu lhe mostrarei tudo o que terá que padecer pelo meu nome.” (Atos 9, 13-16).
Deu para perceber na Palavra do Senhor “Este homem é para mim um instrumento escolhido...” e quem foi Saulo após ser batizado por Ananias? O próprio discípulo o batiza a mando do Senhor, o discípulo deve ser totalmente obediente ao seu mestre. Saulo este grande apostolo que mais tarde se chamaria Paulo de Tarso, também passou por tantas humilhações, perseguições. Carta de Paulo aos Romanos: Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifícios vivo e agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possa discernir qual é à vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o é perfeito. (Romanos 12, 1-2).

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