terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O crucifixo bizantino de São Damião

fevereiro 7, 2011 
Certa vez, ao rezar na Igreja de São Damião, Francisco prostrou-se diante da imagem do crucificado – diz São Boaventura em “A Grande Vida de Francisco”, cap. 11. – “Durante a oração sentiu uma consolação espiritual muito grande. Erguendo os olhos para o crucificado, escutou com os próprios ouvidos uma voz partindo da cruz, repetindo três vezes estas palavras: Francisco, vai e restaura a minha casa que está, como tu vês, totalmente em ruínas.
Francisco tinha 23 anos. E o crucifixo ficou sendo uma das relíquias mais veneradas do franciscanismo. Foi pintado no século XII provavelmente por um artista úmbrio desconhecido. O estilo é romântico, sobre clara influência da arte sírio-oriental um crucifixo igual, atribuído ao artista Alberto Sozio (1187) encontra-se em Espoleto, Itália. A peça original mede dois metros e dez centímetros de altura e um metro e trinta centímetros de largura. É possível que tenha sido feito exclusivamente para o Santuário de São Damião, em madeira de nogueira, revestida de tela, onde foram pintadas figuras de santos e anjos, cercadas de um Cristo vivo, que já venceu a paixão e a morte, olhos abertos, vitoriosos. O crucifixo permaneceu no Santuário de São Damião até 1257, sendo, nesse ano, transportado pelas Irmãs Pobres para a Basílica de Santa Clara. Foi restaurado em 1938 pela artista italiana Rosária Alliano e está exposto na capela do Santíssimo, na Basílica, protegido por vidro, desde 1958. “Assustado, por que estava sozinho na igreja, Francisco admirou-se da voz maravilhosa e entrou em êxtase porque seu coração sentiu a força da palavra divina” – continua São Boaventura. – Voltando a si, obedeceu à palavra do Senhor. Começou a restaurar a igreja de pedras, embora as palavras em sua significação se referissem àquela que o Cristo resgatou com o Seu sangue.

A FIGURA DO CRISTO


A figura central do ícone é o Cristo, não só por seu tamanho, mas também por ser o Cristo a figura luminosa que domina a cena e transmite luz para as demais figuras. “Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12). Os olhos de Jesus estão abertos: Ele olha para o mundo que salvou. Ele vive e é eterno. A veste de Jesus é um simples pano sobre o quadril – um símbolo tanto do Sumo Sacerdote como de Vítima. O tórax e o pescoço são muito fortes. Atrás dos braços esticados do Cristo está seu túmulo vazio, representado pelo rectângulo preto.

O MEDALHÃO E A INSCRIÇÃO

A ascensão é retractada no círculo vermelho: Cristo está saindo dele segurando uma cruz dourada que, agora é Seu símbolo de realeza. As vestimentas são douradas, símbolo de majestade e vitória. A estola vermelha é um sinal de sua autoridade e dignidade supremas exercidas no amor. Anjos lhe dão boas-vindas no Reino dos Céus. IHS são as três primeiras letras do nome de Jesus em grego. NAZARÉ é o Nazareno.

A MÃO DO PAI

De dentro do semicírculo, na extremidade mais alta da cruz, Ele, que nenhum olho viu, se revela numa benção. Esta benção é dada pela mão direita de Deus, com o dedo estendido.

MARIA E JOÃO

Como no evangelho de São João, Maria e João são colocados lado a lado. O manto de Maria é branco, significando vitória (Ap 3, 5), purificação (Ap 7, 14) e boas obras (Ap 19, 8). As pedras preciosas no manto dizem respeito às graças do Espírito Santo.
O vermelho escuro usado indica intenso amor, enquanto a veste interna na cor purpúrea lembra a Arca da Aliança (Ex 26, 1-4). A mão esquerda de Maria está no rosto, retractando a aceitação do amor de João, e sua mão direita aponta para João, enquanto seus olhos proclamam a aceitação das palavras de Cristo: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19, 26). O sangue goteja em João neste momento. O manto de João é cor de rosa que indicJesus: “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 27).a sabedoria eterna, enquanto sua túnica é branca – pureza. Sua posição é entre Jesus e Maria, o discípulo amado por ambos. Ele está olhando para Maria, aceitando as palavras de Jesus.
Embaixo dos pés de Jesus, há seis santos desconhecidos que estudiosos afirmam ser Damião, Rufino, Miguel, João Baptista, Pedro e Paulo, todos patronos de igrejas na área de Assis. São Damião era o patrono da igreja que alojou a cruz e São Rufino, o patrono de Assis. Essa parte da pintura está muito danificada e não permite uma adequada identificação.

OS ANJOS QUE DISCUTEM

Há dois grupos de anjos – que animadamente discutem as cenas que se desenrolam diante deles.
“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16)

O SEPULCRO

Como foi mencionado anteriormente, atrás de Cristo está o seu túmulo aberto. Cristo está vivo e venceu a morte. O vermelho do amor supera o negro da morte. Os gestos de mão indicam fé, a fé dos santos desconhecidos. Seriam Pedro e João junto ao sepulcro vazio? (Jo 20, 3-9)

O GALO

Em primeiro lugar, a inclusão do galo recorda a negação de Pedro, que depois chorou amargamente. Em segundo, o galo proclama novo despertar do Cristo ressuscitado, Ele que é a verdadeira luz (1 Jo 2, 8). “Mas sobre vós que temeis o meu nome, levantar-se-á o Sol de Justiça que traz a salvação em seus raios” (Mt 3, 20)

O FORMATO DA CRUZ

O formato tradicional da cruz alterado para permitir ao artista a inclusão de todos aqueles que participaram da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. À direita da cruz está o ladrão bom, chamado tradicionalmente Dismas; à esquerda está o ladrão mau.
Saiba mais sobre a vida de São Francisco e Santa Clara de Assis

http://reporterdecristo.com/o-crucifixo-bizantino-de-sao-damiao/

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