[IHU]
24/9/2011
O presidente alemão, Christian Wulff, já havia falado sobre isso
durante o discurso de boas-vindas ao papa no Castelo de Bellevue. E o
fato de o problema estar verdadeiramente no coração dos alemães tinha sido
explicado também pelo secretário-geral dos leigos católicos, Stefan Vesper,
às vésperas da chegada do pontífice.
A reportagem
é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Vatican Insider,
24-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Trata-se da
questão dos casais mistos católico-protestantes, que constituem quase um terço
dos casamentos do país: apesar dos avanços das últimas décadas no diálogo
ecumênico, por causa da divisão entre as Igrejas cristãs e da ausência de
reconhecimento recíproco, esses casais não podem ir à missa dominical e
comungar juntos. Uma divisão dolorosa que tem como consequência, explicou Vesper,
que muitos acabam, por fim, desertando de todas as Igrejas.
Quem
repropôs a questão hoje foi o presidente do Conselho da Igreja Evangélica
Alemã, Nikolaus Schneider, no seu discurso durante o encontro com o Papa Bento XVI: "Para todos nós, seria
uma bênção poder lhes tornar possível, em um tempo não muito distante , uma
comunhão eucarística livre, sem impedimentos".
Um pedido
que esteve no centro da coletiva de imprensa entre os líderes das duas Igrejas,
ao término do encontro com o papa, onde estavam, junto com Schneider, o
presidente dos bispos católicos da Alemanha, Dom Robert Zollitsch,
e o presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, o
cardeal suíço Kurt Koch. E apesar da atmosfera muito calorosa do
encontro ecumênico na parte da manhã com o papa, entre Koch e Schneider as
perguntas e respostas foram duras nos conteúdos às vezes, apesar da grande
cortesia dos tons.
Pressionado
pelos jornalistas, Schneider reiterou que a questão já vinha sendo
submetida aos coirmãos católicos há "muito tempo", e isso havia
provocado algumas "irritações" do lado católico. A resposta foi
imediata de Koch: antes, há "questões mais teológicas para
resolver, começando pelas questões éticas sobre a vida", também estas
"urgentes", mas sobre as quais os protestantes muitas vezes estão
muito distantes dos católicos.
A resposta
de Schneider foi firme: "As questões teológicas são importantes,
mas os desejos e a vida concreta dos fiéis são uma categoria teológica não
menos importante".
Koch também pressionou o seu "colega" protestante sobre a figura
de Lutero, depois que Schneider perguntou
à Igreja Católica se a figura do monge agostiniano de Erfurt era
"concebível" para os católicos "como uma espécie de fecho entre
as nossas Igrejas, já que ele pertence a ambas?".
Na coletiva
de imprensa, o presidente dos protestantes, assim, afirmou que, mesmo que não
tenha ocorrido uma reabilitação formal, Bento XVI havia
"reabilitado nos fatos" o pai da Reforma com as suas palavras e a sua visita
de hoje. O ministro do diálogo ecumênico do Vaticano, no entanto,
respondeu, desafiando o seu interlocutor a responder se eles se veem "em
ruptura com o passado da Igreja – uma Igreja da liberdade, segundo a expressão
da Reforma – ou em continuidade" com os 1.500 anos anteriores à pregação
de Lutero. Schneider respondeu por sua vez: o caminho da
"purificação da memória" é um "caminho de duas vias", ou
"não vai a lugar algum".
Também ficou
em aberto a questão da celebração do 500º aniversário da Reforma em
2017: os protestantes querem torná-la uma festa da fé e da "força do
Evangelho", aberta também aos católicos, e não uma celebração da ruptura
da unidade cristã . Mas ambas as partes tiveram o cuidado de enfatizar que
ainda é cedo para falar de um convite ao papa para esse evento.

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