[bibliacatolica]
5 fevereiro 2012Fonte: http://vacunadefe.com
Tradução: Carlos Martins Nabeto
De uns tempos para cá, tem-se propagado a ideia de que em dezembro de 2012 tudo o que conhecemos encontrará o seu fim.
Alguns defendem esta crença baseada nas profecias maias, pois – segundo dizem – em 21 de dezembro desse ano ocorrerão
eventos que alterarão o curso da história e da humanidade. Inclusive,
diversos filmes fatalistas apresentam imagens do mundo destruído nesse
ano, ressaltando que o futuro será devastador, pouco importando a
religião, exceto para algumas mentes brilhantes ou passageiros ricos que
se salvarão como no relato de Noé. Tudo isto é completamente irreal.
AS PROFECIAS MAIAS
O
mítico povo pré-hispânico dos Maias era considerado grande observador
do céu. Ostentava maravilhosos discernimentos astronômicos e media o
tempo com precisão, não de forma direta mas a partir de lapsos cíclicos,
através de diversos sistemas de calendário de impressionante exatidão.
As profecias maias referem-se ao Sexto Ahau (isto
é, o Sexto Sol), que em correspondência com o nosso calendário começará
em 21 de dezembro de 2012, dando início a um período de 5125 anos. Seus
defensores indicam que será um ciclo de sabedoria, harmonia,
paz, amor, consciência e supõe o retorno à ordem natural. Tal data
corresponde ao solstício de inverno no hemisfério norte e, assim, alguns
consideram que sobrevirá o fim do mundo ou o fim dos tempos, embora
outros, ao contrário, vislumbrem grandes mudanças no interior e exterior
dos seres humanos. Quanta ternura!
Para respaldar suas
afirmações, o movimento que crê na convergência dos vaticínios
supostamente derivados da cultura maia, bem como os hopis, as culturas
hindu, egípcia e chinesa, as que se ajustam com elementos retirados
supostamente da Bíblia judaico-cristã ou de doutrinas oriundas de
alquimistas, astrólogos e, obviamente – como não poderia faltar – do
ultimamente citado Michel de Nostradamus, e ainda alguns irmãos
separados e outros que se dizem cientistas, arrematam que em tal data o
magnetismo do nosso planeta Terra poderá ser alterado e abaterá sobre
ele um gigantesco planeta ou um imenso asteroide, dando lugar a uma
acelerada atividade solar sem precedentes, além de ocorrerem estranhas
conjunções astrais de caráter planetário e alinhamento da Terra com o
Sol e o centro de nossa Via Láctea, sem descartar que receberemos uma
potente radiação luminosa com origem no centro da galáxia.
É
certo, caros irmãos: desde agora já existe um extraordinário alinhamento
ou conjunção, porém, na verdade, nada tem a ver com fenômenos espaciais
mas com um contexto bastante tosco: a concordância raramente
vista entre loucos, míticos charlatães e um ou outro “espertalhão” que,
como ocorre desde tempos remotos, se beneficiam da credulidade de uns
tantos incautos. E não tem faltado aqueles que, ao estilo dos
Testemunhas de Jeová, preparam abrigos para esse dia: no México, um
grupo de estrangeiros italianos, pertencentes a uma seita dita
“apocalíptica”, ergue, em uma remota e humilde comunidade de Yucatán
chamada Xul, na delegação de Oxkutzcab, uma “cidade do fim do mundo”
chamada Bugarach. Talvez este grupo tenha acreditado no pitoresco ditado
[mexicano]: “Se o mundo terminar, vou-me embora para Yucatán”e aí querem fazer sua “torre de babel”. Segundo alguns operários, nessa cidade são fabricados seus próprios alimentos orgânicos.
Por
isso, ao procurar o início dessas profecias fatalistas, descobre-se que
realmente a cultura maia sabia que os humanos sofreriam uma crise sem
precedentes, razão pela qual deixaram registros dos fatos que nãoexperimentaríamos.
Mas será possível que esta Cultura, que desconhecia a existência de
outras terras continentais, possuía uma visão global de destruição?
A
perspectiva profética dos maias está sujeita às mais diversas. Creio
que sejam más interpretações, mas muitos asseguram que esses
antecedentes registrais podem ser encontrados nos vestígios de pedras
dispersas pelo enorme território que essa civilização pré-hispânica
ocupou e que hoje faz parte do México, Honduras, Belize, Guatemala e El
Salvador.
Muitos asseguram que nos livros do “Chilam Balam”,
provenientes da tradução castelhana de hieroglifos maias arcaicos,
encontra-se o registro do que haverá de ocorrer no tempo vindouro.
O FIM DO MUNDO?
Conforme o dr. Mark Van Stone, estudioso da cultura maia, a breve resposta para essa especulação é: Não será o fim do mundo! Van Stone afirma que há diversas razões pelas quais as “profecias maias” devam ser lidas de maneira bastante crítica:
a) Elas são fragmentárias - Isto porque temos apenas um pouco das passagens históricas (que certamente é bem maior) e que até hoje estão perdidas.
b) São contraditórias - As fontes astecas, mistecas e maias não estão de acordo entre si: todas as datas associadas à “data final” são diferentes.
c) Foram manipuladas -
Tlacaélel, ministro de três imperadores astecas, fez com que a história
fosse totalmente reescrita para exaltar os “mexicas” e denigrir os
rivais.
d) Não há qualquer menção a destruição - e nem de renovação humana, possível melhora ou despertar de consciência interligada com a data final de dezembro de 2012.
A
respeito da História Moderna, existem mais de 50 supostos profetas que
têm se arriscado a pressagiar o ano, mas nunca ninguém “o captou” (e me
atrevo a dizer que jamais captarão). Com efeito, o fim do tempo é um
mistério para a humanidade… A maioria das profecias são de fundo
religioso ou relacionadas com seitas (saudação especial aos Testemunhas
de Jeová!), muito embora no âmbito da ciência também se tenham feito
prognósticos do Fim.
As únicas profecias que sempre se cumpriram
tal como estão escritas são as bíblicas. E diga-se de passagem que o
próprio Jesus Cristo disse que NÃO há data exata para a consumação de todas as coisas (v. Marcos 13,32-33).
Mas, apesar disso, a Cristandade viu desfilar em sua História “profecias” sobre esse assunto:
-
No ano 989, o avistamento de um cometa e a fé popular na iminente
segunda vinda de Jesus após cumpridos mil anos de Seu nascimento
incitaram, em uma boa parte dos piedosos da Europa medieval, o medo pela
vinda do fim do mundo. Raoul Glaber, monge borgonês nascido em 985, faz
uma alusão nesse sentido em sua obra “Crônica (Historiae) dos
‘Portentos e Distúbios’” que ocorreram nessas terras entre os anos 900 e
1044. E o mundo não acabou!
- Após o imenso fracasso da profecia
do ano 1000, astutamente tentaram transportar a data fatal para o ano
1033, ou seja, para o milésimo aniversário da Paixão, Morte e
Ressurreição do Senhor Jesus.
- Após estudar a Bíblia, o pregador
norte-americano William Miller (1782-1849), fundador da Igreja
Adventista, predisse o fim do mundo para o ano 1843, baseando-se em uma
interpretação de Daniel 8,14. Com isto, nasceu o chamado “Movimento
Milenarista”, o qual, conforme ia se aproximando a data [fatal], foi
conquistando força. Após insistência de seus seguidores, o fundador
Miller marcou a data do Apocalipse diversas vezes: a primeira foi para
21 de março de 1843; depois, 18 de abril; e, por fim, 22 de outubro do
mesmo ano. Como nada aconteceu nesses dias, não houve outra saída para o
propagandista do que admitir o seu erro, apesar da desilusão de seus
partidários. Não obstante, sua confissão foi marcada pela frase: “Porém, eu ainda creio que o Dia do Senhor está próximo, quase à porta”. Daí existir sempre uma seita assegurando que o Advento do Messias está muito próximo.
- E o que dizer das profecias falidas dos irmãos Testemunhas de Jeová??? Disso tratarei em um outro artigo…
Apesar
disso, na década de 1990 houve um apogeu de correntes fatalistas
criadas em torno de seitas cristãs lideradas por autênticos fanáticos,
com objetivos bastante questionáveis: normalmente visando lucro ou
suicidas por sua desordenada vida espiritual. Por exemplo:
- O “pastor” coreano Lee Jang Rim,
da denominada Igreja Tami, convenceu milhares de pessoas de várias
partes dos Estados Unidos e Coreia do Sul de que a Parusia do Senhor
Jesus se daria em 28 de outubro de 1992; e, por isso, o mundo
chegaria ao fim. Transcorreram dois meses e o pastor Jang Rim foi preso
pelas autoridades civis por defraudar de seus adeptos pouco mais de 4
milhões de dólares. Uma quantia considerável! Planejava pagar todas as
suas dívidas e comprar uma luxuosa mansão paradisíaca, ou seja, montar
seu paraíso na Terra.
- Logo após, em 1992, o radialista de uma
estação “cristã”, chamado Harold Camping, informou que o dia do
aguardado Juízo Final ocorreria em 6 de setembro de 1994,
segundo seus cálculos matemáticos. Em razão disso, gananciosamente
publicou um livro em que fundamentava a sua “profecia”. Tempos depois,
percebendo que a sua função de “Pitágoras Bíblico” não havia dado certo,
pois sua predição não havia se cumprido, Camping teve que admitir
publicamente o seu erro.
Também durante a década de 1990 e início
dos 2000, ocorreram muitos atentados, fatos violentos e um grande número
de suicídios em massa motivados pela crença da “iminente chegada do fim
do mundo”.
Entre estes casos estão: o assalto ao grande rancho de Wacco (Texas), em 1993,
onde morava o denominado “Ramo dos Davidianos”, seita comandada pelo
líder fanático David Koresh; o ataque ao metrô de Tóquio, realizado pelo
culto Aum Shinrikyo, em 1995, onde 5 mil pessoas foram
intoxicadas e quase perderam a vida; e o suicídio coletivo de cerca de
40 membros da seita “Heaven’s Gate”, que em 1997 acreditavam que uma nave extraterrestre oculta na cauda de um cometa viria salvá-los. E assim o mundo acabou para eles!
Quem
também não se recorda do chamado “Bug do Milênio” no final da década de
1990? Havia a crença de que, pela falta de previsão da mudança do
milênio [nos sistemas de informática], haveria um caos global que
favoreceria a extinção da civilização. Os crédulos desta teoria diziam
que às zero hora de 1 de janeiro de 2000 o sistema financeiro
mundial sofreria um colapso, as empresas de todos os portes quebrariam,
os governos mundiais desapareceriam e, ato contínuo, surgiria a
anarquia. Não faltaram aqueles que falavam de dias de obscuridade e era
triste observar como alguns ingênuos carregavam velas, provisões
alimentícias e até cortinas para serem “benzidas” nas igrejas. Tudo isso
um autêntico sonho!
Em 2010, o famoso Robert Fitzpatrick,
um aposentado nova-iorquino gastou sua fortuna promovendo uma
publicidade fatalista no metrô de Nova Iorque e em alguns lugares da
América Latina. Isto porque sua crença se baseava na “nova profecia”
propagada pelo radialista Harold Camping, de quem já falamos; porém,
seus novos cálculos lhe diziam que o “acabou-se” começaria em 21 de maio de 2010 e se concluiria em 21 de outubro desse mesmo ano. E eis que aqui estamos… e o mesmo se dará com [as profecias] maias!
E
como se tudo isso já não bastasse, para aqueles que pensam que [o fim]
se dará em 2012, lamentamos informar que o nosso sistema de contagem de
anos possui um erro, de forma que estamos a 2018 anos do nascimento do
Senhor Jesus. Por isso, fazer corresponder o nosso sistema de contagem
com o sistema maia traz sérios problemas e o sentido último dessas
profecias não seria compreensível sem se referir à longa contagem (a
medição do tempo dos maias), cuja unidade é o kin (=1 dia).
Como usavam o código vigesimal (20 unidades), era muito importante para eles o “vinal“ (ou “uinal“), de 20 dias. “1 tun“ é “1 ano maia” de 360 dias. “1 katún“ são 20 anos (=7200 dias) e “1 baktún” (=20 katuns) são 144.400 dias. Assim, de 3113 a.C. a 2012 d.C. teriam transcorrido 13 baktunes.
Quanto a isso, estudiosos mexicanos asseveraram que “em
nenhum lugar [os maias] escreveram que em 2012 ocorreria o fim do
mundo, até porque operaram, inclusive, com datas posteriores a esse ano”,
como afirmou o reconhecido epigrafista Carlos Pallán Gayol, do
Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), para um conhecido
jornal diário do México.
Para esse cientista, é importante
contextualizar as evidências arqueológicas. Dessa forma, na inscrição de
Tortuguero é apontada uma data coetânea para aqueles que ergueram o
monumento no século VII d.C. e, de repente, no texto hieróglifo,
emprega-se o que se chama de “número de distância”, que aponta para 13
séculos adiante: o dia 21 de dezembro de 2012.
“‘Pois
bem: o que nos expressa o Monumento 6? O que ocorrerá nessa data? Indica
expressamente que vai terminar um período. Os maias sempre louvam os
finais de período assim como hoje festejamos os aniversários: os lustros
(=5 anos), as décadas (10 anos), o centenário (100) ou o bicentenário
(200) de um fato histórico. Porém, isso não significa que o mundo irá
acabar’, formulou Pallán”.
Para o pesquisador da Coordenação
Nacional de Arqueologia [do México], diferentemente das sociedades
modernas, para os maias o tempo não era algo indeterminado: era formado
por ciclos e estes, às vezes, eram tão precisos que recebiam nome e
podiam ser personificados mediante imagens de seres animados; por
exemplo, o ciclo de 400 anos era representado por uma ave mitológica.
Isto
porque os maias se preocupavam mais com os ciclos do que com o tempo;
sua importância era realizar rituais que de algum modo garantiriam a
prosperidade do ciclo vindouro. Para o caso específico da menção a 2012
(conforme o nosso calendário), nota-se certa insistência que, mesmo em
data tão distante, se recorde de um ciclo calendárico estabelecido.
Segundo
esse pesquisador, algumas vezes se tem comentado coisas tão absurdas,
tais como: que os antigos maias não conheciam além do ciclo corrente ou
que uma vez atingido [o ciclo], este período de tempo se acabaria. Os
maias usavam ciclos enormes, inclusive de bilhões de anos, através do
sistema de longa contagem, que também era comum para outras culturas da
Mesoamérica, como é o caso da “istmenha” ou “mixe-zoque”. Os maias jamais mencionam que o mundo irá acabar, nem mesmo o tempo.
A
passagem específica do Monumento 6 de Tortuguero é bastante breve e
simplesmente diz que uma vez cumprido o 13 BÆakÆtun – algo análogo ao 23
de dezembro de 2012 -, descerá do céu Bolon YokteÆ KÆu, isto
é, o deus ou deuses dos Nove Pilares. Isso, em sentido mitológico, não
significa nada. Portanto, não se deve interpretar como um evento
fatalista, já que os maias empregaram datas posteriores a 2012. Sabe-se que o Templo das Inscrições de Palenque menciona data que ocorre mais de 2 mil anos depois, ou seja, em 4772. E havendo civilizações até lá, estas também as preocuparão!
Muitos
ficarão decepcionados ao saber do teor deste Monumento 6, que não é
nada catastrófico. Pelo contrário, os maias faziam calendários bem
extensos para legitimar seu poder sobre os povos conquistados, aos quais
apontavam que seu poderio se estenderia por milhares de anos, assim
como com diversos deuses míticos. Portanto, aqueles que creram nisso,
simplesmente o fizeram porque foram presas da criatividade e
inteligência maia. No que diz respeito a mim, creio em Alguém superior
aos maias e em um Povo que não espera que baixe; mas, ao contrário, que
vive com seu Deus… com o Emanuel (Deus conosco).
Em 21 de dezembro de 2011,
1 ano antes do vaticínio pseudomaia, a NASA garantiu que não tem
observado a presença de corpos celestes próximos da Terra e descartou
mudanças magnéticas. Portanto, os cientistas da NASA refutam
incisivamente que o mundo acabe em 2012, bem ao contrário do que
informam algumas páginas de mal agouro na Internet, que aproveitam o fim
do calendário maia para prever catástrofes. A NASA, agência espacial
dos Estados Unidos, assegurou que essa data é o fim do extenso período
de contagem maia; porém, da mesma forma como o nosso calendário começa
novamente em 1º de janeiro de 2012, começará também um outro período no
calendário maia.
Não devemos nos esquecer que a Terra está sempre
cercada de corpos celestes, como cometas e asteroides. O último impacto
de um asteroide de tamanho significante foi aquele que causou a extinção
dos dinossauros há 65 milhões de anos; porém, em nossos dias, existe um
setor da NASA, assim como outros observadores no mundo, que acompanham e
detectam se a Terra está na trajetória de algum deles. Portanto, Niribu
e outros planetas fora de órbita são um equívoco: se algum corpo
celeste ameaçasse a Terra, nossos astrônomos o estariam acompanhando há
pelo menos 10 anos; inclusive, seria visto a olho-nu aqui da Terra. E
isto não tem ocorrido.
Ademais, devemos considerar que sempre
estamos expostos a que HOJE seja o nosso último dia de existência ou, em
todo caso, que o Senhor Jesus regresse a qualquer instante para julgar
os vivos e os mortos, separando o Bom Pastor aqueles que O amaram e o
obedeceram com sinceridade. Em ambos os casos, NÃO há uma data pré-estabelecida!

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Só será aceito comentário que esteja de acordo com o artigo publicado.