terça-feira, 8 de julho de 2025

O Vaticano ratifica o caminho do sinodalismo

Com um extenso documento, a Secretaria Geral do Sínodo apresentou na segunda-feira, 7 de julho, a fase de implementação do Sínodo, um guia para dar continuidade ao processo iniciado em 2021 e que culminará, se os prazos forem cumpridos, em uma nova Assembleia eclesial em outubro de 2028. O texto foi aprovado pelo novo Papa Leão XIV, que nos encoraja a continuar a construir uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, diálogos, sempre aberta ao acolhimento (...) todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do nosso diálogo e do nosso amor.

O que é sinodalidade 

 

Omissões Gritantes 

É impressionante que, em todo o documento, não haja uma única linha sobre a crise vocacional que assola grande parte da Europa e da América. Não há uma única menção ao colapso da prática sacramental, ao abandono do sacramento da confissão ou ao crescimento da confusão e indiferença doutrinárias. Tampouco a palavra "liturgia" aparece, apesar de a lex orandi — a forma como a Igreja reza — ter sido, em muitos lugares, degradada ao ponto do absurdo. 

A Eucaristia, centro da vida cristã, dilui-se numa nebulosa de expressões genéricas como "cultura do encontro" ou "comunhão missionária". Em vez disso, o termo "sinodalidade" é repetido ad nauseam — mais de 200 vezes — apresentado como uma espécie de panaceia eclesial. Segundo o documento, "a sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja" e "o caminho sinodal é, de fato, colocar em prática o que o Concílio ensinou".

Um cronograma, mas sem um propósito claro 

O documento descreve um plano detalhado: entre junho de 2025 e dezembro de 2026, implementação nas dioceses; em 2027, assembleias de avaliação em nível nacional e continental; e em 2028, uma grande Assembleia Eclesial em Roma. "Cada Igreja local poderá praticar a sinodalidade em sua pastoral ordinária", afirma. 

Os bispos são encorajados a "promover dinâmicas de discernimento", as equipes sinodais a "experimentar novas formas de escuta" e as conferências episcopais a "oferecer momentos de reflexão compartilhada". 

Mas com que propósito? O documento tem o cuidado de não abordar questões substantivas, muito menos os escândalos que mancham a credibilidade da Igreja. Nem uma palavra sobre a forma opaca como os casos de abuso ainda são tratados, sem garantias legais. Falamos de "transparência", mas apenas como uma "cultura" ou "valor", nunca como uma exigência concreta.

Silêncio diante da perseguição real 

 Enquanto novas "estruturas participativas" são invocadas para "trocar dons" e "ouvir o Povo de Deus em toda a sua diversidade", não há uma única referência ao sangue derramado pelos mártires cristãos na Nigéria, Síria ou Índia. 

Em vez disso, prioriza-se a "inclusão daqueles que permaneceram à margem", incentivando as Igrejas locais a encontrar "ferramentas de escuta adequadas" em universidades, prisões, redes digitais e "outros ambientes periféricos".

A Grande Ausência: Cristo 

É impressionante que, em um texto supostamente pastoral, o nome de Jesus Cristo apareça apenas em frases retóricas. Não há um chamado claro ao arrependimento, à santidade ou à fidelidade ao Evangelho. 

 Diz-se, sim, que "o Espírito continua a inspirar em seu Povo uma unidade que é harmonia nas diferenças", mas o foco da fé parece substituído por uma fé no próprio processo. 

A Secretaria do Sínodo afirma que se trata de uma "jornada espiritual" e que "estruturas e normas não bastam", mas termina propondo, precisamente, mais estruturas e mais normas: novas equipes, novos organismos participativos, novas fases, novas ferramentas digitais. Celebrações como o "Jubileu das Equipes Sinodais" (24 a 26 de outubro de 2025) estão previstas.

Conclusão 

Este é mais um documento que se esquiva dos problemas graves e concretos que afetam a Igreja universal. Não aborda o colapso doutrinário de muitos catecismos, o avanço da ideologia de agendamento nos círculos eclesiais ou a imensa presença de clérigos homossexuais com atração por menores — uma realidade que permanece tabu. Em vez disso, prefere celebrar a “diversidade”, a “escuta” e a “criatividade missionária” em um tom indefinido e infantil. 

Com a publicação deste documento no boletim oficial de 7 de julho, o Vaticano optou por continuar um caminho que parece não ter destino. Somos convidados a caminhar juntos, mas não diz para onde. Porque sem a Cruz de Cristo no horizonte, o sinodismo corre o risco de se tornar o que já foi: uma peregrinação circular: muito encontro, muito processo e nenhuma salvação.

 

Fonte - infovaticana


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