sábado, 25 de dezembro de 2010

O II Concílio Ecumênico do Vaticano - A Lumen Gentium


O II Concílio Ecumênico do Vaticano nos deixou o mais belo ensinamento sobre a vocação universal à santidade na Igreja, no capítulo V da Constituição Lumen Gentium. Existe a santidade da Igreja e a santidade da Igreja. Àquela é dada como dom, esta, dada em germe, há de ser conquistada por cada batizado com os meios oferecidos por sua vocação temporal, percorrendo-lhe o difícil caminho.
Fala-se dos diversos aspectos da única santidade. Diversa pelos meios, as situações pessoais, o ambiente social. Única pelo fim a que tende: a glória de Deus, a plena felicidade.
Daí o chamado universal à santidade (cf. 1Tes 4, 3; Ef 1, 4; LG, n. 39). Ora, tal chamado não é teórico. Qul é o seu princípio fundamental? O que é preciso fazer? Quais os sinais externos que a provam? Quais os meios apropriados para cada vocacionado(a) à santidade?
Antes de tudo é preciso desfazer as falsas ideias que se fizeram acerca da santidade. Cada um se imagina a verdadeira devoção segundo a própria paixão ou fantasia. Aquele que pratica o jejum, embora o seu coração esteja cheio de ódio; outro pensa que é devoto só porque faz a cada dia muitas orações, enquanto sua língua pronuncia palavras incovenientes.
Existem também os que identificam a santidade com a muita oração e penitência; outros a identificavam com a pobreza absoluta. Em nossos dias tende-se a confundir perfeição cristã com as obras de apostolado, filantropia e práticas religiosas.
Disse das duas dimensões da santidade: vida teologal e de vocação temporal, e que aquela é comum a todos, esta é específica para cada um. Àquela é transcendente, esta é cósmica. Ambas são essenciais para que a santidade possa chamar-se cristã. Deve-se crer, esperar e amar a Deus de todo coração e acima de tudo; e, deve-se, ao mesmo tempo, ser fiel, heroicamente fiel aos deveres do próprio estado.
Vida teologal e vocação temporal hão de estar intimamente unidas como em Jesus que, com frequência retirava-se à montanha para orar e passar a noite inteira em oração (cf. Lc 6, 12), e depois, descia para se encontrar com as multidões para anunciar o Reino e curar os males do povo.
Orar e contemplar para poder fazer mais e melhor já foi feito por Moisés que subiu ao monte Sinai para ouvir a Deus (cf. Ex 19); ou, para suplicar o perdão de Deus para o povo idólatra (cf. Ex 24; 32; 33) e depois descia para transmitir os mandamentos da vida (cf. Ex 20). assim fizeram também Elias (cf. 1Rs 17, 2-6; 19), Isaías (cf. Is 6), Paulo (cf. At 22, 17-18.21); 23, 11; 27, 23-24; 2Cor 12, 9).
Para não perder a hierarquia de valores, para guardar a unidade de vida é necessária a vida interior. E quanto pede o Concílio aos Padres (cf. PO, n.13).
Marta e Maria são figuras da vida contemplativa e da vida ativa. Eram irmãs e, portanto, não se opunham uma à outra. Antes, andavam juntas, como observou santa Teresa, a grande (cf. Sétimas Moradas, c. IV).
Cada tipo de vocação tem suas virtudes específicas e sua espiritualidade. Uma é a espiritualidade do monge, outra a espiritualidade da mãe de Família; outra a do médico; outra, a do missionário.
Outro erro grosseiro e não raro é fazer o que interessa: satisfazer as próprias paixões, e isto o chamam santo e o que desejam reputam lícito (cf. RB, 1,9). Isso mesmo! Aquilo que para Deus é importante julgam-se não grave, não necessário.
 

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