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dez 2012
afeexplicada - A Sociedade da Terra Redonda tem divulgado pela internet uma série
de 36 perguntas de um ateu dirigidas a quem tem fé. Propõe assim um
desafio, ao qual vários internautas têm respondido. Proporemos abaixo
nossas respostas em termos sucintos e tão claros quanto possível. Visto
que algumas perguntas se repetem de algum modo, agrupá-las-emos numa
única questão.
1. A Existência de Deus
1) Como você definiria Deus ou deuses, e por que você está tão convencido de que existem um ou mais?
2) Se tudo necessita de um Criador, então quem ou o que criou Deus ou os deuses?
3) Como pode algo que não pode ser descrito, ser dito que existe?
Resposta: Não se diga que Deus não pode ser descrito. Ele é atingido
pela razão, anteriormente a qualquer ato de fé. Com efeito; Deus é o Ser
Absoluto, Independente, do qual todos os demais seres dependem. Esta
verdade pode ser ilustrada pela imagem de um trem: cada vagão é puxado
por outro, do qual recebe seu movimento; esses vagões são movidos e, por
sua vez, moventes; esse conjunto, porém, só funciona se há locomotiva
ou um movente não movido, independente, que tem em si mesmo a razão do
seu movimento. – Assim é Deus: Movente não movido, necessária explicação
de todo o movimento ou de todo ser que há no mundo.
Também se prova a existência de Deus a partir da consideração do
planeta Terra e do universo. Todo este conjunto – makrokosmos e
mikrokosmos – supõe uma Inteligência que o tenha concebido e o tenha
tirado do nada. Os cientistas hoje, com o progresso da ciência, têm mais
fé do que outrora. Aliás, já dizia Pasteur: “A pouca ciência afasta de
Deus; a muita ciência leva a Deus”. O acaso nada explica, este universo
tão complexo e ordenado não pode ser produto do acaso cego. Destas
premissas segue-se que só pode e deve haver um Deus; o Absoluto, o
Infinitamente Perfeito não se pode multiplicar; multiplicado, deixará de
ser infinito. Mais: também não pode ser criado; por definição racional,
Deus é o Criador não criado: o Criador de Deus é que seria Deus.
A existência do mal no mundo não depõe contra a existência de Deus,
como será dito adiante. O mal físico e o mal moral são carências de ser,
que não se devem ao Criador (por definição, Deus não pode ser Criador
imperfeito), mas às criaturas, que podem agir de maneira falha ou
lacunosa.
2. Muitas Religiões
1) Já que existem incontáveis religiões no mundo afirmando ser a única religião verdadeira, por que você pensa que a sua é mais verdadeira do que a deles?
2) Por que Deus permite que todas essas religiões falsas existam?
Resposta: A fé não é um ato cego e irracional: ao contrário, ela tem
que se basear em: credenciais, que a razão, com seu espírito crítico,
examina para averiguar a autenticidade ou não de uma determinada cor
rente religiosa. – Ora o Cristianismo tem suas credenciais muito
significativas, como passamos a considerar:
a) a ressurreição de Cristo, que, conforme São Paulo (Cor 15, 14.17),
é a pedra de quina da fé cristã. Na época dos Apóstolos, ninguém pôde
provar que o anúncio da ressurreição era falso, embora os judeus muito o
desejassem; conforme Mt 28, 11-15, as autoridades judaicas ofereceram
dinheiro aos guardas do sepulcro para que estes dissessem ter sido
roubado o cadáver de Jesus enquanto dormiam; queriam assim valer-se do
testemunho de guardas adormecidos! Os Apóstolos apregoavam a
ressurreição de Jesus sem que pudessem ser tidos como mentirosos, a tal
ponto que Gamaliel disse ao Sinédrio (Conselho) dos judeus: `Agora,
digo-vos, deixai de ocupar-vos com esses homens. Soltai-os, pois, se o
seu intento ou a sua obra provém dos homens, destruir-se-á por si mesma;
se vem de Deus, porém, não podereis destruí-los. E não aconteça que os
encontreis movendo guerra a Deus” (At 5, 38).
Ora nenhum fundador de religião ressuscitou, como, de fato, Jesus
ressuscitou. A ressurreição de Cristo é o sinete que Deus colocou sobre a
sua pregação para confirmá-la e autenticá-la. Conscientes do
significado de tal sinete, muitos cristãos morreram mártires em vinte
séculos de Cristianismo; ora ninguém morre por fidelidade a uma mentira
ou por uma alucinação, já que cedo ou tarde esta é desmascarada.
b) A mensagem cristã é altamente valiosa; corresponde aos anseios
mais espontâneos do ser humano a ponto que o apologeta Tertuliano (t 220
aproximadamente) podia dizer: “ó alma humana naturalmente cristã!”. Daí
a rápida propagação do Evangelho no Império Romano perseguidor; o
sangue dos mártires era semente de novos cristãos (Tertuliano). – Aliás,
a mensagem cristã aparece como algo que a razão humana não ousaria
“inventar”, por si mesma; com efeito, a filosofia grega conheceu a
Divindade, mas uma Divindade que não responde aos anseios do homem,
porque o homem em sua finitude não lhe interessa (Platão) ou nem sequer
conhece os anseios do homem por ser perfeita (Aristóteles). Ao
contrário, em São João se lê não somente que Deus é amor (1Jo 4, 16),
mas é o Amor que primeiro amou o homem, amou gratuitamente o homem
rebelde e pecador:
Jo 4, 19: “Ele nos amou primeiro”.
Rm 5, 6-8: Foi quando ainda éramos fracos que Cristo, no tempo
marcado, morreu pelos ímpios. Dificilmente alguém dá a vida por um
justo; por um homem de bem talvez haja alguém que se disponha a morrer.
Mas Deus demonstrou seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter
morrido por nós quando éramos ainda pecadores. Realmente os filósofos
jamais conceberam tal conceito de Deus; a tendência do espírito humano é
imaginar Deus como um grande banqueiro, ao qual o homem dá para poder
receber.
Ora não se encontram credenciais tão eloqüentes em algum Credo não
cristão; na verdade, o budismo é panteísta (Deus, o mundo e o homem
seriam uma única realidade) e o islã fere a lei natural, que é a lei de
Deus, admitindo a poligamia. Quanto ao judaísmo, é a expectativa do
Messias, que comprovadamente já veio. Deus permite que haja tantas
religiões, porque há um senso religioso inato em todo homem, ficando a
cada qual a liberdade de o desenvolver subjetivamente, segundo lhe
pareça melhor. Daí diversos Credos, que não podem ser equivalentes entre
si, pois há uma só verdade e uma só Ética natural, ditada pela lei
natural impregnada em todo homem.
3. O Mal no Mundo
1) Se tudo é produto do grande projeto de um arquiteto onisciente e benevolente, por que a história da vida é um registro de horrível sofrimento, desperdício crasso e falhas miseráveis? Porque esse Deus passa bilhões de anos de tal carnificina sem ainda ter alcançado seu objetivo?
2) Por que Deus interveio tantas vezes nos assuntos durante a antiguidade (de acordo com a Bíblia) e nada durante o Holocausto da segunda guerra mundial?
Resposta: Notemos algo que geralmente escapa à percepção dos homens: o
sofrimento é inerente à perfeição das criaturas. Sim; percorrendo a
escala dos seres, verificamos que os minerais não sofrem (a pedra pode
ser talhada e retalhada sem sofrer). Os vegetais já reagem a agressões,
restaurando-se quando lesados. Os animais infra-humanos sofrem, chorando
e lamentando-se. O ser humano sofre muito mais ainda ou sofre
duplamente (no plano físico e no plano moral); quanto mais uma pessoa é
nobre, tanto mais ela sofre; um indivíduo tarado sofre muito menos do
que uma pessoa fina e educada, pois esta vê e lamenta a distância entre o
bem que deveria existir e a desordem que de fato ocorre. – Além deste
fator natural, deve-se dizer que o próprio homem promove o sofrimento
mediante seus vícios e crimes. Em suma, toda criatura é necessariamente
limitada e falível, incorrendo assim em desordem física e moral. E qual é
o papel de Deus diante do mal?
- Ele não quer fazer um mundo de marioneetes ou artificial, em que
toda a atividade das criaturas seja policialmente controlada. Ao
contrário, Deus deixa que cada qual proceda de acordo com sua índole
natural, provocando secas, enchentes, incêndios, crimes, guerras…: mas,
como diz S. Agostinho, Ele nunca permitiria o mal se não tivesse
recursos para tirar do mal bens ainda maiores. Este desígnio da
Providência já foi reconhecido pelos gregos antes de Cristo, que o
formularam dizendo pathos mathos (sofrimento é escola ou aprendizagem).
O próprio Cristo no Evangelho prevê a existência do mal permitido por
Deus até o fim dos tempos na parábola do joio e do trigo (Mt 13, 2430):
o senhor do campo não quer que se arranque o joio antes da consu mação
da história, apesar da impaciência dos servidores, que desejavam um
campo limpo, somente com trigo. Deus não interveio na segunda guerra
mundial como interveio na história do Antigo Testamento, porque o povo
israelita era um povo rude, portador da esperança messiânica para o
mundo inteiro; precisava de proteção especial, que não se repete porque o
contexto histórico atual é outro; a humanidade é adulta. Acontece,
porém, que Deus nunca permite sejamos tentados acima das nossas forças,
mas dá a graça para superar a provação a quem é tentado ou provado; cf. 1
Cor 10, 13.
Em Is 45, 7 está dito: “Eu formo a luz e crio as trevas, asseguro o
bem-estar e crio a desgraça; sim, eu, o Senhor, faço tudo isto”. – Ora
pelo contexto vê-se que o Senhor se apresenta como autor de tudo e, para
tanto, enumera casos extremos como trevas e desgraças, que não podem
ser criadas, mas são deficiências de luz e de bem, cuja causa só podem
ser as criaturas.Deus jamais abandona seus filhos, mesmo quando parece
ausente. A propósito vêm as palavras da epístola aos Hebreus: “É para a
vossa educação que sofreis. Deus vos trata como filhos. Qual é, com
efeito, o filho cujo pai não o educa? Se estais privados da educação da
qual todos participam, então sois bastardos e não filhos… Toda educação,
no .momento, não parece motivo de alegria, mas de tristeza. Depois
produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de
justiça” (12, 7. 11). Estas ponderações já insinuam a resposta à seguinte pergunta:
3) Por que tantas pessoas religiosas agradecem a Deus quando elas
sobrevivem a desastres, mas não ficam com raiva dele por ter, em
primeiro lugar, causado o desastre?
Em resposta dizemos:
a) Deus não causa desastres. Por definição filosófica, Deus é uma perfeição; um Deus que comete o mal, já não é Deus. Os males provém da limitação das criaturas.
b) Quem conhece a Deus, sabe que as desgraças têm uma finalidade providencial e, por isto, não concebe raiva de Deus.
4. O Deus do Antigo Testamento
1) O Deus brutal, vingativo e sedento de sangue, como mostrado no Velho Testamento, ainda é um Deus que ama?
2) Como pode o mesmo Deus que, de acordo com o Velho Testamento, matou todos na Terra, exceto quatro pessoas, ser considerado qualquer coisa que não seja mau?
Resposta: O Deus do Antigo Testamento é o pedagogo de um povo rude,
de dura cerviz. Israel, em sua rudez, só entenderia as intervenções
drásticas do Senhor Deus; daí as punições educativas, não vingativas.
Não se diga que Deus era sedento de sangue; o ritual do Templo previa a
imolação de vítimas irracionais (não humanas), pois estas faziam as
vezes do devoto que, mediante tais vítimas, exprimia sua consagração a
Deus. Estes costumes primitivos deviam ceder às disposições do Novo
Testamento, destinadas a povos mais maduros e adultos.
Em parte alguma da Bíblia lê-se que “Deus matou a todos, com exceção
de quatro pessoas”. O autor da pergunta deve ter pensado no dilúvio (Gn
6-9), quando morreu a população de uma região com exceção de oito
pessoas: Noé e sua esposa, seus três filhos e as respectivas esposas. –
Hoje em dia sabe-se que o dilúvio bíblico não foi universal ou não
recobriu a Terra inteira; para recobrir o monte Everest, com seus 8.848m
de altura, deveria haver uma camada de água sobre a Terra que
produziria uma catástrofe cósmica. A morte das vítimas do dilúvio não
significa a condenação póstuma das mesmas; São Pedro, em 1 Pd 3, 20;
supõe que muitos se tenham arrependido antes de morrer e assim hajam
logrado a salvação. É interessante observar que as intervenções
drásticas de Deus na história do povo de Israel não provocavam a ira dos
fiéis, mas o reconhecimento do pecado. Existem mesmo no Antigo
Testamento passagens em que o autor sagrado exprime ardoroso amor a
Deus; principalmente o saltério as contém; cf. SI 42, 2; 63, 2; 17, 2;
73, 25s… A pedagogia divina era reconhecida como expressão do amor
paterno do Senhor; cf. Esd 10, 10-15; Ne 9, 5-37; Dn 3, 24-50…
5. A Salvação dos Ateus
1) Se um ateu ou uma atéia vive decente e moral, por que um Deus amoroso e compassivo se preocupa com acreditarmos ou não acreditarmos nele/nela/nisso?
Resposta: Ninguém vive decente e moralmente bem se não por graça de Deus. É Ele quem se entrega mesmo a quem nele não crê. Deus nos fez para si, e não pode deixar de querer bem às suas criaturas, dando-lhes o necessário para chegarem ao seu Fim Supremo. – Aliás, é de crer que, se algum ateu vive corretamente, cedo ou tarde virá a descobrir a Deus e ter fé. As virtudes humanas (sinceridade, fidelidade, lealdade, senso de responsabilidade…) são o ponto de partida para que alguém reconheça Deus. Um ateu sincero e amigo da verdade está no caminho que leva a Deus.
6. Fé e Razão
1) Se algo não é racional, deve-se de qualquer jeito acreditar nesse algo?
2) Devemos confiar em alguma religião que exige que elevemos nossa fé acima da razão?
Resposta: O que não é racional, pode ser ou absurdo, irracional ou
trans-racional, isto é, transcendente em relação à razão. No primeiro
caso, é claro, não se pode aceitar o absurdo (círculo quadrado, por
exemplo). No segundo caso, a razão esclarecida pode dizer Sim, pois ela
tem consciência de que a verdade não se limita àquilo que a razão
alcança. Os artigos da fé não são irracionais, mas transracionais; estão
além do alcance da razão, embora tenham credenciais racionais; não se
deve crer às cegas; a pessoa de fé exige razões para aceitar as
proposições da religião.
3) Por que o número de ateus e atéias nas prisões é desproporcional mente menor do que os seus números na população geral?
Resposta: A pessoa encarcerada geralmente se despoja de sonhos e
ilusões; é obrigada a pensar mais seriamente no sentido da vida; ela se
aprofunda e verifica que a vida presente sem uma resposta cabal no além é
um absurdo. A verdade assim aflora mais facilmente.
7. A Bíblia
1) Se a Bíblia é a palavra de Deus livre de erros, por que ela contém erros fatuais, como os dois relatos contraditórios da criação no Gênesis?
Resposta: A finalidade da Bíblia é ensinar como se vai ao céu, e não
como vai o céu; é, pois, uma finalidade religiosa atingida mediante
relatos que obedecem às regras dos gêneros literários dos semitas.
Também nós temos nossos gêneros literários destinados a comunicar a
verdade segundo seu modo próprio; assim a crônica, a poesia, as leis, a
carta social, a carta comercial, o boletim de meteorologia… É preciso
que o leitor saiba qual o gênero literário que ele tem ante os olhos
para não errar na interpretação do texto. Ora o mesmo ocorre com a
Bíblia.
Os dois relatos da criação pertencem a gêneros literários diferentes.
O primeiro é um hino lítúrgico; cf. Gn 1, 1-2, 4a. Tem em vista não a
narração das origens do mundo e do homem, mas a recomendação do sétimo
dia como dia consagrado ao Senhor pelo repouso e o culto divino; incute
também o monoteísmo e a bondade natural de tudo o que existe. O segundo
relato tem caráter sociológico; cf. Gn 2, 4b-3,24. Quer dizer que a
mulher não é inferior ao homem, pois ela é tirada simbolicamente da
costela do homem; ele e ela estão num plano singular, acima de todos os
animais e vegetais; além disto, o segundo relato explica a origem do mal
no mundo; não se deve ao Criador, mas ao homem, que desobedeceu,
violando o plano de Deus.
Estes dois relatos não contêm explanação científica alguma; fica ao
pesquisador a tarefa de procurar descrever as origens, contanto que
afirme ter Deus criado a matéria inicial.
2) Por que a Bíblia não foi escrita de forma direta, que não deixe dúvida sobre o que ela significa?
Respondemos: Deus quis servir-se de instrumentos humanos para
comunicar a sua mensagem; utilizou os recursos da linguagem semita, como
pela Encarnação assumiu um corpo de estirpe semita. Essa linguagem
devia ser clara aos primeiros leitores e nos obriga a estudar os idiomas
antigos; só por milagre teria Deus entregue aos antigos um livro de
linguagem moderna, clara para nós, mas talvez não clara para os
primeiros destinatários.
3) Se a Bíblia é o padrão para a moralidade, por que ela não proibiu a escravidão e a guerra?
Em resposta: A Bíblia narra casos de escravidão e de guerra, mas nem
por isto as aprova. Escravidão e guerra de conquista (não a de defesa)
são proibidas pela lei natural, impregnada no íntimo de todo homem. Os
autores sagrados referem o comportamento imperfeito de personagens
bíblicos, porque querem mostrar até que ponto chegara a miséria humana à
qual Deus aplicou a sua misericórdia. Deus não quer, mas permite as
falhas humanas, porque respeita a liberdade da sua criatura, ciente de
que tem recursos para tirar do mal bens maiores, como afirma S.
Agostinho.
8. Odiar Pai e Mãe
Não devemos odiar nossas famílias e a nós mesmos para sermos bons cristãos? Cf. Lc 14, 26.
Resposta: A língua aramaica, que Jesus falava, não tinha as
partículas de comparação mais e menos. Conseqüentemente, para dizer
“amar mais” e “amar menos”, empregava os verbos “amar” e “odiar”. Daí as
palavras de Jesus em Lc 14, 26: “Se alguém vem a mim e não odeia seu
próprio pai e sua mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria
vida, não pode ser meu discípulo”. Este texto quer dizer: se alguém não
ama a Jesus mais do que os familiares e o velho homem que está em cada
ser humano, não pode ser discípulo do Senhor. Por conseguinte não se
trata de odiar a quem quer que seja, mas de observar a escala de
valores.
9. A Salvação
Já que a maioria das religiões prometem o paraíso a seus seguidores e os ameaçam com o inferno, pergunto: qual religião tem o melhor paraíso: a católica ou a evangélica? Os evangélicos afirmam que Jesus virá para nos salvar… De que ou de quem? (Por favor, tentem responder sem apelar para o Diabo).
Resposta: O Cristianismo promete aos fiéis a visão de Deus
face-a-face (cf. 1 Cor 13, 12; 1 Jo 3, 2). Esta é, conforme São Paulo, o
que o olho não viu, o ouvido não ouviu, o coração do homem jamais
percebeu (1 Cor 2, 9). Será a plena saciedade de todas as legítimas
aspirações de todo homem. Jesus veio salvar-nos da morte acarretada pelo
pecado dos primeiros pais (cf. Gn 3, 17-19). A morte assumida por Jesus
tornou-se Páscoa ou passagem para uma vida nova mediante a ressurreição
dos corpos.
10. Misticismo
A aceitação do misticismo religioso, da magia e dos milagres é consistente com nossa compreensão de boa saúde mental?
Resposta: Procederemos por partes:
- a magia é a pretensão de possuir poderres divinos ou de forçar a
Divindade a atender ao homem. Pode ser algo de doentio, mesmo se
praticada com inocência e consciência tranqüila;
-os milagres são fatos inexplicáveis pella ciência. Devem ser
examinados meticulosamente para não ser confundidos com fenômenos
parapsicológicos. A razão humana sadia e lúcida se aplica à análise dos
fatos ditos “milagrosos”, de modo que o laudo final desse exame é o
resultado da investigação inteligente dos pesquisadores;
- a mística é a experiência de Deus, quee habita no íntimo dos justos. Nada tem a ver com a doença mental.
Eis, em poucas páginas, a resposta ao irmão ateu. Cultive as virtudes
humanas (o amor à verdade, a honestidade, a veracidade, a fidelidade
aos compromissos…) e chegará a reconhecer a Deus, que não falta a quem
atende à sua palavra expressa pelos ditames da consciência sincera e
honesta.

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