quinta-feira, 3 de julho de 2025

Foi apresentado o novo formulário da Missa "pro custodia Creationis".

As leituras bíblicas para a celebração eucarística "pelo cuidado da criação" foram apresentadas na Sala de Imprensa da Santa Sé. Serão proferidas na quarta-feira pelo Papa Leão XIV em Castel Gandolfo, no Borgo Laudato si'. O Cardeal Czerny declarou: "Somos administradores daquilo que Deus nos confiou". O Arcebispo Viola afirmou que "a Terra precede-nos e foi-nos dada".

Foi apresentado o novo formulário da Missa "pro custodia Creationis".

Na Sala de Imprensa da Santa Sé

  

Na próxima quarta-feira, 9 de julho, Leão XIV presidirá a uma missa privada em Castel Gandolfo, no Borgo Laudato si', e utilizará pela primeira vez a nova forma de oração para a Missa "pelo cuidado da criação", apresentada hoje, quinta-feira, 3 de julho, na Sala de Imprensa da Santa Sé. Participaram no encontro com os jornalistas o Cardeal Jesuíta Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e o Arcebispo Franciscano Vittorio Francesco Viola, Secretário do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Uma iniciativa concebida durante o pontificado de Francisco

O formato — que, segundo os oradores, começou a ser desenvolvido durante o pontificado de Francisco, graças também a colaborações interdicasteriais — será acrescentado às Missae "pro variis necessitatibus vel ad diversa" do Missal Romano, que já contém 49 missas e orações para diversas necessidades e ocasiões: 20 relativas à Igreja, 17 a necessidades civis e 12 para diversas circunstâncias.

Dois aniversários significativos

O Cardeal Czerny explicou que os novos textos coincidem com dois aniversários importantes: a "Mensagem revolucionária para o Dia Mundial da Paz", assinada por São João Paulo II em 1990, intitulada "Paz com Deus Criador, Paz com toda a Criação"; e o décimo aniversário da encíclica Laudato si', publicada pelo Papa Francisco em 2015, que apela a uma "ecologia integral" em vez de uma "superficial ou aparente".

A criação no seio da liturgia católica

O cardeal realçou que "a criação não é um tema adicional, mas está sempre presente na liturgia católica". "A Eucaristia une o céu e a terra, abraça e penetra toda a criação. E quando é celebrada, todo o cosmos agradece a Deus". O novo formulário pretende, por isso, ser "um apoio litúrgico, espiritual e comunitário para o cuidado que todos devemos dedicar à natureza, a nossa casa comum".

Um apelo ao respeito e à responsabilidade

Czerny reiterou que este é "um grande ato de fé, esperança e caridade", um convite a "responder com cuidado e amor, com um crescente sentido de admiração, respeito e responsabilidade". "Somos todos chamados", acrescentou, "a sermos administradores fiéis daquilo que Deus nos confiou, tanto nas nossas escolhas diárias como nas políticas públicas, bem como na oração, na adoração e na nossa forma de viver no mundo".

Celebre a “nova criação” todos os domingos

Dom Viola recordou, por sua vez, que "a liturgia celebra o mistério da criação ao longo de todo o ano litúrgico": na Vigília Pascal, a primeira leitura é a narração da criação (Gn 1,1-2,2); nos sacramentos individuais, como o batismo, a água é benzida; e na Liturgia das Horas, "o tema da criação está bem presente". Além disso, na experiência cristã, "o domingo é antes de mais uma festa da Páscoa, iluminada pela glória de Cristo ressuscitado: é a celebração da 'nova criação'".

Consciência e custódia da criação

O secretário do Dicastério para o Culto Divino realçou que tudo isto "favorece uma crescente consciencialização da importância da salvaguarda da criação, cujo profundo significado se revela no Mistério Pascal que a celebração traz à luz". Hoje, "graças também aos ensinamentos do Papa Francisco, estamos mais conscientes de que estamos a enfrentar uma grave crise ecológica e ambiental".

Rogação e Quattuor Tempora

Viola acrescentou que as Missas de Rogação e os Quattuor Tempora — as quatro séries de três dias de jejum e abstinência no início de cada tempo — assumem um significado especial em relação à criação. A partir de agora, estas práticas "serão regulamentadas pelas Conferências Episcopais, tanto no calendário como na forma da sua celebração", para as adaptar às "diferentes situações locais e às necessidades dos fiéis".

Nós não somos Deus

O arcebispo insistiu na necessidade de assumirmos a nossa responsabilidade: "Não somos Deus. A Terra precede-nos e foi-nos dada. É urgente rejeitar a ideia de que, por termos sido criados à imagem de Deus e ordenados a subjugar a Terra, podemos exercer o domínio absoluto sobre outras criaturas." Ser guardião, explicou, "significa proteger, cuidar, preservar e zelar, numa relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a natureza." "Cada comunidade pode extrair da dádiva da Terra o que for necessário para a sua sobrevivência, mas também tem o dever de a proteger e garantir a sua fertilidade para as gerações futuras."

Pecado nas guerras e ataques à natureza

Hoje, denunciou Viola, "a harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi quebrada porque procurámos tomar o lugar de Deus, recusando-nos a reconhecer-nos como criaturas limitadas". O pecado manifesta-se "nas guerras, nas múltiplas formas de violência e abuso, no abandono dos mais vulneráveis ​​e nos ataques à natureza". Só uma experiência de reconciliação que restaure a comunhão com Deus e com os irmãos nos permitirá recuperar «a harmonia com todas as criaturas».

O conteúdo do Decreto

O Decreto do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos — aprovado por Leão XIV e datado de 8 de junho, Solenidade de Pentecostes — sublinha que "o mistério da criação", "sinal da benevolência do Senhor", "deve ser amado, guardado e estimado como um tesouro precioso e transmitido de geração em geração". Em resposta à ameaça atual decorrente da utilização irresponsável dos bens da criação, foi elaborado um formulário específico.

Orações e leituras bíblicas

O formulário inclui, por exemplo, uma oração coletiva pedindo ao Senhor que "guarde com amor a obra das suas mãos" e uma oração pós-comunhão para que "na espera dos novos céus e da nova terra, aprendamos a viver em harmonia com todas as criaturas".

Entre as leituras bíblicas sugeridas, do Antigo Testamento, sugere-se o Livro da Sabedoria (13,1-9), que critica aqueles que não reconhecem Deus nas suas obras; como os Salmos 18 (“Os céus proclamam a glória de Deus”) e 103 (“Alegra-te o Senhor em todas as suas criaturas”); e do Novo Testamento, uma passagem da Carta aos Colossenses (1,15-20): “Cristo Jesus é a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criação, porque n’Ele foram criadas todas as coisas”.

Duas passagens do Evangelho de Mateus

Por fim, são propostos dois textos do Evangelho de Mateus: no primeiro (6,24-34), Jesus convida-nos a olhar para as aves do céu e para as flores do campo como testemunho do cuidado providencial de Deus; no segundo (8,23-27), acalma os ventos e o mar, demonstrando o seu domínio sobre a criação.

 

Fonte - infocatolica


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