O reinado do Papa Francisco foi cheio de aparentes incongruências e até contradições.
Robert B. Greving
Muitas palavras poderiam descrever o pontificado de Francisco; para mim, a melhor é irônica. Vindo da Argentina, Jorge Bergoglio era considerado o outsider por excelência que traria outra onda de aggiornamento à Igreja; mas, em vez disso, parecia fechado nas ideias obsoletas do liberalismo. Criticava aqueles que considerava "querer voltar", mas essa era exatamente a crítica que muitos de nós tínhamos a ele. Ele simpatizava com todas as tradições religiosas, exceto a da sua própria fé.
Ele era tolerante com a dissidência dos ensinamentos da Igreja, mas permitia pouca dissidência dos seus, "conquistando" mais bispos, literal ou figurativamente, do que João Paulo II ou Bento XVI. O Papa Bento XVI certa vez lamentou que sua autoridade chegasse até a porta. Para Francisco, a "colegialidade" parecia ir até suas próprias opiniões.
Ele denunciava frequentemente o clericalismo, mas agia como se a participação na Igreja devesse ser medida pelo papel clerical. Não gostava de batinas, barretes e do título de "monsenhor", mas fazia questão de que todos soubessem quem era o papa. Citava a si mesmo como autoridade, e se "dubias" fossem levantadas, eram respondidas com silêncio.