Apresentamos a seguir o texto da monografia de pós-graduação em bioética do Prof. Hermes Rodrigues Nery, concluída em julho de 2010, feita na PUC do Rio de Janeiro, curso promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Pontifícia Academia para a Vida. Originalmente o texto foi publicado em "O possível e o Extraordinário".
Hermes Rodrigues Nery
Uma breve reflexão sobre o voto do ministro Carlos Ayres Brito, do Supremo Tribunal Federal, autorizando o uso de células-tronco embrionárias para fins de pesquisa científica e terapia no Brasil.
Desde 1827, com a publicação da obra epistolar De Ovi Mammalium et Hominis Genesis (Sobre o óvulo dos mamíferos e a origem do Homem), de Karl Ernst Von Baer (1792-1876), que a ciência tem comprovado o início da vida humana desde a fecundação. É uma constatação, portanto, científica, validada por outros experimentos do século 20, corroborada pelos avanços biotecnológicos obtidos por aqueles que investem na clonagem reprodutiva. Em caso de eficácia da clonagem humana, será preciso viabilizar as condições culturais para a aceitação daquilo que hoje é visto como horror, daí o trabalho a longo prazo promovido por “fortes correntes culturais, econômicas e políticas” 1, na desconstrução do conceito antropológico de natureza e pessoa humana; e na disseminação de uma mentalidade cada vez mais secularizada e eficientista (especialmente adversa à Cristandade), para se chegar a um grau menor de resistência à manipulação da vida. Por isso, tais forças convergem investimentos e ações sistematizadas no esforço de desmonte das estruturas civilizacionais do direito natural, e na arquitetura de uma engenharia social, tecnicamente planejada e controlada para um completo domínio da vida. Nesse sentido, assombra o perigo de um fundamentalismo cientificista, com a aplicação do conhecimento sem nenhum critério ético ou moral, mas apenas com fins hedonistas e utilitários, atendendo os interesses ideológicos de sistemas políticos totalitários (inclusive com roupagem democrática). Não se teme mais o furor da hybris, nada mais parece conter a libido sciendi. É Fausto que deseja a plenitude das satisfações terrenas. Im Anfang war die Tat! (“No começo era a Ação!” – Goethe, Faust, I) 2. Mas que ação, que quer ser, ela mesma, causa de si própria?
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http://fratresinunum.com/2011/02/05/um-silencio-de-morte-sobre-o-inicio-da-vida/
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