A mobilização dos leitores de Fratres in Unum que resultou, após grande relutância do ecumênico bispo diocesano de Santa Maria (RS), no cancelamento do empréstimo de sua Catedral para a realização da encenação de uma ordenação anglicana, reacendeu a ira — seguindo a tradição de Henrique VIII — dos tolerantes e abertos anglicanos contra a única e verdadeira Igreja de Cristo, a Católica Apostólica Romana.
Procurando lançar luz sobre o variável pensamento anglicano sobre o ecumenismo, cujo entendimento se molda à conveniência e às necessidades de maneira aproveitadora e oportunista, publicamos abaixo o verdadeiro “pensamento” anglicano sobre o “diálogo” com a Igreja Católica, lançado inicialmente no site da “Capela da Inclusão”, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, de Campo Grande, MS.
Esta série de comentários, sub-repticiamente retirada do ar, reunia os pareceres de expoentes do anglicanismo brasileiro, demonstrando que o tão propalado ecumenismo só é útil quando atendidos os anseios dos inimigos da Igreja, sendo, de fato, um mero instrumento com o qual procuram fazê-la renunciar sua doutrina e rejeitar todo o seu passado.
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Expoentes maiores do anglicanismo no Brasil destilam ódio contra
Igreja Católica.
A conveniência (ou oportunismo?) ecumênico fez com que os insultos fossem
rapidamente retirados do ar. Hoje os católicos são acusados de "violentos".
Como seria então qualificado este debate retirado do ar de maneira
sub-reptícia?
Ecumenismo com a Igreja Católica Romana ? Participe desse debate
16 de fevereiro de 2011 – originalmente publicado em http://paroquiadainclusao.com/site/2011/02/16/ecumenismo-com-a-igreja-romana/
A farsa do ecumenismo institucional envolvendo a Igreja Católica Romana continua.
Esta semana fomos informados pelo Rev. José de Deus Luongo, Presidente do Conselho Diocesano da Diocese Sul-Ocidental, sediada em Santa Maria (RS), o seguinte comunicado, que embora lamentável, ao menos tem mexido com os brios de alguns anglicanos que já se manifestaram em solidariedade àquela Diocese e ao novo bispo Francisco.
Leia abaixo o comunicado e os comentários já emitidos por algumas pessoas., inclusive o PDF com o estudo do Rev. José Luongo sobre dois recentes documentos de ROma, bem como o PDF com comentário do Rev. Calvani sobre o documento papal Anglicanorum coetibus, para recepção de anglicanos pela Igreja Romana.
Deixe seu comentário também no link abaixo.
Comunicado da Diocese Sul-Ocidental
Caros Irmãos em Cristo:
Pax nobis!
Lamentavelmente, a caminhada ecumênica é uma estrada difícil e pedregosa. Vejamos a ocorrência de um fato inusitado, que muito nos entristece. O Bispo Católico Romana da Diocese de Santa Maria, RS, Dom Hélio Adelar Rubert, cedeu (emprestou) a sua Catedral para a Sagração do Bispo Eleito da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Cônego Francisco de Assis Silva, uma vez que a nossa Catedral Anglicana, da mesma cidade, encontra-se em reforma.
A Ordenação e Sagração Episcopal está marcada para o dia 20 de março próximo. Todos os convites foram enviados para o clero anglicano, povo e autoridades. Na data aprazada haverá vários encontros nacionais e internacionais, inclusive, com os irmãos da província do Cone Sul (Uruguai).
Pasmem todos, menos de um mês da Sagração, Dom Hélio Rubert, inopinadamente, sem entrar em contato de modo oficial com o Bispo Primaz, com a Autoridade Eclesiástica da Diocese Sul-Ocidental, nem como o Bispo Eleito, simplesmente, vai até a Deã da Catedral Anglicana, acompanhado do seu Vigário Geral, e diz que não mais autorizará a sagração na sua Catedral, como já havia antes pactuado, porque a Igreja Anglicana ordena mulheres e gays.
As razões da recusa, sob a ótica anglicana não são pertinentes. Vejamos:
A ordenação de gays tem se dado na Província Anglicana dos EEUU, gerando um sério conflito em muitas partes da Comunhão Anglicana, inclusive, com possibilidade de cismas, como é do conhecimento geral.
Quanto à ordenação feminina tem sido uma grande bênção para nós anglicanos. As mulheres também participam da humanidade de Cristo, em todas as comunidades religiosas elas constituem as mais fiéis e a maioria do povo de Deus. Porque a discriminação de gênero numa sociedade que clama por igualdade de direitos humanos?
Para nós, é matéria já consensual na maioria das Províncias da Comunhão Anglicana, de que não existem sérias razões teológicas para vedar as Sagradas Ordens às mulheres, trata-se tão somente de uma vetusta tradição da Igreja. Frise-se, de que as razões levantadas para caçar a cadência da Catedral Romana não encontram nenhum suporte válido, já que quatro bispos anglicanos da IEAB foram sagrados em catedrais romanas nos últimos tempos, quando já havia padres gays nos EEUU e mulheres ordenadas na Igreja Anglicana.
Entendemos que os mecanismos que foram usados prestam um desserviço à causa ecumênica e humilha uma Igreja membro do CONIC, na véspera da Sagração de um de seus Bispos.
Que o Santo Espírito que move e anima Igreja nos dê um coração capaz de escutar e nos inspire cada vez mais para um diálogo amoroso e sincero!
Fraternalmente,
Cônego José de Deus Luongo da Silveira
Autoridade Eclesiástica Diocesana pro tempore
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Rev. Carlos Eduardo Calvani:
Expresso minha solidariedade ao novo Bispo Francisco, à sua esposa Talita e ao povo da Diocese Sul-Ocidental.
Porém, o que esperar da Igreja Romana???
Eles não ordenaram mulheres, mas até parece que nunca ordenaram um gay….
“…não é sobre esse monte ou em Jerusalém, porque os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade”
(João 4)
(João 4)
Já que o assunto se tornou de interesse de nossa grande família episcopal-anglicana e o email também foi enviado a mim, também quero dar minha opinião como clérigo e não como representante de qualquer instituição da IEAB ou mesmo do Distrito Missionário ao qual estou canonicamente jurisdicionado.
Concordo plenamente com tudo o que foi dito pelo Rev. Elias e com a sugestão do bispo Saulo – que se monte o altar e o presbitério na avenida, com hinos clássicos da comunhão anglicana e, se possível, com a presença de bispAS na sagração. Por que nos envergonhar?
A Catedral do Mediador durante muito tempo teve como lema, a frase: “Há um único Mediador entre Deus e os homens – Jesus Cristo”. E, de fato, e dele que aprendemos tudo o que vivemos e prezamos.
Também creio que está na hora de questionar a existência e continuidade do CONIC. Todos nós sabemos que a linha teológica imposta por João Paulo II nos últimos 30 anos é totalmente diferente daquela que animou os padres e bispos romanos que lutaram pelo CONIC e que, na época estavam comprometidos com a Teologia da Libertação, o CELAM e as lutas populares. Hoje a padraiada católica que está aí só quer saber de músicas melosas e sentimentais, e tremem de medo quando sabem que a Igreja Anglicana está com uma capela ou uma pastoral próxima a eles. A formação teológica católica está cada dia mais conservadora, na linha Ratzinger e hoje é bem mais fácil ter comunhão ecumênica com padres e bispos romanos idosos ou aposentados do que com os novos padres e seminaristas.
Participei durante um tempo da Comissão Teológica do CONIC, por nomeação do nosso Sínodo de 2006 e o que percebi nas reuniões foi o total domínio da Igreja Católica, como se ela mandasse no CONIC ou se tivesse poder de veto. O documento sobre reconhecimento batismal mútuo foi um parto a fórceps (principalmente no que diz respeito às consequências desse reconhecimento – e algumas propostas que fiz foram recebidas com risinhos descarados e safados).
Pior foi quando pediram opinião sobre temas de uma futura Campanha da Fraternidade Ecumênica. Sugeri imediatamente que o tema da pedofilia (que nunca foi abordado) era urgente. Os padres romanos deram um pulo na cadeira e um deles quase ficou histérico… Após a reunião solicitei ao Bispo Primaz que nomeasse outra pessoa para me substituir na comissão porque meu tempo e meus interesses são muito preciosos para ficar ouvindo bobeiras.
Aqui em Campo Grande, já fizemos questão de mostrar à ICAR e às outras Igrejas evangélicas porque estamos aqui – para construir comunidade com gente comum – divorciados, mães solteiras, GLS, etc, e não estou (estamos) nem aí com a opinião da ICAR porque nao dependemos deles. Não são eles quem pagam nossas contas de água, luz, telefone e combustível, nem compram nossas cadeiras.
Próximo à nossa Capela existe uma Paróquia Romana. No mês em que iniciamos nossas atividades fiz questão de marcar um horário para conversar com o padre e dizer que somos ecumênicos, que nao queremos tirar ninguém de suas igrejas, etc… ele me recebeu de modo muito frio e assustado e nem o ecumenimo de cafezinho aconteceu (aliás, nem água ofereceu…).
Em relação à nossa Pastoral da Diversidade Sexual aqui, após minha participação no Dia Internacional de Combate à AIDS e reportagem na Globo, recebi emails de evangélicos e católicos irados e indignados. Por parte da ICAR, nenhuma manifestação “oficial”, mas conversando com uma pessoa que tem livre acesso aos círculos de poder na Arquidiocese, ela me disse que o Arcebispo ficou irritadíssimo, temeu que nosso trabalho fosse confundido com as pastorais deles e pronunciou a seguinte frase: “O que os anglicanos vieram fazer aqui?”, como se a ICAR fosse dona dessa cidade. Parece que ainda vivem no saudosismo nostálgico dos tempos em que a Igreja Católica Romana era a Igreja “oficial”.
Estou aguardando a oportunidade de ouvir pessoalmente ou por escrito esse questionamento para dizer-lhe que dou graças a Deus por NÃO ser católico-romano e que a legitimidade de nosso ministério não depende de aprovação dele, nem de qualquer bispo ou do Papa ou de quem quer que seja que use mitra para abençoar os políticos e a elite que os sustenta.
Por isso concordo plenamente que está na hora de questionar nossa presença no CONIC. Particularmente, nao me envolvi na última “Campanha Ecumênica da Fraternidade” e me recuso a me envolver nas campanhas futuras, a não ser para agir como elemento crítico.
Se alguém acha que pode esperar algo melhor da ICAR, que espere…………………
Portanto, estou ao lado dos que já se pronunciaram – rev. Elias, Bispo Saulo, Rev. Fernando, Rev. Antonio Ryscak, e sou da opinião de que um pronunciamento oficial e institucional também deveria ser feito, sem meias palavras, pelas duas Câmaras.
Rev. Carlos Eduardo Calvani
clérigo do Distrito Missionário
clérigo do Distrito Missionário
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Rev. Elias Vergara (Goiânia, GO):
Ao Bispo eleito Francisco e sua esposa.
Ao povo da IEAB.
Presto também minha solidariedade ao nosso querido Rev. Francisco e sua esposa, diante deste ato de tamanha franqueza e verdade, por parte do Bispo da ICAR de Santa Maria. Eles não nos toleram mesmo! Não nos respeitam mesmo! E não nos consideram como irmãos mesmo! Porque então mantermos a hipocresia? Isso sim seria lamentavel…
Acho que apanhando aqui e ali estamos acordando para uma farsa que se mantem há décadas no Brasil: o ecumenismo institucional com a ICAR.
Meu Bispo, Dom Maurício de Andrade, há muito tempo conhece minha opinião e pensamento sobre a prática ecumênica que temos vivido a partir do CONIC. Tudo uma grande farsa! Não há um propósito verdadeiro de unidade e de respeito pelo diferente por parte da ICAR.
Acho que chegou o tempo da IEAB dizer a que veio no Brasil. Somos uma Igreja liberal sim! Casamos pessoas divorciadas sim, oferecemos eucaristia a todo o batizado sim, batizamos filhos de mães solteiras sim, ordenamos mulheres sim e ordenamos homossexuais também.
Somente nós no Brasil poderíamos ser uma Igreja Católica Alternativa e por que não somos???
Vivemos há décadas na sombra da ICAR, como que pedindo licença para sermos o que somos.
Acho que está na hora de revermos o nosso papel como anglicanos em terras brasileiras e verificar que ecumenismo corresponde ao chamamento de Jesus: “Para que todos sejam um”.
Quem sabe o Senhor da Igreja não está nos mostrando novos caminhos de testemunho evangélico, a partir deste episódio (e de tantos outros), lamentáveis, mas oportunos para que a IEAB ponha-se em profunda reflexão sobre os seus caminhos futuros de missão e companheirismo. Há um ditado antigo que diz: “Dize-me com quem andas, que te direi quem tu és!”
Gostei da idéia de uma grande sagração episcopal ao ar livre. Isso seria maravilhoso!
Abraços.
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Rev. Hugo Sanchez (Ariquemes, RO)
Ao nosso irmão Bispo Francisco à sua esposa, e a toda Diocese de Santa Maria.
Ao nosso irmão Bispo Francisco à sua esposa, e a toda Diocese de Santa Maria.
Faço minhas as palavras do Rev. Elias Vergara, e do Rev. Carlos Calvani, faz tempo que esta palavra ecumenismo com a ICAR, foi abolida de meu dicionário, e da minha prática pastoral, desde o ano 2000, a ICAR vem sistematicamente caluniando a nossa Igreja no Estado de Rondônia, o último acontecimento que considero grave foi no Inter Eclesial de Bases, onde nosso Bispo Almir não foi acolhido pelo Arcebispo de Porto Velho, o qual não queria que Dom Almir subisse ao palco para ser apresentado como Bispo, já que o Inter Eclesial é uma prática Católica.
Acredito ser uma perda de tempo e de esforço, continuar um dialogo hipócrita com a ICAR, eu convido a quem quiser vir ao Estado de Rondônia e ver quantos padres da ICAR, são homossexual, e quantos vivem em dupla vida saindo ás primeiras horas da manhã das casas de suas mulheres. Com certeza temos que financiar a nossa representação no CONIC, este dinheiro poderia ser usado na Missão da Igreja, visto que temos tantas necessidades não podemos desperdiçar o nosso dinheiro em hipocrisia.
Certo fizeram os nosso irmãos Metodistas, em não querer mais o dialogo com a ICAR, vamos reavaliar a nossa pratica ecumênica, sempre falei que nós parecemos uma filial da ICAR, isso tem que acabar. Aos irmãos e irmãs da Diocese de Santa Maria contem com a minha oração e da Paróquia Santíssima Trindade, que a ordenação do Bispo Francisco seja uma benção para toda a IEAB.
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Comentário de Dom Almir dos Santos (Bispo emérito)
ICAR será sempre ICAR, nada muda neste mundo papal, a não ser que sopre um forte vendaval do ESPIRITO SANTO. Rezemos por isso.
Sempre fui e me considero ecumênico, mas sempre sabendo com quem e por que fazer e praticar um ecumenismo de ação, de solidariedade e de respeito. Nos encontros ecumênicos que tenho participado procuro ser crítico e autêntico com minha fé anglo-católica. Assim convivi por alguns anos com o então arcebispo de Brasília Dom Falcão. Em Londrina na época com D. Fernandes na epóca da ditadura militar, quando fui acolhido na Catedral Romana para não ser preso novamente. Assim tem sido a minha caminhada ecumênica – não beijar a mão, mas procurar unir as mãos no que for necessário para o bem estar de nossas comunidades paroquias onde estivermos. Não precisamos das bênçãos dos papas e nem dos bispos, mas sim, da disposição dos padres e pastores locais com quem nos relacionamos e vivemos o nosso dia a dia das nossas sofridas comunidades.
Atualmente como Bispo Emérito, convivo bem com o pades local e com o Bispo da diocese romana em Caldas. Tenho concelebrado, pregado, feito romarias e participado da pastoral carcerária. Tudo isso com a presença do bispo romano e com o consentimento do meu bispo diocesano Dom Maurício. Confesso que me sinto a vontade e assim tenho participado de encontros de bispos em nivel nacional e internacional nestes últimos tempos, sempre sabendo que há bispos e bispos, por isso temos que ter o discernimento próprio para cada evento que participamos. Tenho feito minhas críticas; algumas não aceitas. Mas entendo que devemos nos representar e questionar quando possível. Nem tudo são rosas e nem tudo são espinhos. Creio que devemos ser sábios com os sábios e nos fazer ignorantes com os mesmos. Cada situação deve ser olhada e analisada com sabedoria e decidida com a ação do Espírito Santo. Não pela simples emoção.
Quanto ao CONIC deve ser repensado. Haverá uma Assembleia agora em março. Quem sabe nossa delegação toca fundo neste assunto? SEM RODEIOS. Quanto a Celebração faço coro de ser EM PRAÇA PÚBLICA, COM BANDA DE MÚSICA, CORAIS, MULHERES ORDENADAS. Quem sabe uma pregadora para a ocasião? Creio que Dom Jubal tem cacife para pedir a praça. Pois a praça é nossa, a praça é do povo.
No mais caros irmãos. Façamos a nossa parte. Peçamos a direção de Deus e Ele no mais tudo fará. Meu apoio e meu abraço a todos. Que Deus esteja iluminando o novo bispo em sua Sagração. Saúde e Paz .
do bispo emérito ALMIR/Caldas Novas
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Rev. Arc. Antonio Ryscak
Amados Irmãos e Irmãs
Graça e Paz
Reforço a afirmação de alguns no sentido de que nada pode diminuir, prejudicar ou influenciar de alguma forma negativa este abençoado momento de nossa Diocese Sul-Ocidental, inclusive a colocação de Dom Saulo me parece central, “quem sabe, vamos fechar a Av. Rio Branco, colocar um palanque no meio da praça e fazer um evento que a cidade de Santa Maria nunca esqueça”.
Deus nosso Senhor, vai nos guiar e inspirar no sentido de que seja uma festa muito abençoada.
De qualquer forma surge com esta atitude uma questão importante: Até que ponto o movimento ecumênico é verdadeiro? Até que ponto somos ecumênicos? Pois, o que já percebi inclusive na vivência pratica junto de alguns movimentos ecumênicos é que este em muitos casos é usado de forma de manter perto de si um possível “inimigo”, ou seja, eu faço parte do movimento ecumênico, me passo como ecumênico mas no sentido de estar acompanhando de perto as outras instituições religiosas, acompanhar suas atividades, seus projetos. Isso eu afirmo, a partir do que vi acontecer em uma realidade muito recente na minha área de atuação pastoral. Podemos dizer que isso é ecumenismo de fachada, pois quando se exige um passo além, uma ação concreta você pula fora, ou ainda, quando você percebe que será questionado, tirado da sua zona de conforto da mesma forma pula fora.
Podemos sim encontrar pessoas, lideranças que realmente partilhem de uma visão ecumênica, mas são casos muito isolados, que eu até agora vi muito pouco.
E reafirmo a colocação de que está na hora de repensarmos sim as nossas relações ecumênicas.
Que Cristo o Senhor da Igreja nos oriente na busca de uma vivência verdadeira dos seus ensinamentos.
Em Cristo
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Rev. Arc. Antônio Ryscak
Estudo do Rev. José Luongo da Silveira sobre Documentos romanos:
O MUNDO VISTO DE ROMA (Rev. José Luongo)
2a manifestação do Rev. Elias Vergara (Goiânia):
Colega José Luongo,
Parabenizo-o pela sua brilhante reflexão sobre Sacramentum Caritatis e Anglicanorum Coetibus.
Fico pensando que a atitude tomada pela Câmara dos Bispos Metodistas, há alguns anos atrás, quando decidiram NÃO mais participar de qualquer instituição ecumênica, onde a ICAR estivesse presente, não foi aprofundada devidamente, nem por nós anglicanos e nem pelo próprio CONIC.
Lembro-me que eu estava na Comissão da CF2005, quando a notícia do desligamento da Igreja Metodista chegou ao CONIC. Pe. Gabriele (filho da CNBB) leu a carta Metodista com desprezo e ironia, tentando fazer valer a idéia de que a decisão Metodista era resultado da predominância carismática no poder decisório daquela Igreja.
Eu então perguntei: Nós (a comissão da CF 2005) não vamos refletir sobre “todas” as razões que envolvem esta decisão da Igreja Metodista? Por que a ICAR é apontada como a contradição do Ecumenismo? … Mas infelizmente (assim como no caso do Rev. Calvani) também minha voz foi ignorada.
A gente fica achando que estes documentos emitidos pela sua santidade, o papa, não têm implicações nas nossas relações de cooperação do cotidiano. Mas não podemos nos esquecer que para a ICAR, documento do papa, vale tanto quanto os documentos bíblicos – possuem valor de fé!
Por isso Rev. Luongo, seu trabalho é muito relevante e precisa ser divulgado para toda a IEAB. Você não é ofensivo e nem toma uma posição de ruptura, apenas demonstra a ofensividade e o desejo de manutenção da ruptura, vinda dos documentos de Roma.
Acho que estamos acordando………. Bendita AURORA que nos está chegando no advento da sagração do Bispo Francisco de Assis.
Alíás, foi pela vida e testemunho de um “Francisco” que a Igreja de Cristo sofreu uma profunda reforma. Não custa a gente se perguntar: Onde está a Igreja dos pobres, dos oprimidos, dos excluídos, dos marginalizados, dos que tem fome e sede de justiça? Onde está a igreja que claramente pactue com a defesa da natureza, onde todos os seres vivos, o sol e a lua possam voltar a ser nossos irmãos? Onde está a Igreja que publicamente e em todas as suas ações pastorais defenda a Carta Magna dos Direitos Humanos e de todas as declarações universais dela derivadas?
Acho que a ruptura que estamos começando a ver é mais para além das questões de gênero e de sexualidade. Estamos diante de uma ruptura em função do horizonte evangélico. Milton Schwantes nos dizia há muitos anos atrás: “Haverá um tempo em que teremos somente duas Igrejas: A Igreja ecumênica e as demais igrejas”. Acho que é importante e urgente que possamos clarear, onde é que nós da IEAB estamos???
Tenho proposto a discussão e a prática por um outro ecumenismo. Este se dá a partir das pessoas que acreditam na unidade e nos princípios fundantes do Evangelho de amor e de solidariedade de Jesus. Postulo também por outro movimento no Brasil, do qual a Igreja Anglicana tem sido protagonista em tantos outros países: trata-se da experiência das IGREJAS UNIDAS. Temos pelo menos uma meia dúzia de Igrejas pequenas oriundas da reforma e que sozinhas nunca terão condições de fazer a diferença nesta cultura brasileira. Que belo testemunho os cristãos destas Igrejas poderiam dar se aceitassem o desafio de unir forças em torno do projeto da Igreja Unida! Poderíamos começar com a união da Igreja Anglicana e Luterana (IECLB). Cada uma mantendo a sua característica e identidade, mas sob um projeto maior: O projeto da Igreja Unida. Neste projeto teríamos como horizonte o Evangelho do Cristo Libertador e na prática teríamos ações pastorais comuns, poderíamos também compartilhar tempos (que na maioria dos casos são tão ociosos), compartilhar mão de obra, compartilhar recursos.
Enfim fica aí minha provocação!
E como dizia meu avô Olavo: Vamos ver que bem virá deste mal !
* * *
Artigos do Rev. Calvani sobre ecumenismo:
Pezinho pra frente pezinho pra tras (fevereiro de 2000)
Obrigado Bento XVI (novembro de 2009)
Comentário do Rev. Ives Vergara, ost :
Car@s Colegas em Cristo,
Paz e Bem!
Tenho lido com atenção todas as manifestações, a partir da informação que nos foi trazida pelo Revdo. Luongo.
-Em primeiro lugar minha solidariedade ao Revdo. Francisco e Talita, assim como a todo o povo da Diocese Sul Ocidental.
- E diante do ocorrido penso que a própria Diocese Sul Ocidental, neste momento, e o episcopado do Revdo. Francisco, em um futuro próximo, possam aproveitar esta situação para marcarem posição na sociedade. Deixando cada vez mais claro nosso ethos, nossa busca constante pela inclusividade e nossa coragem de enfrentar, e não esconder embaixo do tapete, situações do nosso tempo, como a ordenações de mulheres, de gays, de lésbicas, assim como o casamento de divorciados e quem sabe num futuro também de casais homoafetivos. Mas também nosso jeito de debater estes assuntos, de tomar decisões e de partilhar o poder. São marcas das quais devemos sim ter orgulho. Assim sendo, acredito que deste ”limão podemos fazer uma limonada” (dito popular). Ou seja, fazer algo ainda mais forte e belo na cidade de Sta Maria, por ocasião da Sagração do novo Bispo. Demarcando na sociedade nosso jeito e convidando os desconformados da própria ICAR a estar conosco, seja em praça pública, seja em algum ginásio. Se deixar abater por este fato, jamais. Divulgar na mídia o ocorrido e abrir um debate com a sociedade, marcar posição e convidar o povo a opinar. Temos alegria nos avanços que tivemos, abater-se seria dar razão ao conservadorismo e arrogância romana.
- Em outro aspecto lendo os argumentos à respeito da questão ecumênica, tirando as paixões, mas considerando seriamente a importância e profundidade do que ali é expresso, entendo que é realmente um momento oportuno para questionarmos o que o ecumenismo com os romanos tem trazido a nossa igreja e a todo o movimento ecumênico brasileiro. O que, como igrejas ligadas ao CONIC, temos apresentado à sociedade brasileira? O que temos testemunhado ou profetizado nestes tempos?
- Por onde anda e para que serve a Comissão Bi-Lateral Anglicana -Católica Romana, se ainda acontece algo tão primitivo e unilateral como a atitude deste bispo insano, pois já havia anteriormente concordado?
- Em março teremos Assembléia Geral do CONIC, momento importante e oportuno para um debate deste porte. Lembrando que temos vários membros na estrutura do CONIC: nosso primaz no Conselho Curador, Dom Filadelfo como vice-presidente, a Sra. Lídia Crespo, como tesoureira, Revdo. Luiz Alberto, como secretário executivo e eu como Presidente do Conselho Fiscal, ou seja se mesmo com este´nível de presença e compromisso anglicano com o ecumenismo não somos respeitados para que serve nosso esforço? E qual é realmente o compromisso e esforço romano pelo ecumenismo brasileiro? Serve mais para emperrar ou impulsionar o ecumenismo a presença romana no CONIC e em outras instituições ecumênicas em nosso país?
Por fim afirmo-lhes que isto que aqui expresso é um posição pessoal e um exercício do livre pensar entre colegas, e também não ligado a qualquer cargo ou função atualmente por mim ocupado. Mas certamente estes cargos e funções ajudam e amadurecem profundamente a reflexão.
Em Cristo, humilde e respeitosamente vosso irmão
+ Ives Vergara Nunes, ost
Presidente do Conselho Diocesano da DM
Coordenador do SENHA – SErviço Ecumênico de Novo Hamburgo (RS)
Presidente do Conselho Fiscal do CONIC
Presidente do Conselho Diocesano da DM
Coordenador do SENHA – SErviço Ecumênico de Novo Hamburgo (RS)
Presidente do Conselho Fiscal do CONIC
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Revda. Dilce Paiva de Oliveira
Reitora da Paróquia Divino Semeador – Diocese Anglicana de Pelotas
Reitora da Paróquia Divino Semeador – Diocese Anglicana de Pelotas
Prezados colegas
Infelizmente esta atitude da ICAR não me causa grande espanto. Já há muito tempo tenho o sentimento de que o ecumenismo vivido por ALGUNS representantes da ICAR tem sido uma falsa bandeira que visa mostrar como eles são compassivos a participar de grupos e/ou eventos com os não católicos romanos. Para a ICAR só existem duas categorias eles, os “católicos”, e os não católicos, onde, como num saco, se coloca todas as outras denominações, ignorando origem, doutrina, historicidade e etc. Reconheço que realmente alguns padres e bispos procuram viver verdadeiramente o ecumenismo, mas não representam a postura da instituição em relação as demais instituições, e sim, um desejo pessoal e particular de uma nova visão de igreja e unidade do povo de Deus.
´Realmente a celebração realizada em um templo religioso tem muito mais sentido e parece preservar mais todo o ritual. Quando precisamos nos valoer de ginásios, as pessoas, de uma forma geral, perdem um pouco da postura eclesial. Mas, como escreveram alguns colegas, onde quer que estejamos nossa liturgia, música e cerimonial tem condições de apresentar uma bela sagração. Isto inclusive me faz pensar se não teríamos opções de outros templos, igualmente espaçosos, entre outras denominações, como luteranos, por exemplo, que poderiam ter esta posição de despojamento e acolhimento para com nossa Igreja?
Penso que não devemos tentar argumentar diante das colocações do Bispo da ICAR de Santa Maria quanto as ordenações de mulheres e homossexuais. Isto deve ser para nós motivo de orgulho, por seremos uma Igreja que reconhece em cada pessoa a capacidade de servir e amar a Deus. Precisamos assumir e justificar quem somos e porque este é o nosso jeito de ser. Temos a coragem de viver a nossa identidade, e não viver com hipocrisias tentando justificar a transferência de padres que não conseguem viver no celibato, e exigir dos leigos da igreja uma postura que seus líderes não são capazes de manter.
Assim como já foi afirmado por outros colegas, desejo que a IEAB possa, a partir deste triste fato, realmente refletir sobre o ecumenismo com a ICAR. Tenho certeza que toda esta discussão que foi levantada na IEAB deve ser um apoio ao Rev. Francisco, de que a sua sagração realmente é um assunto de enfase nacional e não apenas pessoal ou diocesana, e com certeza teremos condições de fazer uma bela celebração, onde quer que seja.
Fraternalmente
Revda. Dilce Paiva de Oliveira.
Reitora da Paróquia Divino Semeador – DAP
Revda. Dilce Paiva de Oliveira.
Reitora da Paróquia Divino Semeador – DAP
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Mazukielves Pereira (Goiânia, GO):
IGREJA ROMANA:
INCLUSIVA E ECUMÊNICA,
EXCLUSIVA MAS ECUMÊNICA OU
EXCLUDENTE MAS ECUMÊNICA?
Este episódio me fez relembrar meus tempos de seminarista (Romano)…
1999, Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília, numa sala de aula com 21 alunos…. O Padre lecionava história da Igreja…
Num determinado momento questionava-se a validade da ordenação ou sagração de sacerdotes e bispos não-romanos, então fiz a “infeliz” (hoje) feliz pergunta sobre a ordenação de mulheres(…) Fui automaticamente criticado pela maioria dos colegas (90%), sem contar que mais tarde 90% destes estariam fora do seminário casados e outros assumiriam sua homoafetividade. Já naquele tempo se realizava a chamada “Semana da Unidade” realizada na catedral Nacional (ICAR), junto com várias denominações religiosas, maioria Cristã. Sacerdotes (homens e mulheres), pastores, padres e bispos rezavam pela unidade dos cristãos… (ou como já se percebe, pela unidade com a igreja de Roma). Homens e mulheres com clergyman, uns com estolas “imitando os romanos” (pensava eu…). Lamentavelmente, já nos seminários romanos se cria nos seminaristas o conceito de que a Igreja de Roma é a “verdadeira igreja” e as demais “filhos pródigos” que em breve voltariam para a mãe. O ecumenismo da ICAR é simplesmente para ficar em panfletos, pois na prática não é verdadeiro. Não existe respeito. Não existe fraternidade. Gostaria que fosse exagero, mas não é.
Concordo plenamente com nossos reverendos sobre a ordenação de nosso Bispo Xico ser em praça pública, sem templo feitos de tijolo e telha, pois somos o templo de que Jesus tanto falou. Nossa Igreja não precisa de templo para levar o evangelho, precisa sim de gente que tem coragem de gritar isso ao mundo. Hoje sou anglicano por me sentir acolhido pelo que eu sou. Sem preconceitos, sem discriminações (Tiago 2, 8). Desejaria que mais pessoas conhecessem a IEAB, sua forma de evangelizar, de acolher pessoas como Jesus fez.
Sobre a ordenação de mulheres e gays é pura e simples hipocrisia. Coitada da Igreja romana se houvesse uma conscientização acerca da importância da mulher e sua participação direta… Pesquisas mostram que as mulheres compõem 70% dos bancos das igrejas. O que seria dos seminários sem freiras? O que seria das instituições educacionais católicas e creches sem as freiras?
O que seria da Igreja Romana sem as freiras atuando como secretarias e às vezes como “cozinheiras, lavadeiras e passadeiras” de padres e bispos? Acho que as mulheres católicas deveriam fazer boicote ao machismo imposto como sacramento. Como fazer isso? Resposta: Convidando-as para virem para nossa Igreja, onde serão tratadas com igualdade e respeito.
Agora usar a homossexualidade como pretexto de impor uma “falha” na moral da IEAB é pura hipocrisia farisaica. Conheço muitos padres romanos, quase todos eles são homossexuais… então de onde vem o preconceito? Dos bispos? Mas não são eles que ordenam seus seminaristas? Se a homossexualidade fosse algo tão ruim na Igreja romana então porque ela não demite 90% de seus padres? Desejo então que 90% de seus padres procurem seus caminhos construam Igrejas próprias ou venham para a IEAB onde a sexualidade humana é respeitada com base nos direitos humanos e na inclusividade que Jesus tanto falava.
Eu comentava há um tempo atrás com o Rev. Elias Vergara, meu Pároco, sobre a necessidade de um pequeno distanciamento da IEAB com a ICAR, devido “à semelhança” litúrgica que as duas possuem. Além disso, os católicos que não querem mais pertencer ao grupo dos católico-romanos nos procuram por gostar de nosso “JEITO DE SER ANGLICANO” e aqui se completam e nos completam. Amei uma frase que dizia: “SEJA HUMANO, SEJA ANGLICANO”, sendo humano e anglicano é oportuno o momento de dizer que não abrimos mão de qualidades Anglicanas, sendo elas: amar nossos irmãos e irmãs independentes de sexo ou orientação sexual.
Espero que a IEAB proponha uma nova conduta do CONIC como conselho Nacional de Igrejas Cristãs e não como propriedade da ICAR. Se for o caso, proponho que a IEAB crie um orgão “Verdadeiramente Ecumênico” caso não seja ouvida todas as queixas contra a ICAR.
Somos uma Igreja inclusiva e me orgulho em fazer parte dela, pois acredito que a verdadeira igreja de Cristo não exclui. Nem é exclusiva e sim Inclusiva.
Não sou sacerdote anglicano e por acaso li esta “corrente do bem” pelo respeito e igualdade, também me sinto feliz de poder expressar minha opinião e indignação guardada há tempos na garganta em relação à ordenação de mulheres ou gays…
Mazukielves Pereira,
PASTORAL DA DIVERSIDADE SEXUAL, Goiânia, Goiás.