"Ora,
esta unidade da fé no mundo inteiro não existe mais, não existe mais
catolicidade. Existem tantas igrejas católicas quantos bispos e
dioceses. Cada um possui sua maneira de ver, de pensar, de pregar, de
passar o catecismo. Não existe mais catolicidade". (Mons. Marcel
Lefebvre, A Visibilidade da Igreja e a Situação Atual, Le Sel de la
Terre, de 2002)
"E
a pergunta deixava clara a tragédia causada pelo Vaticano II: depois
desse Concílio surgiram tantas divisões entre os católicos, nasceram
tantos tipos diferentes e tantos modos diversos de ser católico, que a
definição normal já não diz nada para as pessoas comuns. Ficou
necessário acrescentar um outro adjetivo à expressão da única religião e
da única fé verdadeiras. E o acréscimo necessário para se definir qual a
religião católica que se tem, demonstra que se perdeu a unidade da Fé".
(Orlando Fedeli, Concílio Vaticano II: Unidade e divisão)
Por Nelson Sarmento
Outro
ponto da doutrina católica que os tradicionalistas e sedevacantistas
fazem vistas grossas é a nota de unidade (de fé) da Igreja ou
infalibilidade passiva da Igreja. Eles tendem a dizer que a totalidade
moral dos fiéis, sem pertinácia, passou a acreditar em doutrinas que
contradizem dogmas definidos no passado. O que, no entanto, é uma
negação da infalibilidade da Igreja universal e é o mesmo que dizer que a
Igreja deixou de ser una na fé.
Sobre a unidade de fé material da Igreja
Os
credos dos concílios ecumênicos professam que a Igreja de Cristo é una.
Os teólogos explicam que a Igreja de Cristo há de ser una quanto ao
governo, culto e fé. A unidade da fé, por sua vez, possui dois aspectos.
Ela consiste na unidade formal e material. A unidade formal quer dizer
que todos os católicos estão dispostos a aceitar as verdades que forem
definidas pelo Magistério eclesiástico. A unidade de fé material, no
entanto, quer dizer que todos os católicos difundidos no mundo acreditam
e professam (externamente) os mesmos dogmas, ao menos de maneira
implícita. É justamente esse último aspecto que os tradicionalistas e
sedevacantistas ignoram ao dizer que a maioria dos fiéis está crendo
(sem pertinácia) em heresias.