terça-feira, 19 de julho de 2011

Excomungado bispo chinês ordenado sem mandato

Santa Sé reconhece “resistência” de bispos e católicos no país
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 18 de julho de 2011 (ZENIT.org) – O bispo chinês que recebeu a ordenação episcopal sem o mandato do Papa, por imposição das autoridades locais, foi automaticamente excomungado, segundo esclareceu uma declaração emitida pela Santa Sé.
O comunicado também elogia a “resistência” que bispos, sacerdotes, religiosos e leigos estão opondo diante das medidas coercitivas das autoridades chinesas para obrigá-los a rebelar-se à autoridade espiritual do Bispo de Roma.
A declaração vaticana, emitida no último sábado, esclarece a situação canônica do reverendo Joseph Huang Bingzhang, ordenado bispo de Shantou (Guangdong), em 14 de julho, por imposição da Associação Patriótica Católica, uma organização reconhecida e promovida pelas autoridades comunistas que busca criar uma espécie de igreja paralela na China.

O comunicado vaticano esclarece que, dado que a ordenação episcopal aconteceu “sem o preceptivo mandato pontifício”, é “ilegal”, motivo pelo qual o bispo “incorreu nas penas estabelecidas pelo cânon 1382 do Código de Direito Canônico”.
Esse cânon explica que “o bispo que confere a alguém a consagração episcopal sem mandato pontifício, assim como o que recebe dele a consagração, incorre em excomunhão latae sentenciae”, isto é, incorre automaticamente nela quem comete o delito.
Por este motivo, o comunicado vaticano sublinha que “a Santa Sé não o reconhece como bispo da diocese de Shantou, e não tem autoridade para governar a comunidade católica diocesana”.
O Vaticano explica que “o reverendoHuang Bingzhang foi informado há muito tempo de que sua candidatura não pôde ser aprovada pela Santa Sé para aceder ao ministério episcopal de Shantou, já que esta diocese conta com bispo legítimo, de modo que se pediu ao reverendo Huang que não aceitasse a ordenação episcopal”.
Segundo referiram à agência Asianews testemunhas oculares da ordenação sacerdotal, que ocorreu na catedral de Shantou, presidida por Dom Fang Xinyao, bispo de Linyi, presidente da Associação Patriótica, 8 bispos em comunhão com o Papa foram sequestrados pela polícia e obrigados a participar do ato.
Resistência” católica
Dom Paul Pei Junmin, bispo de Liaoning, em comunhão com o Papa e reconhecido pelo governo, conseguiu não participar graças a que sacerdotes da sua diocese rodearam sua residência, na qual o bispo se fechou para evitar a deportação.
Diante de casos como este, a Santa Sé reconhece que alguns dos bispos “haviam expressado sua vontade de não participar desta ilegal ordenação episcopal e que, apesar das intimidações, resistiram-se a participar dela”.
“No que se refere a esta resistência, é justo destacar que tal ato é meritório diante de Deus e inspira apreço em toda a Igreja. A própria consideração se aplica também aos sacerdotes, pessoas consagradas e aos cristãos que defenderam seus pastores, acompanhando-os nestes difíceis momentos mediante a oração e compartilhando seu íntimo sofrimento”, afirma o comunicado vaticano.
A ordenação episcopal em Shantou foi a terceira sem mandato pontifício realizada nos últimos meses na China, após as celebradas em Chengde (20 de novembro de 2010) e Leshan (29 de junho de 2011).
Dor do Papa
O comunicado vaticano “reafirma o direito dos católicos de agir livremente, seguindo sua consciência e a fidelidade ao Sucessor de Pedro, em comunhão com a Igreja universal”.
Por último, informa que Bento XVI “se entristeceu ao ver como se trata a Igreja na China e espera que se possa superar quanto antes as dificuldades atuais”.

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