Uma iniciativa de dom Augustin Di Noia |
Por Anita Sanchez Bourdin
ROMA, 21 de Janeiro de 2013 (Zenit.org) - Por iniciativa pessoal, dom Augustin Di Noia tenta relançar o diálogo de Roma com a Fraternidade de São Pio X. O dominicano estadunidense, desde junho de 2012, é vice-presidente da Comissão Ecclesia Dei, interface de diálogo entre a Igreja católica e os discípulos de dom Marcel Lefebvre. A comissão depende da Congregação para a Doutrina da Fé. O prelado acaba de enviar uma carta a dom Bernard Fellay, superior, e a cada sacerdote da Fraternidade.
ROMA, 21 de Janeiro de 2013 (Zenit.org) - Por iniciativa pessoal, dom Augustin Di Noia tenta relançar o diálogo de Roma com a Fraternidade de São Pio X. O dominicano estadunidense, desde junho de 2012, é vice-presidente da Comissão Ecclesia Dei, interface de diálogo entre a Igreja católica e os discípulos de dom Marcel Lefebvre. A comissão depende da Congregação para a Doutrina da Fé. O prelado acaba de enviar uma carta a dom Bernard Fellay, superior, e a cada sacerdote da Fraternidade.
Canais informativos
ligados à Fraternidade afirmam que Roma defende a interpretação do
concílio Vaticano II mediante uma hermenêutica de “continuidade” com a
tradição. Mas a Fraternidade considera que certos documentos conciliares
são errôneos, em particular no tocante ao diálogo inter-religioso e ao
ecumenismo.
Com o “bloqueio” do diálogo ecumênico, dom Di Noia propõe um enfoque
espiritual, convidando a Fraternidade a um exame de consciência com
palavras-chave como humildade, doçura, paciência e caridade, por
exemplo.
Roma espera, conforme a carta, a resposta de dom Fellay ao documento que lhe foi enviado em 14 de junho. Para sair do impasse provocado pela ausência de retorno,
ele propõe que a Fraternidade reencontre o “carisma positivo” do seu
início, em Friburgo e Écône: uma tentativa de reforma por meio da
formação dos sacerdotes e da missão.
Di Noia recomenda ainda evitar o recurso aos meios de comunicação –a
Assessoria de Imprensa da Santa Sé não publicou nada sobre esta carta–, e
a prática de um “magistério paralelo”. O ideal seria valorizar as
objeções de maneira “construtiva” e fundamentá-las em uma teologia
“profunda”.
O prelado menciona a instrução do cardeal Joseph Ratzinger Donum veritatis sobre
“a vocação eclesial do teólogo”, de 24 de maio de 1990, que propõe esta
definição de teólogo: “tem a função especial de conseguir, em comunhão
com o magistério, uma compreensão cada vez mais profunda da Palavra de
Deus contida na Escritura, inspirada e transmitida pela tradição viva da
Igreja”. O documento recorda também a autoridade do magistério: “em seu
compromisso no serviço da verdade, o teólogo deverá, para permanecer
fiel à sua função, levar em conta a missão própria do magistério e
colaborar com ele”.
Após a exclusão de dom Richard Williamson, anunciada em 24 de outubro
de 2012, a Fraternidade de São Pio X parece ter sofrido divisões
internas. Dom Fellay seria partidário de manter o diálogo. A situação da
Fraternidade –cujos responsáveis não estão mais excomungados, mas ainda
não estão integrados à Igreja católica- é insustentável no longo prazo,
de acordo com a avaliação de observadores.
A carta de dom Di Noia parece enviar uma mensagem realista: a
comissão vaticana não deseja que a mão estendida por Bento XVI se torne
uma ocasião perdida, já que as negociações não deverão ser eternas.
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