Por Álvaro de Juana
Um grupo de jovens presentes na audiência geral de hoje na Praça de São Pedro. Foto Petrik Bohumil / ACI Prensa
29 Abr. 15
VATICANO, (ACI/EWTN Noticias).-
Na
sua catequese desta quarta-feira, na Praça de São Pedro em Roma, o Papa
Francisco relembrou alguns problemas e desafios que a família enfrenta
atualmente e tratou o tema do matrimônio à luz o episódio evangélico das
bodas de Caná. Na sua alocução o Papa respondeu à pergunta: “Por que os
jovens não querem casar-se e preferem a convivência?”
Nas Bodas de Caná, “Jesus não só participou daquele matrimônio, mas
‘salvou a festa’ com o milagre do vinho!”, destacou o Pontífice. Este
foi o “primeiro dos seus sinais prodigiosos, onde Ele revelou sua
glória, durante um casamento, e foi um gesto de grande reverencia por
esta família que começava, solicitado pelo afã materno de Maria”.
Deixando o texto que tinha preparado para sua catequese, o Papa
improvisou: “E isto nos faz recordar o livro do Gênesis, quando Deus
termina a obra da criação e realiza sua obra-prima; a obra-prima é o
homem e a mulher. E aqui Jesus começa os seus milagres com esta
obra-prima, em um casamento, em uma festa de núpcias: um homem e uma
mulher. Assim, Jesus nos ensina que a obra-prima da sociedade é a
família: o homem e a mulher que se amam!".
O Pontífice reconheceu que desde a época das bodas em Caná até hoje,
muita coisa mudou, “mas esse sinal de Cristo contém uma mensagem sempre
válida”.
“Hoje em dia não é fácil falar do matrimônio como uma festa que é renovada com o passar dos anos, nas diversas fases da vida dos cônjuges”.
“É um fato que, hoje, as pessoas que se casam são a minoria”, ressaltou o Papa Francisco.
“Em muitos países aumentou o número de separações, e diminuiu a
quantidade de filhos. A dificuldade de permanecer juntos –seja como
casal ou como família– leva a romper as uniões sempre com maior
frequência e rapidez, e os filhos são os primeiros a sofrer as
consequências de uma separação”, acrescentou o Santo Padre.
O Papa assinalou: “Se você experimenta, desde pequeno, que o casamento é
um laço ‘por tempo determinado’, inconscientemente para você será
assim. Na verdade, muitos jovens são levados a renunciar ao projeto para
si mesmo de um laço irrevogável e de uma família duradoura”. Acredito
que devemos refletir com seriedade sobre por que tantos jovens 'não
sentem vontade de casar-se'”.
O Pontífice atribuiu esta situação à ““cultura do provisório”; tudo é provisório, parece que nada é definitivo”.
Essa realidade dos jovens que não querem se casar constitui, segundo o
Santo Padre, uma das maiores preocupações dos tempos atuais. “Por que
frequentemente as pessoas preferem conviver, e muitas vezes com uma
'responsabilidade limitada’? Por que muitos –também entre os batizados–
têm pouca confiança no matrimônio e na família?”.
“É importante procurar compreender isto, se quisermos que os jovens
possam encontrar o caminho certo a ser percorrido. Por que não confiam
na família? Para o Pontífice, “as dificuldades financeiras não são o
único motivo. Há quem cite como provável causa a emancipação da
mulher.”.
O Papa também assegurou: “Na verdade, quase todos os homens e as
mulheres desejam uma segurança afetiva estável, um matrimônio sólido e
uma família feliz”.
“A família é o principal valor de todos os níveis de satisfação entre os
jovens; mas, por medo a equivocar-se, muitos não querem pensar no
matrimônio; embora sejam cristãos não pensam no matrimônio sacramental,
sinal único e exclusivo da aliança, que se transforma em testemunho da
fé. “Talvez justamente esse medo de errar seja o maior obstáculo para
acolher a Palavra de Cristo, que promete a Sua graça à união conjugal e à
família”.
O Papa destacou também que “o testemunho mais persuasivo da bênção do
matrimônio cristão é a vida boa dos esposos cristãos e da família. Não
existe maneira melhor de explicar a beleza do sacramento!”.
“O matrimônio consagrado por Deus cuida desta união entre o homem e a
mulher que Deus abençoou até o fim da criação do mundo; e que é fonte de
paz e de bem para a vida conjugal e familiar”.
Francisco manifestou: “A semente cristã da radical igualdade entre os
cônjuges deve levar hoje novos frutos. O testemunho da dignidade social
do matrimônio se transformará em persuasivo através deste caminho, o
caminho do testemunho que atrai. A vida da reciprocidade entre eles, da
complementariedade”.
“Por isso, como cristãos, devemos ser mais exigentes com respeito ao
matrimônio. Por exemplo: apoiar com decisão o direito a uma retribuição
igualitária pelo mesmo trabalho; a desigualdade é um escândalo!”,
afirmou.
Além disso exortou a “reconhecer como riqueza sempre válida a
maternidade das mulheres e a paternidade dos homens, beneficiando
especialmente as crianças.
Antes de concluir, o Papa pediu a todos os fiéis que não tenham medo de
convidar Jesus à nossa “festa das bodas”. “Não tenhamos medo de convidar
a Jesus à nossa casa para que esteja conosco e cuide da nossa família, e
também sua Mãe Maria!”.
“Os cristãos, quando se casam ‘no Senhor’, são transformados em sinal
eficaz do amor de Deus. Os cristãos não se casam somente para si:
casam-se no Senhor em favor de toda a comunidade, de toda a sociedade”,
concluiu Francisco, anunciando que, na catequese da próxima semana, dará
continuidade à reflexão sobre a beleza da vocação do matrimônio
cristão.
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