[domtotal]
Por Dom Fernando Arêas Rifan*
O mundo “quer pautar a fé dos católicos,
inventando um Papa que não existe”, disse há pouco, com razão, Dom
Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
Notícias distorcidas, tais como, “o aborto agora é um pecado menos
grave, já que o Papa permitiu, no Ano da Misericórdia, a todos os padres
do mundo conceder o perdão a quem o comete”. Distorção! O aborto
continua sendo um pecado gravíssimo, não houve atenuação, mas apenas a
extensão a todos os padres da concessão do perdão, antes reservado aos
Bispos, a quem estiver sinceramente arrependido desse grave pecado.
Outra distorção: “o Papa facilitou a anulação dos casamentos”. Na
verdade, o Papa tomou medidas para agilizar os processos de declaração
de nulidade. O casamento continua indissolúvel. A declaração de
nulidade, que não é anulação, é para “casamentos” que nunca existiram. O
Papa não pode mudar a doutrina católica, nem mudou nada sobre a
indissolubilidade do Matrimônio.
E assim outras distorções veiculadas, tais como se o Papa agora
aprovasse o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou desse seu aval aos
atos de homossexualidade.
A meia verdade é pior do que a mentira, pois ilude mais e se baseia
em palavras tiradas do contexto e mal interpretadas. Muitas vezes os
meios de comunicação espalham notícias a respeito do Papa e da Igreja,
que, na verdade, são criadas pelos lobbies laicistas e anticatólicos. E
nós, católicos, por mais chocados que fiquemos atualmente com a
disseminação de doutrinas espúrias, abusos e profanações, não devemos
fazer coro com os inimigos da Igreja, nem perder a nossa fé e confiança
nela, confundindo-a com os seus membros, muitas vezes cheios de falhas.
Impressionaram-me sobremaneira as afirmações de Leonardo Boff, com
quem evidentemente não compartilho a posição doutrinária. Ele, em
entrevista neste mês à BBC Mundo, afirmou: “A doutrina católica é uma
invenção de teólogos. Cada época elabora sua teologia. Porém, há valores
que marcam uma ruptura. Ou seja, aqui começa algo novo. E este Papa
vive essa ruptura... A permissão temporal concedida pelo Papa Francisco
para que os sacerdotes perdoem mulheres que tenham abortado é abrir uma
porta. E uma vez aberta a porta, já não se fecha. O Papa está
inaugurando outro tipo de Igreja, adequada à globalização”.
Sempre foi assim: “Os fariseus saíram e fizeram um plano para apanhar
Jesus em alguma palavra” (Mt 22, 15). Eram a “mídia” daquele tempo.
Viviam à cata de qualquer palavra de Jesus, que pudesse ser interpretada
no mal sentido ou distorcida, para acusa-lo depois e semear a divisão.
Mas Jesus é Deus e não falhava.
Por isso, nós pregadores e formadores, devemos ter cuidado com nossas
palavras para não sermos ocasião de críticas e distorções dos inimigos
da Igreja, externos e internos. Pastoral ao lado da Teologia,
Misericórdia e bondade com fidelidade à doutrina: “A misericórdia e a
verdade se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” (Salmo 84).
CNBB 16-09-2015.
*Dom Fernando Arêas Rifan é bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.
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