INTRODUÇÃO
Ainda que frequentemente, católicos e ortodoxos sejam atacados por outros segmentos “cristãos” no que se refere à devoção mariana taxando-nos de “idólatras”, poucos sabem que o culto a Mãe de Deus não é fenômeno atual e tão pouco, iniciou com a liberdade religiosa concedida pelo imperador Constantino no ano 313 através do Edito de Milão. A veneração a virgem Maria é produto sagrado da fé cristã, conteúdo básico para todo aquele que declara que Jesus Cristo é seu único e suficiente salvador.Entretanto, a grande questão sempre girará em torno do que Maria Santíssima representa para a fé católica. Ao analisar o conteúdo bíblico que está ligado diretamente a uma mariologia pura e verdadeira, encontramos uma simbologia grandiosa entre a mãe do Senhor e a Arca da Aliança, objeto esse de grande veneração do povo judeu. Para um hebreu, a “arca da aliança” tinha uma representatividade tão grande perante a fé que, havia até mesmo a crença de que o objeto (que possuía imagens) poderia salvá-los das mãos de seus inimigos (1 Sm 4,3). A peculiaridade de tal artefato tem ligação clara com o novo sacrário cristão (Maria) pelos seguintes aspectos:
1 – A arca continha à vara de Arão (Nm 17,25; Hb 9,4 = símbolo do sacerdócio), um pedaço do maná (Ex 16,33; Hb 9,4 = pão que vinha dos céus para alimento dos judeus) e as tábuas da lei (Ex 25,16; Hb 9,4 = símbolo da antiga aliança);
2 – Maria, sendo a representação da “nova arca”, carregou dentro seu sagrado ventre o Cristo que era o próprio sumo sacerdote (Hb 4,14), o verdadeiro maná, o pão vivo que desceu dos céus para o nosso alimento (Jo 6,51-55) e por fim, a nova aliança (Hb 12,24).
Tal ligação, levou muitos padres dos primeiros séculos, a considerar a plena participação da virgem na obra salvadora do seu filho e que por consequência, Maria Ss mereceria ser digna de veneração por parte de todo o povo cristão.
Biblicamente, encontramos nos registro lucanos, profundo entrelace do que seria aprofundado na Igreja com tão bela devoção. A primeira criatura a venerar Maria, foi o próprio anjo do Senhor ao dizer: “Ave cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28).
A Igreja Católica, fiel às palavras dos escritores bíblicos, segue piamente os primeiros teólogos que enxergaram na virgem, a filha de Sião:
“Exulta muito, filha de Sião! Grita de alegria, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti: ele é justo e vitorioso, humilde, montado sobre um jumento (…)” (Zc 9,9)Dessa forma, podemos entender o porquê a grande maioria dos escritores primitivos, tinham pela Mãe de Deus tão grande estima e devoção. Sendo assim, através das citações aqui apresentadas, percorra conosco esse grande caminho mariano e aprenda com a bíblia e com a patrística a fé milenar da Igreja!
I SÉCULO (0 a 100 d.C)
Epístola de São Paulo aos Gálatas (55-60 d.C)
“Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma Lei” (Gl 4,4)
Evangelho segundo São Marcos (64 d.C):
“Não é ele o carpinteiro, filho de Maria (…)” (Mc 6,3a)
Evangelho segundo São Mateus (70 d.C):
“Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus que é chamado Cristo” (Mt 1,16)
“Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse:. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Is 7,14), que significa: Deus conosco. Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa. E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz o seu filho, que recebeu o nome de Jesus” (Mt 1,20-25)
Evangelho segundo São Lucas (80 d.C):
“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. Entretanto, o anjo disse-lhe:. Perturbou-se ela com essas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo disse-lhe: (Lc 1,26-38). Maria perguntou ao anjo: Respondeu-lhe o anjo: . Então disse Maria: . E o anjo afastou-se dela”
“Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz:” (Lc 1,39-45)
“E Maria disse:. Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa” (Lc 1,46-56)
Atos dos Apóstolos, segundo São Lucas (70 ou 80 d.C):
“Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1,14)
Evangelho segundo São João (95 d.C):
“Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho. Respondeu-lhe Jesus: Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou. Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser. Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas. Jesus ordena-lhes: Enchei as talhas de água. Eles encheram-nas até em cima. Tirai agora, disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes. E levaram. Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo e disse-lhe: É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (Jo 2,1-11)
“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:. Depois disse ao discípulo: ” (Jo 6,54-57). E dessa hora em diante o discípulo a recebeu como sua
Apocalipse, segundo São João (70 ou 95 a 100 d.C):
“Abriu-se o Templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo, a arca do seu testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 11,14 e 12,1)
II SÉCULO (101 a 200 d.C)
Epístola aos Efésios, segundo Santo Inácio de Antioquia (aproximadamente: 107 a 110 d.C):
“De fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus, foi levado no seio de Maria, da descendência de Davi e do Espírito Santo. Ele nasceu e foi batizado, para purificar a água na sua paixão” (Aos Efésios 18,2)
“Ao príncipe deste mundo ficou escondida a virgindade de Maria, seu parto, e igualmente a morte do Senhor. Três mistérios retumbantes, que foram realizados no silêncio de Deus. Como, então, foram manifestados ao mundo? Um astro brilhou no céu mais que todos os astros, sua luz era indizível e sua novidade causou admiração. Todos os astros, juntamente com o sol e a lua, formaram coro em torno do astro, e ele projetou sua luz mais do que todos. Houve admiração. Donde vinha a novidade tão estranha a eles? Então, toda magia foi destruída, e todo laço de maldade abolido, toda ignorância dissipada e todo reino foi arruinado, quando Deus apareceu em forma de homem, para uma novidade de vida eterna. Aquilo que havia sido decidido por Deus começava a se realizar. Tudo ficou perturbado no momento em que se preparava a destruição da morte” (Aos Efésios 19,1-3)
Apologia segundo os fragmentos gregos, por Aristides de Atenas (117 a 138 d.C):
“Os cristãos, porém, descendem do Senhor Jesus Cristo e este é confessado como Filho do Deus Altíssimo no Espírito Santo, descido do céu para a salvação dos homens. Gerado de uma virgem santa, sem germe nem corrupção, encarnou-se e apareceu aos homens, para afastá-los do erro do politeísmo” (Apologia s.f. gregos 15,1)
I Apologia, segundo Justino de Roma (155 d.C):
“Nos livros dos profetas já encontramos anunciado que Jesus, nosso Cristo, deveria vir nascido de uma virgem” (I Apologia 31,7)
“De fato, ele foi concebido com a força de Deus, por uma virgem descendente de Jacó, que foi pai de Judá, antepassado dos judeus, de quem eu já falei; segundo o oráculo, Isaí foi o seu avô e Cristo, segundo a sucessão das gerações, é filho de Jacó e de Judá” (I Apologia 32,13)
“Escutai agora como foi literalmente profetizado por Isaías que Cristo seria concebido por uma virgem. Ele diz o seguinte:. O que os homens poderiam considerar incrível e impossível de acontecer, Deus o indicou antecipadamente por meio do Espírito profético, para que quando acontecesse, não lhe fosse negada a fé, e sim, justamente por ter sido predito, fosse acreditado. Esclareçamos agora as palavras da profecia para que, por não entendê-la, objetem o mesmo que nós dizemos contra os poetas, quando nos falam de Zeus que, para satisfazer sua paixão libidinosa, uniu-se com diversas mulheres. Portanto, ‘Eis que uma virgem conceberá’ significa que a concepção seria sem relação carnal, pois, se esta houvesse, ela não mais seria virgem; mas foi a força de Deus que veio sobre a virgem e a cobriu com a sua sombra e fez com que ela concebesse permanecendo virgem. Foi assim que naquele tempo, o mensageiro, enviado da parte de Deus à mesma virgem, deu-lhe a boa notícia, dizendo: ” (I Apologia 33,1-9). Assim nos ensinaram os que consignaram todas as lembranças referentes ao nosso Salvador Jesus Cristo, e nós lhes demos fé, pois o Espírito Santo profético, como já indicamos, disse pelo citado Isaías que o geraria. Portanto, por Espírito e força que procede de Deus não é lícito entender a não ser o Verbo, que é o primogênito de Deus, como Moisés, profeta antes mencionado, o deu a entender. Vindo ele sobre a virgem e cobrindo-a com sua sombra, não por meio de relação carnal, mas por sua força, fez com que ela concebesse. Quanto a Jesus, é nome da língua hebraica, que significa em grego Sotér, isto é, Salvador. Daí que o mensageiro disse à virgem: . Que aqueles que profetizam não são inspirados por nenhum outro, mas pelo Verbo divino, suponho que mesmo vós o admitis
Diálogo com Trifão, segundo Justino de Roma (aproximadamente +150 d.C):
“Como ninguém dissesse nada, continuei: — Por isso, ó Trifão, para ti e para todos aqueles que querem tornar-se prosélitos vossos, anunciarei uma palavra divina, que ouvi daquele homem: Não vedes que os elementos nunca descansam, nem guardam o sábado; permanecei como nascestes. Se antes de Abraão não havia necessidade de circuncisão e antes de Moisés não havia necessidade do sábado, das festas ou dos sacrifícios, também agora ela não existe, depois de Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido sem pecado de Maria Virgem, que da descendência de Abraão” (Diálogo com Trifão 23,3-5)
“Este é aquele que existia antes do luzeiro da manhã e da lua. Todavia, ele se dignou nascer feito homem daquela virgem da descendência de Davi, para, por meio desta sua economia, destruir a serpente perversa desde o princípio, assim como os anjos a ela semelhantes e fazer-nos desprezar a morte” (Diálogo com Trifão 45,4)
“Pois bem. Se sabemos que esse Deus se manifestou em várias formas a Abraão, Jacó e Moisés, como duvidamos e não cremos que ele poderia, conforme o desígnio do Pai do universo, nascer homem da virgem, tendo tantas Escrituras pelas quais literalmente é fácil entender que assim de fato aconteceu, conforme o desígnio do Pai?” (Diálogo com Trifão 75,4)
“Com efeito, todo demônio se submete e é vencido, e é esconjurado no nome desse mesmo Filho de Deus e primogênito de toda a criação, que nasceu da virgem” (Diálogo com Trifão 85,2)
“Por outro lado, confessamos que ele nasceu da virgem como homem, a fim de que pelo mesmo caminho que iniciou a desobediência da serpente, por esse também ela fosse destruída. De fato, quando ainda era virgem e incorrupta, Eva, tendo concebido a palavra que a serpente lhe disse, deu à luz a desobediência e a morte. A virgem Maria, porém, concebeu fé e alegria, quando o anjo Gabriel lhe deu a boa notícia de que o Espírito do Senhor viria sobre ela e a força do Altíssimo a cobriria com sua sombra, através do que o santo que dela nasceu seria o Filho de Deus. A isso, ela respondeu: “Faça-se em mim segundo a palavra” E da virgem nasceu Jesus, ao qual demonstramos que tantas Escrituras se referem, pelo qual Deus destrói a serpente e os anjos e homens que a ela se assemelham, e livra da morte aqueles que se arrependem de suas más ações e nele creem” (Diálogo com Trifão 100,4-6)
“Embora tenha vindo para nascer da virgem Maria como homem, ele é eterno” (Diálogo com Trifão 113,14)
“Vede como as mesmas coisas são prometidas a Isaac e Jacó. Com efeito, diz o seguinte para Isaac: . E para Jacó: . Isso ele não diz a Esaú, Rubem ou a nenhum outro, mas somente para aqueles dos quais, por dispensação através de Maria virgem, haveria de nascer o Cristo” (Diálogo com Trifão 120,1)
“Portanto, nem Abraão, nem Isaac, nem Jacó, nem qualquer outro homem jamais viu aquele que é Pai inefável e Senhor absoluto de todas as coisas e também do próprio Cristo, mas viu seu Filho, que também é Deus por vontade daquele, e Anjo por estar a serviço de seus desígnios, aquele mesmo que o Pai quis que nascesse homem por meio da virgem” (Diálogo com Trifão 127,4).
Contra as Heresias, segundo Santo Irineu de Lião (180 d.C):
“Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo quanto nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus; e a vinda, o nascimento pela Virgem” (Contra as Heresias [I livro] 10,1)
“Cerinto [herege], asiático, ensina que o mundo não foi feito pelo primeiro Deus, mas por uma Potência distinta e bem afastada da Potência que está acima de todas as coisas, que não conhecia o Deus que está acima de tudo. Jesus, segundo Cerinto, não nasceu da Virgem, porque isto lhe parecia impossível” (Contra as Heresias [I livro] 26,1)
“Jesus Cristo, Filho de Deus, o qual, pela sua imensa caridade para com os homens, a obra por ele modelada, submeteu-se à concepção da Virgem para unir por seu meio o homem a Deus” (Contra as Heresias [III livro] 4,2)
“Era, ao mesmo tempo homem para poder ser tentado e Verbo para poder ser glorificado. A atividade do Verbo estava suspensa para que pudesse ser tentado, ultrajado, crucificado e morto; e o homem era absorvido quando o Verbo vencia, suportava o sofrimento, ressuscitava e era levado ao céu. É, portanto, o Filho de Deus nosso Senhor, Verbo do Pai e ao mesmo tempo Filho do homem, que de Maria, nascida de criaturas humanas e ela própria criatura humana, teve nascimento humano, tornando-se Filho do homem. Por isso, o próprio Senhor nos deu um sinal que se estende da mais profunda mansão dos mortos ao mais alto dos céus, sinal não pedido pelo homem, porque sequer poderia pensar que uma virgem, permanecendo virgem, pudesse conceber e dar à luz um filho, nem que este filho fosse o Deus conosco” (Contra as Heresias [III livro] 19,3)
“Foi, portanto, Deus que se fez homem, o próprio Senhor que nos salvou, ele próprio que nos deu o sinal da Virgem” (Contra as Heresias [III livro] 21,1)
“Único e idêntico é, pois, o Espírito de Deus que nos profetas anunciou as características da vinda do Senhor e que nos anciãos traduziu bem as coisas profetizadas. Foi ainda ele que, pelos apóstolos, anunciou ter chegado à plenitude dos tempos da adoção filial, que o Reino dos céus estava próximo e que se encontrava dentro dos homens que criam no Emanuel nascido da Virgem” (Contra as Heresias [III livro] 21,4)
“Da mesma forma, encontramos Maria, a Virgem obediente, que diz: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, e, em contraste, Eva, que desobedeceu quando ainda era virgem. Como esta, ainda virgem se bem que casada — no paraíso estavam nus e não se envergonhavam, porque, criados há pouco tempo ainda não pensavam em gerar filhos, sendo necessário que, primeiro, se tornassem adultos antes de se multiplicar —, pela sua desobediência se tornou para si e para todo o gênero humano causa da morte, assim Maria, tendo por esposo quem lhe fora predestinado e sendo virgem, pela sua obediência se tornou para si e para todo o gênero humano causa da salvação. É por isso que a Lei chama a que é noiva, se ainda virgem, de esposa daquele que a tomou por noiva, para indicar o influxo que se opera de Maria sobre Eva. Com efeito, o que está amarrado não pode ser desamarrado, a menos que se desatem os nós em sentido contrário ao que foram dados, e os primeiros são desfeitos depois dos segundos e estes, por sua vez, permitem que se desfaçam os primeiros: acontece que o primeiro é desfeito pelo segundo e o segundo é desfeito em primeiro lugar. Eis por que o Senhor dizia que os primeiros serão os últimos e os últimos os primeiros. E o profeta diz a mesma coisa: Em lugar dos pais nasceram filhos para ti. Com efeito, o Senhor, o primogênito dos mortos, reuniu no seu seio os patriarcas antigos e os regenerou para a vida de Deus, tornando-se ele próprio o primeiro dos viventes, ao passo que Adão fora o primeiro dos que morrem. Eis por que Lucas, iniciando a genealogia a partir do Senhor subiu até Adão, porque não foram aqueles antepassados que lhe deram a vida, e sim foi ele que os fez renascer no evangelho da vida. Da mesma forma, o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria, e o que Eva amarrara pela sua incredulidade Maria soltou pela sua fé” (Contra as Heresias [III livro] 22,4)
“Quando o Senhor veio de modo visível ao que era seu, levado pela própria criação que ele sustenta, tomou sobre si, por sua obediência, no lenho da cruz, a desobediência cometida por meio do lenho. A sedução de que foi vítima, miseravelmente, a virgem Eva, destinada a varão, foi desfeita pela boa-nova da verdade, maravilhosamente anunciada pelo anjo à Virgem Maria, já desposada a varão. Assim como Eva foi seduzida pela fala de anjo e afastou-se de Deus, transgredindo a sua palavra, Maria recebeu a boa-nova pela boca de anjo e trouxe Deus em seu seio, obedecendo à sua palavra. Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra deixou-se persuadir a obedecer a Deus, para que, da virgem Eva, a Virgem Maria se tornasse advogada. O gênero humano que fora submetido à morte por uma virgem, foi libertado dela por uma virgem; a desobediência de uma virgem foi contrabalançada pela obediência de uma virgem; mais, o pecado do primeiro homem foi curado pela correção de conduta do Primogênito e a prudência da serpente foi vencida pela simplicidade da pomba: por tudo isso foram rompidos os vínculos que nos sujeitavam à morte” (Contra as Heresias [V livro] 19,1)
III SÉCULO (201 a 300 d.C)
Papiro Egípcio (250 d.C):
“Sob a tua misericórdia nos refugiamos, ó Mãe de Deus. As nossas suplicas tu não rejeitaras na necessidade, mas, no perigo liberta-nos: tu só és casta, tu só és bendita” (Sub Tuum Praesidum [sob a vossa proteção] – Em posse da “John Rylands Library Manchester”)
Orígenes (220 d.C):
“Os filhos atribuídos a José não nasceram de Maria e não existe nenhuma Escritura que o prove” (In Lc. 7: GCS 9,45)
“Conservou sua virgindade até o fim para que o corpo que estava destinado a servir à palavra não conhecesse uma relação sexual com um homem, desde o momento que sobre ela havia descido o Espírito Santo e a força do Altíssimo como sombra. Creio que está bem fundamento dizer que Jesus se fez para os homens a primícia da pureza que consiste na castidade e Maria por sua vez para as mulheres. Não seria bom atribuir a outra a primícia da virgindade” (In Mt. comm. 10,17: GCS 10,21″)
IV SÉCULO (301 a 400 d.C)
São Gregório Nazianzeno (296 a 373 d.C):
“Além do mais, tendes o gênero de vida de Maria, que é o modelo e a imagem da vida própria do céu” (Lettere alle vergini, CSCO 151,76)
Santo Efrém da Síria (306 a 373 d.C):
“Bem-aventurada és tu, ó Maria, porque em ti habitou o Espírito Santo, que Davi cantou: bem-aventurada és tu, que te tornaste como que uma carruagem para o Filho de Deus” (T.J. Lamy, S. Ephroemy Syri Hymni ET Sermones, Malinas 1882-1902, II, 588)
Sermões, segundo São Gregório Nazianzeno (329 a 390 d.C):
“Foi concebido pela Virgem, já santificada pelo Espírito Santo na alma e no corpo, para honra do seu Filho e glória da virgindade” (Sermão 45, 9; PG 36,634; 1ª terça-feira)
Da virgindade, segundo São Gregório de Nissa (380 d.C):
“O seio da bem-aventurada Virgem, por ter servido a um nascimento imaculado, é proclamado santo no evangelho, uma que o nascimento não destruiu a virgindade, es ta não foi obstáculo a tão grande nascimento” (De virginitate, 19)
“A plenitude da divindade que residia em Cristo, brilhou através de Maria, a imaculada” (De virginitate, 2).
Sobre os Sacramentos, segundo Santo Ambrósio de Milão (387 a 393 d.C):
“Não tenho homem, ele disse. Isto é: “a morte veio por um homem e a ressurreição vem por outro homem” (1Cor 15,21). Não poderia descer, não poderia ser salvo aquele que não acreditava que nosso Senhor Jesus Cristo tinha assumido o carne por meio de uma virgem” (Sobre os Sacramentos [Livro II] 2,7)
“Por outro lado, nasceu sem pai, quando nasceu da virgem. Ele, de fato, não foi gerado por sêmen de homem, mas nasceu do Espírito Santo e da virgem Maria; saído de seio virginal” (Sobre os Sacramentos [Livro IV] 3,12)
“Mas porque o Senhor quis, porque escolheu esse sacramento, Cristo nasceu do Espírito Santo e de uma virgem, isto é, “o homem Jesus Cristo é mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,5). Vês, portanto, que um homem nasceu de uma virgem contra as leis e ordem da natureza” (Sobre os Sacramentos [Livro IV] 4,17)
Sobre os Mistérios, segundo Santo Ambrósio de Milão (387 a 393 d.C):
“Ouves que nossos pais ficaram sob a nuvem e sob uma boa nuvem, que resfria o incêndio das paixões carnais. Sob uma boa nuvem: ela protege aqueles que o Espírito Santo visitou. Depois, ele veio sobre a virgem Maria e o poder do Altíssimo a cobriu com a sua sombra, quando ela gerou a redenção para o gênero humano. Este milagre foi realizado em figura por Moisés. Se o Espírito Santo esteve presente na figura, não estará na realidade, quando a Escritura te diz: “A lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”? (Lc 1,35)” (Sobre os Mistérios 3,13)
“Depois, aquele paralítico esperava um homem. Quem era este senão o Senhor Jesus, nascido da virgem, com a vinda do qual já não é a sombra que sara um a um, mas a verdade que cura todos juntos?” (Sobre os Mistérios 4,24)
“Mas para que nos servir de argumentos? Sirvamo-nos de seus exemplos e estabeleçamos pelos mistérios da encarnação a verdade do mistério. Por acaso, o curso da natureza precedeu o nascimento do Senhor Jesus de Maria? Se procurarmos a ordem, a mulher costuma conceber depois das relações com um homem. É evidente, portanto, que a Virgem concebeu fora da ordem da natureza. E aquilo que nós produzimos é corpo nascido da Virgem. Por que procuras a ordem da natureza no corpo de Cristo, quando o próprio Senhor Jesus foi concebido por uma virgem fora do curso da natureza? É a verdadeira carne de cristo que foi crucificada, que foi sepultada. Portanto, é de fato o sacramento da carne dele” (Sobre os Mistérios 9,53)
“Nós professamos que Cristo Senhor foi concebido de uma virgem e negamos a ordem da natureza. Com efeito, Maria não concebeu de um homem, mas ficou grávida pelo Espírito Santo, como diz Mateus:(Mt 1,18). Portanto, se o Espírito Santo, vindo sobre uma virgem, produziu a concepção e realizou a obra da geração, não deve haver dúvida que o Espírito Santo, vindo sobre a fonte ou sobre aqueles que se apresentam para o batismo, não realize a verdade da regeneração ” (Sobre os Mistérios 9,59)
Sobre a Penitência, segundo Santo Ambrósio de Milão (387 a 393 d.C):
“Seriam estes mais santos do que Davi, de cuja família Cristo escolheu nascer, pelo mistério da encarnação? Cuja posteridade é o átrio do céu, o útero virginal que acolheu o redentor do mundo?” (Sobre a Penitência [I livro] 1,4)
“Com efeito, não foi gerado, como todos os homens, pela união de um homem e uma mulher, mas, nascido do Espírito Santo e da Virgem, recebeu um corpo imaculado” (Sobre a Penitência [I livro] 3,13)
“Por isso obteve graça tão grande: de sua família foi escolhida a Virgem que daria à luz Cristo para nós, com seu parto. É também por esta razão que aquela mulher é enaltecida no evangelho (cf. Lc 7,44-46)”
(Sobre a Penitência [I livro] 8,69)
Da Trindade, segundo Santo Agostinho (397 a 400 d.C):
“Se um Deus deve nascer, só pode nascer de uma virgem; e, se uma virgem deve gerar, só pode gerar um Deus” (De Trinitate 13, PL 18,23)
V SÉCULO (401 a 500 d.C)
São Cirilo de Alexandria ( 431 d.C):
“Salve, Maria, templo onde Deus habita, templo santo, como o chama o profeta Davi quando diz:(Sl 64,6). Salve, Maria, a criatura mais preciosa da criação; salve Maria, pomba puríssima” (Discurso pronunciado en el Concilio de Efeso: PL 77,1029-1040)
IV Concílio Ecumênico de Calcedônia ( 451 d.C):
“Gerado pelo Pai antes de todos os séculos segunda a divindade, e nestes últimos tempos, por nós e pela nossa salvação, de Maria virgem e mãe de Deus segundo a humanidade” (DS 301)
Sermões referente ao natal do Senhor, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“Cristo, que viria na carne, designando assim aquele que, ao mesmo tempo Deus e homem, nascido de uma virgem, condenaria, por seu nascimento sem mancha, o profanador da raça humana.” (II sermão do natal do Senhor, 1)
“Nascimento novo esse pelo qual ele quis nascer, concebido por uma virgem, nascido de uma virgem, sem que um pai misturasse a isso seu desejo carnal, sem que fosse atingida a integridade de sua mãe.”
(II sermão do natal do Senhor, 2)
“Porque o Pai desse Deus que nasce na carne é Deus, como atesta o arcanjo à bem-aventurada Virgem Maria: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com sua sombra; por isso, o Santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (II sermão do natal do Senhor, 2)
“Origem dessemelhante, natureza comum: que uma virgem conceba, que uma virgem dê à luz e permaneça virgem é humanamente inabitual e insólito, mas depende do poder divino” (II sermão do natal do Senhor, 2)
“Foi necessário, com efeito, que a integridade do filho preservasse a virgindade sem exemplo de sua mãe, e que o poder do divino Espírito, derramado sobre ela, mantivesse intato esse recinto sagrado da castidade e essa mansão da santidade, na qual ele se comprazia; porque ele tinha decidido elevar o que era desprezado, restaurar o que estava quebrado e dotar o pudor de uma força múltipla, para dominar as seduções da carne, a fim de que a virgindade, incompatível, nas outras, com a transmissão da vida, se tornasse para as outras graça imitável ao renascerem” (II sermão do natal do Senhor, 2)
“Para esse fim, Cristo foi concebido de uma virgem, sem intervenção de homem; de uma virgem fecundada não por uma união carnal, mas pelo Espírito Santo” (II sermão do natal do Senhor, 3)
“Para esse fim, Cristo foi concebido de uma virgem, sem intervenção de homem; de uma virgem fecundada não por uma união carnal, mas pelo Espírito Santo” (II sermão do natal do Senhor, 3)
“Enquanto em todas as mães a concepção não se dá sem a mancha do pecado, essa mulher (Maria) encontrou sua purificação no próprio fato de conceber. Porque onde não intervém o sêmen paterno, o princípio manchado de pecado não vem misturar-se. A virgindade inviolada da mãe ficou isenta da concupiscência e forneceu a substância carnal” (II sermão do natal do Senhor, 3)
“Que nenhuma dúvida aflore em vós no tocante à fé na integridade da Virgem e em seu parto virginal. Honrai com uma obediência santa e sincera o mistério sagrado e divino da restauração do gênero humano” (II sermão do natal do Senhor, 6)
“Deus, pois, Filho de Deus, igual ao Pai e tendo do Pai a mesma natureza que o Pai, Criador e Senhor do universo, todo presente em toda parte e todo excedendo tudo, no curso dos tempos, que se escoam como ele mesmo dispôs, escolheu esse dia para nascer da bem-aventurada Virgem Maria para a salvação do mundo.” (III sermão do natal do Senhor, 1)
“Por isso o Criador e Senhor de todas as coisas se dignou ser um dos mortais, depois de ter escolhido uma mãe que ele tinha feito e que, salva sua integridade virginal, forneceu-lhe somente a substância de seu corpo; assim, cessado o contágio do sêmen humano, habitariam num homem novo a pureza e a verdade. Portanto, no Cristo, nascido de uma virgem, mesmo sendo o nascimento admirável, a natureza não é dessemelhante da nossa” (IV sermão do natal do Senhor, 3)
“A terra da natureza humana, maldita no primeiro prevaricador, produziu nesse único parto da Santa Virgem um germe abençoado e isento do vício de sua estirpe; sua origem espiritual está adquirida para qualquer um na regeneração, e, para todo homem que nasce de novo, a água do batismo é como o seio virginal: o mesmo Espírito que veio sobre a Virgem vem agora à fonte batismal; assim, o pecado, que foi então aniquilado por uma santa concepção, aqui é tirado pela ablução mística.” (IV sermão do natal do Senhor, 3)
Sermões referente à Quaresma, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“Alma cristã que foge da mentira, que é discípula da verdade, procure servir-se confiantemente da história evangélica: considere as ações visíveis do Senhor ora a partir de uma inteligência espiritual, ora de uma visão corporal, como se estivesse em companhia dos apóstolos. Atribui ao homem o fato que a criança nasceu de mulher; a Deus, o fato que nem sua concepção, nem seu nascimento violaram a virgindade de sua mãe” (VIII sermão sobre a quaresma, 2)
“Porque a natureza humana só poderia ser curada das feridas deixadas nela pela antiga culpa original se o Verbo de Deus, tomando para si uma carne no útero da Virgem, nascesse numa só e mesma pessoa a carne e o Verbo” (VIII sermão sobre a quaresma, 2)
“Dentre as coisas narradas, algumas são próprias da humanidade, outras, da divindade, mas todas são relembradas sob o nome do Filho do Homem: poder-se-ia temer que uma fé dirigida a crer que o Senhor Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, é ao mesmo tempo Deus e Homem, não hesitasse em confessar seja a humanidade em Deus, seja a divindade no homem, quando se encontram, no Verbo, da humildade verdadeira a humanidade assumida e, na carne, a verdadeira majestade de Deus que a assume” (VIIII sermão sobre a quaresma, 2)
“No seio da Virgem, com efeito, recebeu carne mortal: nesta carne mortal completou-se a disposição da paixão; assim aconteceu por inefável desígnio da misericórdia divina que ela foi para nós um sacrifício redentor, abolição do pecado e primícias de ressurreição para a vida eterna” (X sermão sobre a quaresma, 1)
“Do mesmo Espírito de que nasce Cristo nas entranhas da mãe imaculada, nasce também o cristão no seio da santa Igreja” (Serm. 29,1 Pl 54, 227B)
Sermão sobre a ressurreição do Senhor, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“Reconheceis, sem separação alguma da divindade, ser verdadeiro o Cristo nascido do seio da Virgem” (II sermão sobre a ressurreição do Senhor, 7)
Sermão na ascensão do Senhor, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“O anjo anunciou à bem-aventurada Virgem que Cristo haveria de ser concebido do Espírito Santo. Quando nasceu da Virgem, também a voz dos anjos celestes cantou para os pastores” (II sermão na ascensão do Senhor, 4)
Tratado contra a heresia de Êutiques, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“Assim, não escapou à nossa solicitude, toda devotada à vossa Caridade, que egípcios, principalmente comerciantes, chegaram à cidade defendendo ideias criminosamente introduzidas em Alexandria por hereges que pretendem que Cristo teria só a natureza divina e que a carne tomada por ele da bem-aventurada Virgem Maria não teria tido nenhuma realidade; é uma doutrina ímpia, a qual diz que em Jesus o homem é falso, e que Deus é passível” (tratado contra a heresia de Êutiques, 1)
“Ele, verdadeiro Deus, sem contrair nenhuma mancha de pecado, uniu a si, na verdade da carne e da alma, nossa natureza inteira e perfeita; concebido pela operação do Espírito Santo no seio da santa Virgem sua mãe, ele não se aborreceu com o nascimento segundo a carne nem com os começos da primeira idade” (tratado contra a heresia de Êutiques, 2)
Tomo a Flaviano, segundo o Papa Leão Magno ( 430 a 461 d.C):
“Creio em Deus Pai todo poderoso e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, concebido pelo poder do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria. Estes três artigos destroem as invenções de quase todos os hereges”
(tomo a Flaviano, 2)
“O mesmo sempiterno Filho unigênito de um sempiterno Genitor nasceu pelo poder do Espírito Santo e de Maria Virgem” (tomo a Flaviano, 2)
“Visto que foi concebido por virtude do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, esta o deu à luz conservando intata a virgindade, como seu detrimento da virgindade o concebera.” (tomo a Flaviano, 2)
“Não proferiria palavras vãs afirmando que o Verbo se fez carne de sorte que Cristo nascido do seio da Virgem tivesse a condição externa de homem, mas não a verdadeira carne da mãe. Acaso julgou que nosso Senhor Jesus Cristo não era de nossa natureza porque o anjo enviado à bem-aventurada sempre Virgem Maria disse: “virá sobre ti o Espírito Santo e a potência do Altíssimo te recobrirá, e por isso também o santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35)” (tomo a Flaviano, 2)
“Vem à luz por novo nascimento, porque a virgindade inviolada, que ignorava a concupiscência, ministrou-lhe a matéria corporal. Recebeu o Senhor de sua mãe a natureza, mas isenta de culpa. A natureza humana de nosso Senhor Jesus Cristo, nascido do seio da virgem, não difere da nossa por ter tido ele admirável natividade. Sendo verdadeiro Deus, é também verdadeiro homem. Nesta unidade não há mentira, pois mutuamente se coadunam humildade humana e grandeza divina” (tomo a Flaviano, 4)
Comentários, segundo o São João Crisóstomo ( 407 d.C):
“Virgem, madeiro e morte eram os símbolos da nossa ruína. A virgem Eva, que ainda não conhecia homem. O madeiro era a árvore, a morte era a condenação de Adão. Mas eis aqui de novo a virgem, o madeiro e a morte. Lá eram símbolos de ruína. Aqui se transforaram em símbolos de vitória. Porque em lugar de Eva está Maria” (De coemeterio et de cruce 2: PG 49,395; cf. id., in sanctum Pascha 2: PG 52,767-768)
VI SÉCULO (501 a 600 d.C)
São Sofrônio ( 560 a 638 d.C):
“O insigne (discípulo) acolheu em sua casa a perfeita mãe de Deus como sua própria mãe (…). Tornou-se filho da mãe de Deus” (Anacreontica xi. In Ioannem theologum, VV. 77-87, Pg, 87,3789-3790)
VIII SÉCULO (701 a 800 d.C)
André de Creta ( 730 d.C):
“O corpo da Virgem é uma terra que Deus trabalhou a primícia da massa adamítica que foi divinizada em Cristo, a imagem do todo semelhante à beleza divina, a argila modelada pelas mãos do artista divino” (Hom. I in dorm.: PG 97,1068)
“Eu proclamo Maria a única santa, a mais santa entre todos os santos” (Encom. II dies natalis: PG 97,832B)
CONCLUSÃO
A fé da Igreja é inegável, sagrada, santa e verdadeira.A crença de que Maria, a mãe de Deus e nossa, possui missão continua e inacabada na Igreja de Deus, perdura desde os primeiros tempos apostólicos. Ainda que de forma tímida, é nítido que uma pura Cristologia só poderia ser entrelaçada com o princípio ativo da escolha da virgem como ponte de acesso, onde Jesus, nosso Senhor, viria até nós para remir e purificar nossos maus caminhos.
São Paulo diz aos Gálatas que na plenitude do tempo, Deus enviou seu filho, “nascido de mulher” (Gl 4,4). Mulher essa, escolhida pelo próprio altíssimo, antes de todos os séculos, para que assim, se cumprisse o oráculo do Senhor:
“Pois sabei que o Senhor mesmo vos dará um sinal:Sendo assim, saibamos que o Cristo, Senhor e Salvador de todo o gênero humano, encarnou-se no seio da Santa Virgem Maria a fim de resgatar-nos!” (Is 7,14)
Ave Maria, cheia de graça (Lc 1,28)!
OBS: Esse texto sofrerá modificações à medida que, novas citações sejam encontradas.
(Fonte: Este é um belíssimo trabalho elaborado pelo irmão Érick Augusto Gomes do site Apologética Cristã Católica, no qual dedica-se à Defesa da Fé Católica desde 2013. A VIRGEM MARIA E OS TESTEMUNHOS PRIMITIVOS DA IGREJA)
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