Nota de
Heitor De Paola: Eis o texto do cardeal Carlo Caffarra (foto abaixo) ao
qual fiz referências no programa O Outro Lado da Notícia do dia 22 de
setembro, gentilmente traduzido por Ageu Marinho e publicado
originalmente pelo LifeSiteNews.
A “última barreira” para Satã destruir a humanidade é a dualidade masculino/feminino, afirma cardeal dubia!
A “última barreira” para Satã destruir a humanidade é a dualidade masculino/feminino, afirma cardeal dubia!
Artigo por Claire Chretien
Uma
ideologia global alimentada por uma liberdade “insana” e “literalmente
louca” agora está tentando destruir a “última barreira” que preserva a
humanidade de perder o significado de ser “humano”, a saber, a “natureza
sexual da pessoa humana na sua dualidade de homem e mulher”, escreveu o
cardeal Carlo Caffarra, um cardeal “dubia” recentemente falecido, em um
manuscrito publicado pela primeira vez no LifeSiteNews. [“Dubia
cardinals” é como são designados os cardeais signatários das dúvidas
levantadas ao Papa Francisco por ocasião da publicação da encíclica
Amoris Laetitia].
Caffarra
escreveu o manuscrito como um prefácio ao livro da socióloga Gabriele
Kuby intitulado A Revolução Sexual Global: A Destruição da Liberdade em
nome da Liberdade [no original: The Global Sexual Revolution:
Destruction of Freedom in the Name of Freedom]. Porém o livro seguiu
para impressão antes que as palavras do cardeal fossem recebidas. O
manuscrito foi obtido pelo LifeSiteNews.
* * *
Texto completo do prefácio não publicado do cardeal Carlo Caffarra para o livro de Gabriele Kuby “A Revolução Sexual Global – A Destruição da Liberdade em Nome da Liberdade”. Traduzido para o inglês por Diane Montagna.
O estudo de
Gabriele Kuby sobre o panorama cultural no presente livro é um clamor
de trombeta para despertar-nos do torpor da razão que nos está
arrastando para a perda de liberdade consequentemente de nós mesmos. E
Jesus já nos advertira que isso, a perda de nós mesmos, seria a mais
trágica perda de todas, ainda que ganhássemos todo o mundo.
A cada página que lia, ouvia dentro de mim mesmo as palavras do enganador do mundo todo: “Você será como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3:5).
A pessoa
humana elevou-se a si mesmo a uma posição de autoridade moral soberana
na qual “Eu” sozinho determino o que é bom e o que é mal. Essa é uma
liberdade que é literalmente louca: é uma liberdade sem logos (isto é,
razão ou princípio ordenador).
Mas se esse
é o contexto teórico (se posso colocar desta forma) do livro inteiro, a
obra examina especificamente a destruição da última realidade que
permanece de pé no seu caminho. Como irei explicar, o livro também
aponta como a liberdade que enlouquece gradualmente engendra as mais
devastadoras tiranias.
David Hume
escreveu que fatos são coisas teimosas: eles teimosamente desafiam
qualquer ideologia. A autora demonstra, e eu considero que
acertadamente, que a última barreira a qual essa liberdade insana deve
demolir é a natureza sexual da pessoa humana na sua dualidade de homem e
mulher, e na sua instituição racional estabilizada pelo casamento
monogâmico e pela família. Atualmente essa causa insana está destruindo a
sexualidade natural humana e por conseguinte também o casamento e a
família. Estas páginas, dedicadas a examinar essa destruição, contêm uma
rara profundidade de percepção.
Mas há um
outro tema que corre através das páginas deste livro: a obra dessa
insana liberdade tem uma estratégia precisa, pois está sendo dirigida,
guiada e governada em nível global. Qual é essa estratégia? É aquela d’O
Grande Inquisidor, de Dostoyevsky, que diz a Cristo: “Você dá a eles
liberdade eu dou-lhes pão. Eles me seguirão.” A estratégia é clara:
dominar o homem formando um pacto com um de seus instintos básicos. O
novo Grande Inquisidor não mudou a estratégia. Ele diz a Cristo: “Você
promete regozijo no prudente, íntegro e casto exercício da sexualidade;
eu prometo o gozo desregrado. Você verá que eles me seguirão.” O novo
Inquisidor escraviza através da ilusão do prazer sexual completamente
livre de regras.
Se, como
acredito, a análise de Gabriele Kuby é algo que é compartilhado, há
apenas uma conclusão. O que Platão previu acontecerá: liberdade extrema
conduzirá à mais grave e feroz tirania. Não é coincidência que a autora
fez dessa reflexão platônica a epígrafe do primeiro capítulo: um tipo de
chave interpretativa de todo o livro.
E os
clérigos? Não é incomum que eles se contentem em ser facilitadores dessa
eutanásia da liberdade. E ainda, como Paulo nos instruiu, Cristo morreu
para nos tornar verdadeiramente livres.
Eu espero
que este grande livro seja lido por aqueles que têm responsabilidades
públicas, por aqueles que têm responsabilidades educacionais, e pelos
jovens, as primeiras vítimas do novo Grande Inquisidor.
Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo Emérito de Bolonha.
(1) Em
inglês, intensifying verb. Essa expressão foi um problema tanto para o
tradutor como para o editor (Heitor). Esta solução é do editor.
Fonte: www.heitordepaola.com via midiasemmascara.org
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