segunda-feira, 29 de julho de 2019

O dízimo, as oferendas e o desapego

[aleteia]
Por João Antônio Johas, via A12.com 


Não deveria, mas pedir o dízimo é, muitas vezes, uma atividade incômoda para quem pede e fastidiosa para quem ouve o pedido.



A Bíblia já alertava do perigo em relação ao ‘deus dinheiro’ quando nos dizia ser impossível servir a dois senhores, pois adoraremos a um e odiaremos o outro. É impossível, diz a Sagrada Escritura, servir a Deus e ao dinheiro. Nesse sentido, o Papa Francisco chegou inclusive a dizer, em uma homilia, que a conversão é certa quando chega ao bolso. Certamente ele não quis dizer que, na Igreja, pagamos para conseguir a conversão ou a salvação, mas manifestar que, em um mundo que idolatra o dinheiro, mostrar um certo desapego em relação a ele pode ser um sinal positivo.
Mas mesmo assim, o tema parece ser tabu em muitas realidades eclesiais. Como fazer para aproximar-nos de forma mais reconciliada desse assunto? Talvez uma rápida olhada no Antigo Testamento e no que mudou com a chegada de Jesus possa nos ajudar a entender um pouco melhor. Na antiga aliança, é muito clara a obrigatoriedade do pagamento do dízimo. Ele servia para sustentar os sacerdotes que oficiavam no Templo (e mais antigamente na Tenda) os sacrifícios a Deus e também era utilizado para ajudar as pessoas mais necessitadas, como os pobres e as viúvas. Ele era composto principalmente por produtos agrícolas, não dinheiro.
No Novo Testamento, muda-se o cenário, porque Jesus mostra que dar pleno cumprimento à Lei é viver sob a ótica do amor.
 “O dízimo, como pagamento de 10%, não é o centro de toda essa questão. O importante é a consciência do cristão de ser responsável por ajudar sua comunidade”. 
No Catecismo da Igreja Católica, por exemplo, não se fala do dízimo propriamente. Mas quando fala do quinto mandamento da Igreja (“Ajudar a Igreja em suas necessidades”) lembra que os fiéis precisam ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades.
É preocupar-se de que os ministros vivam dignamente, que a Igreja seja um local apropriado para o culto, mas principalmente que os pobres sejam assistidos em suas necessidades. Em suma, que se preocupe com sua comunidade de maneira análoga com que se preocupa com sua família.
E essa consciência pode se fazer concreta de várias formas. Doando uma quantia mensal, que brote de uma espontânea generosidade, doando a cada missa no momento do ofertório ou ajudando em atividades pontuais, como a reforma de um espaço, a aquisição de cestas básicas para o Natal, etc.
No ofertório, durante a Celebração Eucarística, podemos entender de forma mais profunda essa generosidade que estamos chamados a viver.
Nesse momento, o sacerdote está preparando a mesa para atualizar o maior dos sacrifícios, o de Jesus que se entrega por amor. E nós, seja levando o pão e o vinho até o altar, seja fazendo a nossa doação material, mostramos a nossa participação nesse mistério e nessa entrega de Jesus.
O que fazemos é sempre muito pouco, mas se colocamos esse pouco nas mãos de Deus, Ele multiplica esses dons de forma extraordinária e faz com que eles deem frutos de conversão e de santidade para nós e para o mundo inteiro.

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