Marshall começa seu livro com a aparição de Nossa Senhora de La Salette na França, suas advertências contra o reinado de Satanás em Roma e com as instruções da Alta Vendita, que foram atribuídas à Maçonaria e publicadas com o apoio explícito de vários Papas, no século XIX. Este documento explica que, para enfraquecer a Igreja Católica, seria preciso infiltrá-la, em vez de lutar contra ela de fora. Para este fim, visavam influenciar o chefe da Igreja Católica, o Papa. Diz o documento da Alta Vendita: “Para termos um Papa de acordo com o nosso próprio coração, é necessário criar para esse papa uma geração digna do reino com que sonhamos. Deixemos de lado a velhice e a meia-idade, cuidemos da juventude e, se possível, das crianças”. Esses maçons (da Alta Vendita) decidiram introduzir no pensamento católico ideias liberais que, finalmente, pudessem chegar ao topo da Igreja.
“O plano”, escreve Marshall, “não inclui panfletos, armas, derramamento de sangue, nem mesmo eleições políticas. Requer uma infiltração lenta, primeiro na juventude, depois no clero, e então, à medida que o tempo passa, naquela juventude e clero que um dia se tornarão cardeais e depois Papa“.
Nas trezentas páginas de seu livro, o autor trabalha com a história de meados do século XIX até nossos dias, mostrando como o Papa Pio X lutou vigorosamente contra as ideias modernistas que estavam se espalhando, no início do século XX, no interior da Igreja Católica. Esta corrente modernista encontra, em nossa época, um forte ponto de apoio no chamado Grupo de San Gallo, grupo de prelados progressistas decepcionados com o pontificado do Papa João Paulo II e que tentaram, após sua morte, eleger um Papa de seu agrado. Suas principais figuras governaram a Igreja Católica na Europa e contribuíram, efetivamente, para o enfraquecimento da fé naquela parte do mundo. Os nomes do cardeal Carlo Maria Martini, do cardeal Basil Hume e do cardeal Godfried Danneels vêm logo à mente.
Dr. Marshall também apresenta, em detalhes, como algumas dessas ideias modernistas afetaram o Concílio Vaticano II, bem como a Missa Novus Ordo. No final, ele aborda a eleição do Papa Francisco e mostra alguns de seus “ensinamentos problemáticos”, que agora afetam a Igreja Católica de maneira negativa. Aqui, o autor — que é pai de oito filhos — refere-se à exortação apostólica de Francisco, Amoris Laetitia, e sua afirmação de que “ninguém é condenado para sempre”, como também a declarações do tipo do Documento de Abu Dhabi: “Francisco também ensinou isso: que Deus, divina e sabiamente, deseja a ‘diversidade e pluralidade de religiões’ com a mesma vontade ‘com a qual Ele criou os seres humanos’”. Conclui Dr. Marshall: “São Pio X teria incluído o Papa Francisco na categoria de modernista. Como podemos ter dois papas em contradição teológica?”
Marshall também discute as aparições de Fátima e a questão do Terceiro Segredo, revelado à vidente Irmã Lúcia.
Em um recente podcast, de 24 de maio, Marshall revelou que, durante sua visita a Roma, há uma semana, pôde se encontrar rapidamente com o Papa Francisco e lhe deu o primeiro exemplar de seu livro, com uma dedicatória. Disse ter escrito esse livro durante a Quaresma. “Jejuei a Quaresma inteira por ele.” Acrescentou que o livro “foi um trabalho de amor”. Marshall disse que “gostaria muito que Papa Francisco estivesse entre os maiores papas santificados de todos os tempos, ele que dirige a Igreja em meio a toda esta crise. Nunca é demasiado tarde.”
Dom Athanasius Schneider, bispo auxiliar de Astana, no Cazaquistão, é autor do prefácio ao livro do Dr. Marshall. Elogia o livro, afirmando que em Infiltration: The Plot to Destroy the Church From Within [Infiltração: A trama para destruir a Igreja desde dentro], Taylor Marshall toca em um ponto que é deliberadamente ignorado hoje. A questão de uma possível infiltração da Igreja, por forças externas a ela, não se encaixa no quadro otimista que o Papa João XXIII e particularmente o Concílio Vaticano II desenharam do mundo moderno, de maneira acrítica e irrealista. Schneider se pergunta como é que, hoje, “não poucos membros do alto escalão da hierarquia da Igreja Católica cederam às exigências implacáveis do mundo moderno, como também estão, com ou sem convicção, colaborando ativamente na implementação de seus princípios na vida cotidiana da Igreja, em todas as áreas e em todos os níveis.”
O livro do Dr. Marshall pode ajudar a esclarecer como a Igreja chegou a tal ponto. Para entender a presente crise, acrescenta Schneider, "precisamos examinar as próprias raízes da crise”. Essa crise pode ser vista “como uma infiltração da Igreja pelo mundo incrédulo, e especialmente pelos maçons — uma infiltração que, pelos padrões humanos, efetivamente só poderia ter sucesso através de um processo longo e metódico”. No entanto, no final de sua introdução, o Bispo Schneider nos lembra que “até mesmo o plano mais pérfido, visando destruir a Igreja desde dentro, não terá sucesso”.
Entre os católicos tradicionais, alguns desses documentos apresentados pelo Dr. Marshall já foram estudados e incorporados à compreensão da crise atual da Igreja (poderíamos lembrar aqui, por exemplo, o livro de Arnaud de Lassus Unholy Craft: Freemasonry and the Roots of Christophobia (Ofício Profano: A Maçonaria e as raízes da cristofobia), ou o livro de John Vennari sobre a Alta Vendita.) A principal contribuição do Dr. Marshall é a fornecer novos dados para a compreensão da crise — incluindo o papel do Grupo de San Gallo — e reunir os documentos mais relevantes num único volume.
Fonte - opusmaterdei
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