sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Papa Francisco no Sínodo: "Não é um encontro político"

Papa Francisco.  Crédito: Daniel Ibáñez / ACI Press 

 

POR WALTER SÁNCHEZ SILVA

 

O Papa Francisco reiterou que o Sínodo "não é um encontro político", durante o encontro que manteve com um grupo de jesuítas no Canadá, no âmbito da viagem que realizou de 24 a 30 de julho ao país norte-americano.

“Parece-me essencial reiterar, como faço muitas vezes, que o Sínodo não é uma reunião política ou uma comissão de decisões parlamentares”, disse o Santo Padre, segundo a revista jesuíta La Civiltà Cattolica.

O Sínodo dos Bispos, que terá como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, será realizado em outubro de 2023 no Vaticano. Desta vez, o Sínodo tem três etapas: diocesana, continental e universal.

Na conclusão de seus debates, em outubro de 2023 e com base no Instrumentum laboris ou documento de trabalho, os bispos participantes apresentarão um documento final ao Papa Francisco, que decidirá se publica ou não uma exortação apostólica que possa incluir as propostas recebidas.

Em seu diálogo com os jesuítas em 29 de julho no Arcebispado de Québec (Canadá), o Santo Padre respondeu a uma pergunta sobre sua visão “sinodal” da Igreja.

Incomoda-me que o adjetivo 'sinodal' seja usado como se fosse uma receita de última hora da Igreja. Quando se diz 'Igreja sinodal' a expressão é redundante: a Igreja é sinodal ou não é Igreja. É por isso que viemos a um Sínodo sobre a sinodalidade, para reafirmá-la”, disse o Papa Francisco.

O Santo Padre contou então como foi sua experiência ao participar do Sínodo dos Bispos em 2001, no qual colaborou na secretaria geral.

“O secretário do Sínodo veio me ver, leu o material e me disse para retirar isso ou aquilo. Havia coisas que ele não considerava apropriadas e as censurava. Houve, em suma, uma pré-seleção do material. O que era um Sínodo não foi entendido”, disse.

O papa Francisco comentou mais tarde que decidiu convocar o Sínodo sobre a sinodalidade após a pesquisa que fez no final do Sínodo da Amazônia em 2019, na qual os bispos disseram que as duas principais questões eram o sacerdócio e a sinodalidade.

“Percebi que tínhamos que refletir sobre a teologia da sinodalidade para dar um passo decisivo”, destacou.

Sobre o Sínodo, o Santo Padre especificou que “é a expressão da Igreja, onde o protagonista é o Espírito Santo. Se não há Espírito Santo, também não há Sínodo. Pode haver democracia, parlamento, debate, mas não há 'Sínodo'.

Depois de apontar que “o melhor livro de teologia sobre o Sínodo” são os Atos dos Apóstolos, o Papa disse que “vê-se claramente que o protagonista é o Espírito Santo. Isso é experimentado no Sínodo: a ação do Espírito. Produz-se a dinâmica do discernimento”.

“Você experimenta, por exemplo, que às vezes você vai rápido com uma ideia, você briga, e então acontece algo que une as coisas, que as harmoniza criativamente. É por isso que gosto de deixar claro que o Sínodo não é um voto, um confronto dialético entre uma maioria e uma minoria. O risco também é o de perder a visão global, o sentido das coisas”, continuou.

Isso, disse o Papa Francisco, “é o que acontece quando os temas do Sínodo são reduzidos a uma questão particular. O Sínodo sobre a Família, por exemplo. Diz-se que foi organizado para dar a Comunhão aos divorciados e recasados”.

“Mas na Exortação pós-sinodal sobre este tema há apenas uma nota, porque todo o resto são reflexões sobre o tema da família, como o catecumenato familiar. Portanto, há muita riqueza: não podemos nos trancar no funil de um único tópico. Repito: se a Igreja é tal, então é sinodal. Tem sido assim desde o início”, sublinhou o Santo Padre.

 

Fonte - aciprensa

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