quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Igreja da Modificação Corporal causa polêmica nos EUA

 Você conhece a Igreja da Modificação Corporal? Não? Então conheça, mas antes leia o seguinte:
Não fareis incisões na vossa carne por um morto, nem fareis figura alguma no vosso corpo. Eu sou o Senhor. (Lv 19, 28)
 



Igreja tem quase 2 mil seguidores nos Estados Unidos. Foto: Steve Haworth/Divulgação
Igreja tem quase 2 mil seguidores nos Estados Unidos
Foto: Steve Haworth/Divulgação

Os "piercings", as tatuagens, ou a suspensão corporal com ganchos hipodérmicos são alguns dos rituais da "Igreja da Modificação Corporal", uma congregação com quase 2 mil seguidores nos Estados Unidos, mas que se vê ameaçada por escândalos econômicos.


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Criada na virada de século por Steve Haworth em Phoenix (Arizona, EUA), esta comunidade peculiar afirma em sua doutrina que existe "espiritualidade" no desejo de modificar o corpo humano. "Praticando as técnicas de manipulação e de modificação corporal reforçamos os laços entre mente, corpo e alma, e conseguimos viver nossa espiritualidade como indivíduos completos", assinala o site da organização.
Precisamente, a mente, o corpo e a alma, representados por três linhas brancas - denominadas "linhas ministeriais" -, são as senhas de identificação desta congregação, que seus "padres", como não poderia ser diferente, trazem tatuadas.
Segundo os últimos dados da Academia Americana de Dermatologia, quase 50% dos americanos "decoraram" o corpo com uma tatuagem ou um "piercing". Isso explica porque estes pastores têm um grande ''rebanho'' para o qual transmitir sua fé.
A "Igreja da Modificação Corporal" (CoBM, na sigla em inglês) se declara aconfessional, não discrimina fiéis de nenhuma fé ou religião, mas adverte que algumas de suas práticas podem ser contrárias a determinadas crenças.
A CoBM teve que esperar até 2001 para ter certa popularidade, que chegou de maneira inesperada por via judicial. O chamado "caso Costco contra Cloutier" foi até o momento o pleito mais famoso relacionado ao conflito entre a mentalidade empresarial e o desejo de individualidade.
Costco Wholesale é uma grande rede de supermercados de venda por atacado com mais de 200 pontos de venda em todo o país, que demitiu uma de suas empregadas - Kimberly Cloutier - por que esta se negou a ocultar o "piercing" de sua sobrancelha durante as horas de trabalho.
A jovem decidiu denunciar a empresa por demissão sem justa causa e alegou no tribunal que sua negativa tinha motivações religiosas, já que fazia parte da "Igreja da Modificação Corporal".
Apesar de a corte ter determinado em sua sentença que a ex-trabalhadora não tinha razão em seu pedido, a CoBM teve publicidade gratuita que resultou na sua expansão para outros estados como Flórida, Illinois, Kentucky e Virginia, além da aparição de outras delegações "irmãs" na Europa.
No entanto, mesmo tendo esta popularidade e sendo legalmente reconhecida pelo Governo dos EUA, nem tudo foram flores para a congregação hoje presidida por Rick Frueh, que se viu envolvida em vários escândalos, quase todos de âmbito econômico.
Alguns internautas, que aproveitam o anonimato propiciado pela internet, denunciaram a falta de transparência que a CoBM tem com as doações de seus membros. Além disso, em 2002 surgiu uma polêmica que até hoje persegue a organização.
Dois de seus ministros, Alva Richcreek e Steve Truitt foram detidos sob a acusação de praticar a medicina de maneira ilegal, após terem realizado uma operação de modificação genital sem a devida autorização.
A CoBM organizou uma campanha de arrecadação de fundos com a venda de camisetas para apoiar legalmente seus seguidores, mas até o momento o destino do dinheiro não foi esclarecido.
O presidente da congregação não quis fazer declarações e se remeteu a um comunicado publicado na Internet. Por estas razões, muitos pensaram que o fim da igreja estava próximo, só que pouco a pouco continua conquistando fiéis "cansados de ser discriminados ou ignorados" pela sociedade devido a sua decisão de modificar seu corpo, segundo aponta o comunicado.

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