(IHU) Organizações da sociedade civil da província de Sucumbíos, no Equador, pedem a saída dos Arautos do Evangelho.
A solicitação está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 08-02-2011. A tradução é do Cepat.
Eis o texto.
Aos 28 dias do mês de janeiro de 2011, o conjunto de organizações da sociedade civil da província de Sucumbíos, considerando que:
– Deve ser preocupação e interesse da sociedade civil e suas organizações velar pelo fortalecimento dos processos organizativos constituídos a favor do desenvolvimento, da construção de uma cultura de paz e da melhoria das condições de vida da população, comprometidos com os setores mais pobres.
– Sucumbíos, antes de seu nascimento como província, foi desenvolvendo um tecido social importante no mundo das nacionalidades, comunidades mestiças, povo afro-equatoriano, setores urbanos populares e marginais. Todo este processo nasceu do acompanhamento e inspiração da Igreja de San Miguel de Sucumbíos (ISAMIS) em âmbito local.
– Sucumbíos é uma província estratégica no contexto nacional, não apenas pela riqueza de recursos, mas também por sua diversidade cultural e os graves acontecimentos suscitados nos últimos anos pela implantação do Plano Colômbia, e o forte fluxo migratório e sua situação fronteiriça.
– Os acontecimentos recentes, desatados em outubro de 2010 com a mudança na administração do Vicariato de San Miguel de Sucumbíos, confiada à Congregação dos Arautos do Evangelho – Cavaleiros da Virgem –, evidenciam cada vez mais o afastamento dos Arautos do Evangelho das estruturas organizativas populares e do sentido e prática da participação das e dos laicos nas questões sociais da Igreja, o que evidencia a não aceitação por parte da nova administração do Vicariato Apostólico de San Miguel de Sucumbíos do processo feito e fortalecido ao longo dos últimos 40 anos.
– É importante, para o bem da província, fortalecer suas instituições, não apenas da estrutura do Estado, mas também as próprias da sociedade civil, e destas em sua relação com o Estado, para favorecer a atenção das e dos mais pobres, a inclusão de todas/os que a ISAMIS favoreceu até setembro passado, a cultura da paz, o diálogo intercultural, a tolerância e a correspondência sociedade-Estado.
Frente a estas inquietudes, as organizações da sociedade civil da Província, reunidas em Nueva Loja, na sede do FEPP [Fundo Equatoriano Populorum Progressio], fazem o seguinte pronunciamento à sociedade civil de Sucumbíos:
1. Apoiamos e aderimos ao pronunciamento e decisões da Assembleia Diocesana Extraordinária de Pastoral do Vicariato Apostólico de Sucumbíos, realizada no dia 07 de janeiro, instância legitimamente constituída que contou com a representação de todos os setores da ISAMIS em toda a província, na qual pede às autoridades eclesiais a saída da Congregação dos Arautos do Evangelho do Vicariato.
2. Constatamos e afirmamos que o problema suscitado não é apenas de caráter eclesial, religioso e de fé; o que acontece com a Igreja de San Miguel de Sucumbíos é um assunto público, que afeta diretamente as organizações sociais e aqueles que as integram e as diversas estruturas institucionais da província de Sucumbíos. Assim o entendem as organizações da sociedade civil e manifestamos a nossa recusa em aceitar a implantação de uma Igreja hierárquica, impositiva, machista, sem participação cidadã, e afastada dos interesses de trabalho das organizações sociais, o que vai contra o espírito participativo e de organização, e atenta contra o exercício de nossos direitos e a segurança social, garantidos por nossa constituição.
3. Finalmente, as organizações da sociedade civil da província de Sucumbíos manifestam:
a) A necessidade de denunciar esta situação à cidadania da província, do país e do mundo.
b) O apoio às iniciativas de reconhecimento da liderança e das iniciativas de trabalho pastoral da ISAMIS durante os 40 anos anteriores, promovido pela Ordem dos Padres Carmelitas Descalços, seus sacerdotes e Mons. Gonzalo López Marañón como bispo.
c) A urgência de denunciar as ações de imposição, exercício de poder e de força que a Congregação dos Arautos do Evangelho desenvolve frente às instituições e organizações da sociedade civil, buscando limitar seu livre pensamento e o exercício de seus direitos.
d) Que exortamos as autoridades, líderes e sociedade em geral para manter uma atitude ativa e vigilante, de alerta e unidade no acompanhamento desta situação, dentro do espírito de construção coletiva, de paz e não violência.
e) Que aderimos ao plano acordado interinstitucionalmente a favor da causa da Igreja de Sucumbíos – ISAMIS.
f) Que nos unimos à vigília permanente aprovada na Assembleia da ISAMIS de 7 de janeiro, que está sendo realizada na pracinha da Catedral de Nueva Loja, todas as noites.
g) Reiteramos o compromisso na defesa dos interesses da província e o cuidado de nosso espaço social.
Os abaixo-assinados somos cidadãos e cidadãs que aderimos a este pronunciamento e atuamos como representantes das organizações que assinam este manifesto, legalmente facultados.
Marcelo Arana, Coordenador
Delia Malvay, Presidente FEPP Lago Agrio Federação de Mulheres de Sucumbíos
Delia Malvay, Presidente FEPP Lago Agrio Federação de Mulheres de Sucumbíos