domingo, 26 de junho de 2011

2012, o ano da Fé?

[ihu.unisinos]
Cinquenta anos depois do Vaticano II e a 20 anos do Catecismo, o Papa poderia dedicar 2012 à fé na Igreja universal.
A reportagem é de Antoine-Marie Izoard, publicada no sítio Vatican Insider, 24-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A fé, a esperança e a caridade são as três virtudes que a Igreja chama de teologais. Virtudes que são acessíveis ao homem por graça de Deus e que os catequistas, muitas vezes, pelo menos na França, já não ensinam mais há muito tempo. O Papa Bento já dedicou uma encíclica à esperança cristã, Spe Salvi, publicada em novembro de 2007. Dois anos antes, em dezembro de 2005, o papa havia emitido uma outra encíclica, desta vez dedicada à caridade, Deus Caritas Est. Daí a imaginar que o papa teólogo esteja atualmente preparando um texto magisterial sobre a fé, é apenas um passo.
Não é impossível que Bento XVI se dedique um dia, na quietude da sua residência de verão em Castel Gandolfo, a redigir, na sua escrita minúscula, uma encíclica sobre a fé, mas é mais provável que ele prefira lhe dedicar um ano especial. O ano de 2012 poderia ser proclamado como o Ano da Fé na Igreja universal. Assim como houve um Ano Paulino para celebrar o milênio do nascimento do Apóstolo dos Gentios, ou um Ano Sacerdotal por ocasião do 150º aniversário da morte do Cura d'Ars, a Igreja poderia em breve entrar em um Ano da Fé.
Esse ano especial se baseará particularmente no 20º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica. Um importante trabalho que Joseph Ratzinger conhece bem, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, escrito sob sua supervisão ao longo de seis anos. Resumo da doutrina católica sobre a fé e a moral, o Catecismo é um dos frutos de maior fôlego do Concílio Vaticano II. Em 1985, reunidos no Sínodo no Vaticano, 20 anos depois do Concílio, os bispos de todo o mundo pediram que João Paulo promovesse a realização desse Catecismo.
Logicamente, o Ano da Fé deveria contar também com um outro jubileu. No mês de outubro de 2012, quando os bispos de todo o mundo se reunirão ao redor do Papa para um Sínodo sobre a nova evangelização, a Igreja celebrará o 50º aniversário do Concílio Vaticano II, aberto formalmente por João XXIII no dia 11 de outubro de 1962. Não é por acaso que, 30 anos depois, a mesma data foi escolhida pelo Papa João Paulo II para a publicação da Constituição Apostólica Fidei depositum para a publicação do Catecismo da Igreja Católica.
Paulo VI já havia proclamado um Ano da Fé, dois anos depois do final do Concílio. Mas Bento XVI, em Roma, assim como nas várias missões, continua enfatizando a urgência de reapresentar a fé aos nossos contemporâneos. Domingo passado, visitando a pequena República de San Marino, ele lamentou o fato de que muitos "começaram a substituir a fé e os valores cristãos por supostas riquezas, que se revelam, no fim, inconsistentes e incapazes de manter a grande promessa da verdade, do bem, da beleza e da justiça".
E, menos de uma semana antes, abrindo um encontro diocesano em São João de Latrão, o Bispo de Roma havia avisado:" A palavra da fé corre o risco de permanecer muda se não encontrar uma comunidade que a ponha em prática, tornando-a viva e atraente". Cinquenta anos depois do início do Concílio, 20 anos depois da publicação do Catecismo, um novo Ano da Fé não será supérfluo.

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