[unisinos]
8/11/2011
O governo inglês estima que cerca de 1.500 homossexuais irão se unir na
Igreja a partir do próximo dia 5 de dezembro: esse será o resultado da
revogação da lei que proíbe que as Igrejas celebrem uniões civis.
A reportagem é de Delia
Vaccarello, publicada no jornal L'Unità, 07-11-2011. A tradução
é de Moisés Sbardelotto.
O anúncio foi feito pelo subsecretário
para a Igualdade, Lynne Featherstone, depois que o
primeiro-ministro, David Cameron, no recente congresso do Tory [antigo
partido de tendência conservadora do Reino Unido], em Manchester,
havia declarado que acreditava nos casamentos gays, visto que o matrimônio "é
um valor dos conservadores".
Aprovado em 2004 e em vigor desde o dia
21 de dezembro de 2005, o Civil Partnership Act permite
as uniões civis também aos gays e às lésbicas, reconhecendo aos parceiros uma
vasta gama de direitos e deveres (direitos econômicos em caso de separação,
direitos à pensão do parceiro e herdeiros, sucessão nas relações de locação,
direitos em matéria de imigração e cidadania), mas até agora proibia as funções
religiosas e o registro da união em um lugar de culto.
40 mil casais
Seis anos depois, com mais de 40 mil
casais que se valeram da lei, chega a decisão do governo que retira uma
proibição, mas não impõe obrigações às confissões: "O governo está
avançando para a igualdade para as pessoas LGBT. Nenhum grupo religioso será
forçado a hospedar um registro civil, mas aqueles que desejarem poderão
fazê-lo. Esse é um marco importante", declarou Lynne Featherstone.
Os quakers estão prontos, assim como os seguidores da Igreja Unitária e os
judeus progressistas.
Contrárias são a Igreja
Católica e parte da Igreja da Inglaterra, que, em seu
interior, hospeda diversas posições. No ano passado, cinco bispos haviam
escrito uma carta ao jornal The Times, destacando a injustiça
reservada aos casais homossexuais que não poderiam escolher entre união civil e
matrimônio religioso. De acordo com os prelados, o Civil Partnership seria
claramente discriminatório, porque nega aos gays as oportunidades dos
heterossexuais.
Em Canterbury
Desde 2003, ano da nomeação de Gene Robinson como bispo, mesmo sendo
abertamente gay, a Igreja Anglicana vê crescer a
questão da homossexualidade. Há um ano, foi dado o "sim" aos bispos
gays por parte do arcebispo de Canterbury,Rowan Williams, e é de julho passado a marcha
à ré de um documento que, em 2013, irá estabelecer definitivamente as medidas
relacionadas.
Mas o que moveu Cameron a
escolher uma política tão igualitária? Além das suas convicções em matéria de
matrimônio, assim como uma perda incrível de popularidade entre os gays, que
ele tinha conseguido conquistar declarando que a paridades dos homossexuais
devia ser considerada como um direito humano fundamental.
Em junho de 2009, os Tories podiam
contar com 39% dos votos da comunidade homossexual; em abril de 2010, só com
9%. O que derrubou a popularidade foram as infelizes frases de Cameron sobre
uma moção contra uma lei homofóbica na Lituânia, que não foi
apoiada pelos conservadores no Parlamento Europeu.
Liberdade de voto?
Durante uma entrevista, Cameron havia
declarado que, sobre esses temas, os deputados conservadores têm liberdade de
voto, mas foi obrigado a dizer que estava errado quando o entrevistador lhe
perguntou como era possível conceder a liberdade de voto sobre os direitos
fundamentais. Daí a necessidade de dar um sinal claro.
Ainda em fevereiro deste ano, o Ministério
do Interior havia vazado as novidades sobre as uniões civis. Agora, a
decisão. Com a reforma que entra em vigor no dia 5 de dezembro, as uniões
registradas na Igreja podem ser presididas por padres, pastores, rabinos e
outros ministros religiosos e preveem hinos e leitura dos livros sagrados
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