Eisham Ashiq não pôde conter as lágrimas durante a sua participação no Congresso Internacional sobre Liberdade Religiosa Todos Somos Nazarenos #WeAreN2015. Foto: Flickr HazteOír (DC-BY-SEA-2.0) |
27 Abr. 15
MADRI, (ACI/EWTN Noticias).-
Eisham
Ashiq, a filha de 15 anos de Asia Bibi, cristã condenada à morte no
Paquistão e acusada de blasfemar contra o Islã, assegurou recentemente
que sua fé católica a sustenta para esperar a libertação de sua mãe.
Em uma entrevista difundida pela plataforma HazteOír, no marco do
Congresso Internacional sobre Liberdade Religiosa Todos Somos Nazarenos
#WeAreN2015 realizado de 17 a 19 de abril em Madri (Espanha), Eisham
Ashiq assinalou que sua mãe permanentemente a encoraja a centrar-se nos
seus estudos e na sua fé.
“A minha fé sempre me dá a coragem para acreditar que, se Deus quiser,
minha mãe estará conosco. O primeiro que deverei fazer será agradecer a
Deus o privilégio de ter a minha mãe em casa novamente levando uma vida pacífica”, assinalou a jovem, que ainda não tinha completado 10 anos quando a sua mãe foi presa.
Em 2009, Asia Bibi trabalhava recolhendo frutas com outras mulheres
muçulmanas em Sheikhupura, perto de Lahore (Paquistão). Ao aproximar-se
de um poço local para beber um pouco d´água, a acusaram de ter poluído a
água inteira, apenas pelo fato de ser cristã.
Ao dia seguinte, ela foi atacada por um grupo e levada a uma delegacia
de polícia como medida de “segurança”. Lá ela foi acusada de blasfêmia
contra o Islã. Em 2010 Asia Bibi foi condenada à morte, mas houve um
pedido de apelação. Na primeira quinzena do mês de abril, o Papa
Francisco recebeu Eisham Ashiq e o seu pai (esposo de Asia Bibi), Ashiq
Masih, no Vaticano. Nesta ocasião o Santo Padre lhes assegurou suas
orações.
A seguir, a entrevista completa de HazteOír a Eisham Ashiq:
Que idade você tinha quando prenderam a sua mãe?
Eu tinha quase 10 anos.
Como era o dia a dia em casa com sua mãe?
No povoado não havia comodidades, a vida era difícil da manhã até à
noite, mas tínhamos uma vida feliz junto a ela. Eu amo a minha mãe.
Ela falava para você e para os seus irmãos sobre quem é Deus?
Sim, é uma mulher temerosa de Deus e tem uma fé muito grande. Sempre nos falava de Deus e da Sua bondade.
Você lembra do dia que estava no colégio e prenderam a sua mãe?
Aquele dia eu estava junto com ela e lembro como os nossos vizinhos falavam mal da minha mãe.
O que esses homens fizeram com vocês?
Minha mãe estava no seu lugar de trabalho quando chegaram vários homens.
Agarraram-na e a levaram al centro do povoado, onde já havia uma
multidão reunida. Nossos vizinhos e os muçulmanos dos povoados próximos a
golpearam inumanamente, a desmoralizaram e a humilharam. Depois, a
polícia prendeu a minha mãe e a levou à delegacia. Enquanto a golpeavam
ela pediu água, mas ninguém lhe deu um copo de água, não lhe davam
descanso. Eu mesma necessitava água porque estava ali e me pisoteavam da
pior maneira. Alguém me agarrou e me empurrou contra um muro. Estavam
abusando da minha mãe, arrancaram a sua roupa.
Como foi sua vida familiar após este momento?
Sem minha mãe, nossa vida está totalmente atormentada. Embora meu pai
cuide de nós, sentimos muita saudade dela. Não é possível substituir a
minha mãe. Queríamos compartilhar com minha mãe muitas coisas que não
podemos compartilhar com meu pai.
Tinham amigos muçulmanos antes de que acusassem a sua mãe de blasfêmia? Eles os deixaram de lado?
Éramos a única família cristã neste povoado muçulmano. Deixamos o
povoado porque nossos amigos nos deixaram de lado. Eram mal-educados
conosco e decidimos sair deste lugar.
O que a sua mãe fala quando você vai visita-la no presídio?
Recentemente fomos visita-la. Falamos sobre muitas coisas, mas lembro
que acariciou o meu rosto e me aconselhou que a centrar-me nos meus
estudos e na minha fé.
Você tem medo?
Sim, temos medo da acusação de blasfêmia sobre a minha mãe e enquanto
morarmos no Paquistão temos diversas razões para temer. Recentemente uns
suicidas com explosivos nos atacaram em duas Igrejas de Youhanabad.
Noventa por cento das pessoas abandonaram suas casas porque os
muçulmanos ameaçaram queimar a nossa colônia. Eu estou pessoalmente
agradecida ao exército, pois controlaram esta situação.
Qual será a primeira coisa que farão quando, se Deus quiser, sua mãe saia da prisão?
A minha fé sempre me dá a coragem para acreditar que, se Deus quiser,
minha mãe estará conosco. O primeiro que deverei fazer será agradecer a
Deus o privilégio de ter a minha mãe em casa novamente levando uma vida
pacífica.
Você acha possível um futuro de paz para os cristãos no Paquistão?
Na minha humilde opinião e nas minhas atuais circunstâncias acho que não é possível a paz para os cristãos no Paquistão.
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