[unisinos]
"A aguerrida facção conservadora,
particularmente forte no catolicismo norte-americano, como informa a
pesquisa do Washington Post, argumenta que o problema dos divorciados
recasados foi
quase resolvido pela decisão do Papa. Quem divorciou e tem uma nova
união, poderá obter, mais fácil e especialmente mais rápido do que
antes, a anulação do casamento anterior
e, assim, poderá casar-se de novo na Igreja, com o novo partner. Ponto.
Para eles, o problema fica resolvido, salvando os dois lados da
questão, atendendo, ao mesmo tempo, às necessidades dos fiéis, e não
mudando, uma vírgula, da doutrina", escreve o sociólogo italiano Marco Marzano, professor da Universidade de Bérgamo, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 09-09-2015. A tradução é de Ramiro Mincato.
Eis o artigo.
Com uma decisão repentina, ontem, o Papa decidiu acelerar e simplificar, de várias maneiras, os procedimentos de anulação de casamentos católicos pela Sacra Rota Romana.
É uma decisão importante, ainda mais pela proximidade da abertura dos trabalhos do próximo Sínodo,
dedicado à família, em outubro. Como interpretar essa decisão, à luz
das fraturas, que em algumas semanas, serão evidentes, sobre o tema
central do Sínodo, entre aqueles que querem mudar as regras que proíbem, hoje, o acesso à comunhão eucarística para divorciados recasados,
e quem, ao contrário, deseja que a exclusão permaneça tal, também no
futuro? A resposta não é fácil. Acredito que ambos os lados que se
confrontarão no Sínodo, conservadores como Caffara (para citar um), e reformadores como Forte ou Kasper, tentarão tirar vantagem da decisão de ontem.
A aguerrida facção conservadora,
particularmente forte no catolicismo norte-americano, como informa a
pesquisa do Washington Post, argumenta que o problema dos divorciados recasados foi quase resolvido pela decisão do Papa. Quem divorciou e tem uma nova união, poderá obter, mais fácil e especialmente mais rápido do que antes, a anulação do casamento
anterior e, assim, poderá casar-se de novo na Igreja, com o novo
partner. Ponto. Para eles, o problema fica resolvido, salvando os dois
lados da questão, atendendo, ao mesmo tempo, às necessidades dos fiéis, e
não mudando, uma vírgula, da doutrina.
A esta posição da "direita" eclesial, simplificando um pouco, a “esquerda” objetará, na batalha do Sínodo, que o problema não foi resolvido, porque a grande maioria dos casos de divórcio
não foi motivada por razões que permitem a anulação (falta de fé,
brevidade da vida conjugal, aborto, presença de relações extraconjugais,
etc.), mas, simplesmente, pelo fracasso da união, ou
pelo seu esgotamento, ao que seguiu-se o pedido de separação e, em
seguida, de divórcio. Em todos estes casos, que na verdade são a grande
maioria, a alteração dos procedimentos para obter a anulação é inútil,
não serve para nada. O problema permanece quase intacto, dirão os
progressistas-reformadores, a esquerda eclesial, a
menos que, os fiéis, embora tendo tido a possibilidade, até agora não
requereram a anulação, apenas por problemas práticos, relacionados à
complexidade e lentidão dos procedimentos, ou ainda pior, aos custos.
Mas isso significaria subestimar a seriedade das pessoas e dos dramas
familiares, e tratar "a anulação simplificada" como um tipo de oferta
conveniente para todos. Esta é a provável leitura liberal. No entanto,
estou certo, de que mesmo os liberais saberão encontrar no gesto do Papa
elementos muito positivos. Eles verão, na minha opinião, a aplicação de
um estilo benevolente e caridoso, que poderá ser estendido, graças a
decisões clamorosas, de completamente outro alcance teológico, também
para os divorciados comprometidos em novas uniões, que não tinham
intenção de pedir a anulação do casamento anterior. A simplificação da
anulação seria, sob esta luz, a premissa, e não a substituição, de novas
e mais corajosas decisões futuras.
Não sei dizer quem está certo, entre as
duas partes, qual seja a leitura correta da decisão do Papa.
Simplesmente porque não sei para onde o Papa quer ir. Qual sua direção, a
das mudanças mínimas, de ajustes marginais, ou aquelas de reformas
epocais? Ainda não vejo claro. Certamente Francisco convocou os dois Sínodos
para animar o debate interno na Igreja, para fazer emergir as posições
dominantes, os melhores argumentos teológicos. E também para evitar que
alguém, uma parte consistente dos dirigentes eclesiais, se sentisse
excluída das decisões do Papa, colocada de lado, deposta. Mas qual
resultado do Sínodo é mais agradável ao Papa? Ainda mais: se a posição
destinada a afirmar-se no final do sínodo for diferente do que ele,
pessoalmente, prefere, o que será? Ele a ignorará, como um pontífice
monarca absoluto pode fazer, ou a respeitará adequando-se à opinião
prevalente e, em seguida, deste modo, redimensionando significativamente
a centralidade do seu papel no sistema de controle institucional, e
introduzindo uma espécie de oligarquia (porque seriam
levadas em conta apenas a opinião dos pastores e não também aquela dos
fiéis)? São todas perguntas abertas, que nos próximos meses poderiam,
eventualmente, encontrar respostas. E ajudar-nos, assim, a resolver o
enigma deste papado vindo "quase do fim do mundo".
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jbpsverdade: É preciso que fique bem claro duas coisas, a primeira é que a Igreja nunca anulou e nem anulará um casamento válido, ela torna nulo aquilo que nunca existiu, é diferente.
A outra coisa é que a Igreja não proíbe a comunhão aos recasados, ela não permite porque é errado e estão em pecado do adultério, se você quer comungar, comungue, mas depois terá que prestar contas com Deus, sabe porque a Igreja não usa o termo proibir? Porque Deus criou o homem livre.
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