terça-feira, 10 de abril de 2018

Papa menciona diabo repetidamente em documento após suposta refutação do inferno

Por Philip Pullella

Satã é mencionado mais de doze vezes no documento, no qual Francisco fala de como a vida pode ser "uma luta constante contra o diabo, o príncipe do mal".



O papa Francisco colocou Satã em seu devido lugar, citando o diabo repetidamente em um documento publicado nesta segunda-feira, na sequência de uma refutação feita pelo Vaticano no mês passado a um jornalista segundo o qual o pontífice negou a existência do inferno.
No documento, conhecido como Exortação Apostólica e intitulado “Gaudete et Exsultate,” (Rejubile e Exulte), o papa também repudia a quantidade de difamação e calúnia espalhadas pela internet por alguns católicos blogueiros e usuários do Twitter.
Satã é mencionado mais de doze vezes no documento, no qual Francisco fala de como a vida pode ser “uma luta constante contra o diabo, o príncipe do mal”.
No mesmo trecho ele continua: “Assim sendo, não deveríamos pensar no diabo como um mito, uma representação, um símbolo, uma figura de linguagem ou uma ideia. Este erro nos levaria a baixar a guarda, a nos tornarmos descuidados e a terminar mais vulneráveis”.
Francisco se refere às “artimanhas do diabo”, “o espírito do diabo”, “manter o diabo em xeque”, como “banir o diabo” e das “ciladas e tentações do diabo”.
No dia 29 de março o Vaticano se sentiu compelido a reafirmar a existência do inferno depois que Eugenio Scalfari, ateu confesso de 93 anos que desenvolveu uma amizade intelectual com Francisco, escreveu que o papa lhe disse que “não existe um inferno”.
Scalfari se orgulha de não tomar notas nem usar gravadores em seus encontros, “reconstruindo” as conversas mais tarde em seus artigos.
Ironicamente, o pontífice não mencionou o inferno no documento desta segunda-feira em um trecho no qual alertou para as “línguas desenfreadas” na mídia.
No trecho ele se referiu ao ódio da mídia católica na internet, presente de maneira predominante em blogs conservadores de direita e em postagens de tuiteiros que muitas vezes usam uma linguagem forte para criticar católicos liberais e até mesmo o papa.
“Mesmo na mídia católica os limites às vezes são ultrapassados, a difamação e a calúnia se tornam lugares comuns, e todos os padrões éticos e o respeito pelo bom nome dos outros são abandonados”, alertou Francisco.
“É impressionante como às vezes, afirmando defender os outros mandamentos, eles ignoram completamente o oitavo, que proíbe que se preste falso testemunho ou se minta, e vilipendiam outros implacavelmente. Aqui vemos como a língua desenfreada, inflamada pelo inferno, incendeia todas as coisas”, disse, parafraseando uma passagem da Bíblia.

Reuters
 

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