terça-feira, 8 de outubro de 2019

15 anos entre índios e caboclos: o desconhecido grande Apóstolo da Amazônia

[aleteia]

"Nas infindas viagens, ora por água, ora por terra, a cavalgar seu velho burro, era o homem da prece e da atividade sem descanso... Era São Paulo percorrendo as plagas do Amazonas"



O pe. Júlio Maria De Lombaerde é um daqueles missionários que, para a salvação das almas, não apenas dos corpos, a fim de dá-las a Nosso Senhor Jesus Cristo, sedento delas, sacrificou sua vida como verdadeiro apóstolo a partir da sua vida interior de união com o próprio Deus. Considerava os habitantes das regiões de missão como humanos, tal como ele mesmo, ou seja, dotados de corpo e alma e, portanto, de razão, capazes de compreender a Verdade e, assim, de se converterem, de conhecerem a Pessoa de Cristo e crerem n’Ele pela graça da Fé, podendo crescer espiritualmente até a caridade e a união com Deus.
Dom Antônio Affonso de Miranda, bispo emérito de Taubaté, no interior de São Paulo, o chama de “grande apóstolo da Amazônia” e o compara ao apóstolo São Paulo na Igreja primitiva:
Nas infindas viagens, ora por água, ora por terra, a cavalgar seu velho burro, era o homem da prece e da atividade sem descanso (…) Não esmorecia ante as dificuldades insuperáveis. Sofreu, quem sabe, a malevolência dos homens! Mas tinha coração aberto para perdoar. Tinha a alma grande para calar. Tinha fibra de herói para não desanimar. Era o homem de Deus. Era o Apóstolo. Era São Paulo percorrendo as plagas do Amazonas” (“Pe. Júlio Maria, sua vida e sua missão: Um Missionário à feição do Cura d’Ars”. São Paulo: Palavra & Prece, 2010).
O pe. Júlio Maria foi ordenado em 13 de janeiro de 1908. Em 1912, quando fazia um bem imenso pregando missões pela França, foi de repente enviado para a Amazônia brasileira, onde trabalhou durante 15 anos como missionário entre os índios e caboclos.
Em Macapá, fundou providencialmente a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, aprovada pelo Papa Bento XV e que vem se desenvolvendo muito.
Do Norte, após passar algum tempo em Natal, o padre foi para Manhumirim, em Minas Gerais, em 1928, e a obra que ali desenvolveu, com a proteção de Deus e apesar das perseguições constantes movidas pela maçonaria local, é uma prova palpável da divindade da sua missão.
A pedido dos vigários e estimulado por dom Carloto, primeiro bispo de Caratinga, o pe. Júlio Maria, com muito fruto espiritual, percorreu grande parte da diocese pregando missões. Abençoado por Deus e Nossa Senhora, fundou ali a primeira congregação de padres missionários genuinamente brasileira: a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, bem como a das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora.
Polemista sem par, teólogo exímio, pregador admirável e escritor de renome, o pe. Júlio Maria sempre manteve a pena e a inteligência a serviço da Igreja e, por meio do seu jornal O Lutador, se tornou o “terror dos hereges”. Mestre do povo, pai dos pobres, amigo das crianças, era chamado por estas de querido “vovozinho”.
Em trágico acidente de automóvel na véspera do Natal de 1944, quando viajava às pressas para celebrar a Santa Missa, morreu sozinho, longe de seus filhos espirituais, lutando como tinha lutado durante a vida toda.
Servo de Deus, o “Apóstolo da Amazônia” está no início do seu processo de beatificação.

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