sábado, 16 de abril de 2011

O laboratório litúrgico de Ione Buyst, OSB.

Tendo em vista a ampla divulgação e distribuição das obras da referida “especialista litúrgica” por uma das principais livrarias ditas católicas do nosso país, publicamos abaixo trechos do livro “A Missa – Memória de Jesus no Coração da Vida” (São Paulo: Paulinas, 2004), de autoria de Ivone Buist.


“Da teologia medieval herdamos a insistência da presença real de Jesus na Eucaristia. Era uma época em que o padre ficava de costas para o povo, fazia a oração eucarística em latim e em silêncio.”
 ”A eucaristia acabou sendo entendida como uma coisa sagrada, algo para se ver e adorar.”
“O Concílio Vaticano II quis reatar com a teologia dos primeiros séculos, e reencontrou a dimensão pascal da eucaristia. Diz que o Cristo Ressuscitado está realmente presente em todos os momentos da missa (e não somente na chamada “consagração”).Recoloca a oração eucarística como sendo toda ela de ação de graças, oblação, consagração… e manda proclamá-la em voz alta e na língua do povo. Diz que não há missa sem comunhão eucarística. Insiste em que todo o povo coma e beba do pão e do vinho, como participação na morte-ressurreição do Senhor. Não se pode ficar só olhando e adorando a hóstia. A eucaristia volta a ser entendida como ação, para se fazer o que Jesus fez; dar graças, partir e repartir, comer e beber.
Essas duas linhas teológicas misturam-se dentro da missa e complicam nossa maneira de celebrar o momento da narrativa da instituição. A primeira nos manda ajoelhar, olhar para a hóstia, abaixar a cabeça, adorar em silêncio, prestar atenção toda especial a esse momento da celebração. Requer uma profunda devoção individual.
Algumas das obras de Ione Buist, OSB. Pelos títulos e fotos, já se pode imaginar o seu conteúdo.
Algumas das obras de Ione Buist, OSB. Pelos títulos e fotos, já se pode imaginar o seu conteúdo.
A segunda nos ensina a ficar de pé (sinal de ressurreição) de preferência ao redor da mesa, olhar para a mesa onde estão o pão e o vinho, ouvir atentamente e acolher as palavras de Jesus na última ceia (que o presidente lembra, falando com o Pai), aclamar juntos (cantando “Anunciamos, Senhor, a vossa morte…”) e continuar prestando a mesma atenção às partes seguintes, que são tão importantes quanto à narrativa da instituição. Requer uma participação comunitária, ativa e consciente, de todo o povo sacerdotal, na ação eucarística, pascal, feito por Cristo Ressuscitado.”
“Na prática, é difícil romper com séculos de devocionismo eucarístico e suas expressões características da missa. Quem sabe possamos aprofundar a nova teologia da eucaristia em pequenos grupos e comunidades, e aí encontrar uma maneira diferente de celebrar?” (p. 120-122)

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