[IHU]
5/9/2011
Francisco
Javier Barturen (foto) merece a gratidão das pessoas às quais ele
ajudou e a admiração de todos aqueles que acreditam que a solidariedade e a
generosidade são pilares básicos de qualquer sociedade.
Francisco Javier Barturen |
A opinião é
de Juan María Atuxa, presidente da Fundação Sabino Arana e
ex-presidente do Parlamento basco entre 1998 e 2005, em artigo publicado no
jornal El País, 03-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Basco e
"brasileiro". Assim se sentia esse barakaldés, que aterrissou
no Estado brasileiro da Bahia em 1955, onde, como cooperante e
missionário, pôs todo o seu trabalho e seus amplos conhecimentos ao serviço das
camadas mais desfavorecidas da sociedade. Depois de quase seis décadas
dedicadas aos mais necessitados no país latino-americano, Francisco Javier
Barturen faleceu no último dia 25 de agosto em Salvador da Bahia (Brasil).
Nascido em
1930, Barturen ingressou com 15 anos na Companhia de Jesus.
Entre outras matérias, estudou Filosofia, Teologia e Desenvolvimento Econômico
Comunitário.
Com 25 anos,
foi enviado à Bahia, uma das províncias mais desfavorecidas do Brasil.
Depois, foi para os Estados Unidos para, mais tarde, regressar à Bahia,
onde exerceu uma enorme atividade. Foi fundador de escolas de alfabetização de
adultos, de escolas comunitárias, de colégios primários e da Congregação
Universitária Mariana. Além disso, com o apoio econômico do governo
basco, em 1982, criou a Fundipesca, uma fundação que, como o próprio Barturen
dfiniu em mais de uma ocasião, "serve não só para dar comida e trabalho à
população, mas também para sacudir as consciências das autoridades do país, que
diziam que na Bahia não havia peixe".
Além disso,
criou e manteve inúmeros postos de assistência médica, redes para levar o
atendimento médico a pessoas sem meios. Além de seu trabalho assistencial,
introduziu técnicas que permitiram que as comunidades com menos recursos
melhorassem sua produção agrícola, de pesca e de artesanato.
Na área
jurídica, facilitou a organização e a legalização de várias comunidades,
defendeu as terras de pequenos proprietários e criou uma estrutura para
defendê-los legalmente.
Em janeiro
de 2002, fez uma breve viagem a Euskadi para receber o Prêmio Sabino
Arana pela trajetória de toda a sua vida; breve, porque teve que regressar
rapidamente para a Bahia devido aos "graves litígios" que
haviam surgido em torno da propriedade da terra. "Há uma luta feroz com as
classes pobres, de quem agora querem tirar as suas terras", afirmou então.
Seu enorme
trabalho foi reconhecido em muitas ocasiões, dentro e fora do Brasil; o
governo basco também apoiou alguns de seus projetos e, em 1991, foi-lhe
concedido o Primeiro Prêmio ao Cooperante Basco.
Francisco
Javier Barturen merece a gratidão das pessoas às quais ele ajudou
e a admiração de todos aqueles que acreditam que a solidariedade e a
generosidade são pilares básicos de qualquer sociedade.
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