Por: giovane amorim
reporterdecristo - Associações espanholas de defesa dos direitos dos homossexuais lançaram um calendário com imagens baseadas em conhecidas obras de arte sacra, especialmente aparições da Virgem Maria, mas interpretadas por transexuais.
No chamado Calendário Laico, cada mês está representado por uma livre
interpretação de cenas famosas do imaginário católico, como a de Nossa
Senhora de Fátima diante dos três pastores. Mas redecorada com a
estética gay.
As imagens mostram santas em versões drag queen, usando mantos,
coroas, colares, braceletes, tendo preservativos coloridos como aplique e
até vibradores no alto das coroas.
Depois do sucesso de uma experiência-piloto – com 500 cópias
esgotadas na parada do orgulho gay, em junho -, o calendário laico
começa a circular em Madri nesta semana com tiragem de 10 mil
exemplares.
Para o Coletivo de Gays, Lésbicas, Transexuais e Bissexuais de Madri
(Cogam), autores do polêmico calendário, a publicação tem como objetivo
reivindicar que, em um país laico, os feriados santos sejam substituídos
por eventos sociais.
O grupo sugere, por exemplo, que 25 de dezembro seja declarado oficialmente o dia da democracia em lugar do Natal.
“E porque não?”, questionou o presidente do Cogam, Miguel Ángel
González, em entrevista à BBC Brasil. “Talvez muita gente prefira
comemorar coisas com as que se sente mais identificada, como o dia do
meio ambiente ou dia da diversidade.”
‘Provocação’
O calendário deve ser interpretado como provocação ao clero, em um país onde a Igreja, influente, difunde doutrinas contrárias ao homossexualismo e ao uso de preservativos.
O calendário deve ser interpretado como provocação ao clero, em um país onde a Igreja, influente, difunde doutrinas contrárias ao homossexualismo e ao uso de preservativos.
“Pode ser que alguém se chateie. Esperamos que nenhum fiel se sinta
ofendido, porque não era a intenção, nem vemos nada de vulgar nas
fotos”, afirma o ativista.
“Mas também não é uma provocação a onipresença da igreja e a negação
da homossexualidade por parte do clero, fazendo uso dos seus ícones? A
arte está para isso: para romper os esquemas.”
Alguns fiéis já se sentem ofendidos. O grupo católico Religião e
Liberdade, fervente, disse à BBC Brasil que o calendário é uma “ofensa
clara e inconstitucional”.
Citando o Código Penal, o vice-presidente da associação, Raúl
Mayoral, alega que a publicação vulnera o artigo que prevê penas de oito
a doze meses de prisão para quem ofenda os sentimentos dos membros de
uma confissão religiosa.
Para os representantes da Plataforma Hazte oír (Faz-te ouvir), uma
das organizadoras dos protestos nas ruas de Madri contra o aborto e
contra o casamento entre gays, o calendário laico ataca os ícones e
valores católicos, mas não surpreende.
“Estamos fartos de ver estes tipos de agressões. Essa inquisição rosa
é constante porque os homossexuais espanhóis aproveitam qualquer
oportunidade para soltar qualquer barbaridade em nome da liberdade de
expressão”, disse à BBC Brasil Nicolás Susena, coordenador da
plataforma.
“Depois de ver cartazes na parada do orgulho gay com fotos do Papa
Bento 16 e a frase ‘cuidado com o pastor alemão’ o que vamos esperar
desta gente? É revoltante e me dá vergonha de ser espanhol numa
sociedade deste nível.”
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