[epoca]
Leia em ÉPOCA desta semana uma entrevista com o líder da Igreja Católica. "O Natal é um anúncio de alegria", diz o papa
20/12/2013
ANDREA TORNIELLI*, DO VATICANO
ANDREA TORNIELLI*, DO VATICANO
TERNURA E ESPERANÇA |
>> Trecho de entrevista publicada em ÉPOCA desta semana:
"Para mim, Natal é esperança e ternura.” Francisco
fala sobre seu primeiro Natal como papa. Estamos na Casa Santa Marta,
no Vaticano, às 12h50 de uma terça-feira, em dezembro. O papa nos recebe
numa sala, próxima ao salão de jantar, por uma hora e meia. Por duas
vezes, durante a entrevista, o olhar sereno que o mundo inteiro se
acostumou a ver no rosto de Francisco desaparece: quando fala sobre o
sofrimento de crianças inocentes e sobre a fome no mundo. O papa
discorre sobre a convivência com outras correntes cristãs. Toca no
assunto da família, a ser abordado no próximo Sínodo, e responde àqueles
que o chamaram de marxista, por criticar o capitalismo na Exortação
Apostólica.
O que o Natal significa para o senhor?
Papa Francisco – É o encontro com Jesus. Deus sempre procurou seu povo, tomou conta e prometeu estar sempre perto. O livro do Deuteronômio diz
que Deus anda conosco. Ele nos pega pela mão como um pai faz com seu
filho. É uma coisa bonita. Natal é o encontro de Deus com seu povo. É
também uma consolação. O mistério da consolação. Muitas vezes, depois da
missa da meia-noite, passei uma hora ou mais sozinho na capela, antes
de celebrar a missa da aurora. Experimentei um sentimento profundo de
consolação e paz. Me lembro de uma noite de oração após uma missa em
Roma. Acho que foi no Natal de 1974. Para mim, o Natal sempre teve a ver
com isso: contemplar a visita de Deus a seu povo.
O que o Natal significa para as pessoas?
Papa Francisco – Significa ternura e esperança. Quando Deus
nos encontra, nos diz duas coisas. A primeira: tenha esperança. Deus
sempre abre portas, Ele nunca as fecha. Ele é o pai que abre portas para
nós. A segunda: não tenha medo da ternura. Quando cristãos se esquecem
da esperança e da ternura, a Igreja se torna fria, perde seu senso de
direção e fica presa a ideologias e atitudes mundanas, enquanto a
simplicidade de Deus lhes diz: “Sigam em frente, sou o pai que dá
carinho a vocês”. Receio quando os cristãos perdem a esperança e a
habilidade de estender um carinho amoroso aos outros. Talvez por isso,
ao olhar para o futuro, eu fale tanto sobre as crianças e os idosos,
sobre os mais indefesos. Durante minha vida como sacerdote, indo às
paróquias, sempre tentei transmitir essa ternura, particularmente às
crianças e aos idosos. Isso me faz bem e me faz pensar na ternura que
Deus tem conosco.
O Natal costuma ser mostrado como um conto de fadas açucarado, mas Deus nasceu num mundo repleto de sofrimento.
Papa Francisco – A mensagem anunciada a nós nos Evangelhos é
uma mensagem de alegria. Os evangelistas descreveram para nós uma
história de alegria. Eles não questionam a injustiça do mundo ou como
Deus pode ter nascido num mundo assim. Tudo isso é fruto de nossas
próprias contemplações: o pobre, a criança nascida em condições
precárias. O Natal não é a condenação da injustiça social e da pobreza. É
um anúncio de alegria. Tudo o mais são conclusões que tiramos. Algumas
estão corretas, outras estão menos corretas, e outras ainda estão
cercadas de ideologia. Natal é alegria, alegria religiosa. A alegria de
Deus, uma alegria interna de luz e paz. Quando você está incapaz ou numa
condição humana que não permite compreender essa alegria, então vive-se
a festa com alegria mundana. Mas há uma diferença entre a felicidade
profunda e a alegria mundana.
>> Continue lendo esta entrevista em ÉPOCA desta semana.
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