quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O Mistério do Sofrimento

28 janeiro 2014

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Santo Agostinho afirmou que, se Deus não soubesse tirar algo de bom do sofrimento, não permitiria jamais que esse nos atingisse.
Há um mistério profundo no sofrimento. Mistério de dor e angústia que Jesus, pelo Seu sofrimento, transformou em mistério de salvação.
Muitos homens e mulheres mudaram de vida radicalmente por causa do sofrimento. Desde que Jesus escolheu o caminho da dor para nos salvar, o sofrimento passou a ser a “matéria-prima” da salvação. São Paulo falava da “loucura da cruz para aqueles que se perdem, mas poder de Deus para aqueles que se salvam” (citação livre de 1 Cor 1,18). De fato, o poder invisível de Deus se manifesta no sofrimento. Cura a alma, salva o espírito, quebranta o orgulho, elimina a vaidade, abate a opulência, iguala os homens.
E no sofrimento que os homens mais se sentem irmãos, filhos do mesmo Pai. E na hora amarga da dor que se valorizam a fraternidade e a solidariedade. E nessa hora sagrada que os corações se unem, as mãos se apertam e o filho lembra-se do Pai. Não fora o sofrimento angustiante daquele filho pródigo do Evangelho, jamais ele teria abandonado a vida devassa e voltado para a casa do Pai.
Sim, o sofrimento é sagrado! É nele que encontramos a nós mesmos e encontramos os outros, sem máscaras, sem enfeites e sem enganos. Ele não foi criado por Deus, mas Cristo lhe deu um enorme sentido. A dor e a morte são obras trágicas do homem, frutos do seu pecado, do desejo obstinado de querer construir a vida sem Deus. São Paulo não teve dúvida: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23a). E reafirmou: “O pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte; assim a morte passou a todos os homens” (citação livre de Rm 5,12).
Mas Cristo veio exatamente para destruir o pecado e a morte. Como reza a Igreja, “com a Sua morte destruiu a morte, e com a Sua ressurreição devolveu-nos a vida” (missa do Tempo Pascal). O Senhor bebeu o cálice da dor até a última gota, para que todo o sofrimento da terra fosse resgatado, transformado e divinizado. Qualquer que seja a dor, ela é parte da mesma dor do Senhor, pois Ele a assumiu na Sua santa paixão. E por isso que São Paulo afirma: “Completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo” (citação livre de Cl 1,24). Nosso sofrimento é o mesmo sofrimento de Cristo. Assumindo nossa natureza, pela Sua encarnação, Ele assumiu também nosso sofrimento e fez dele o instrumento da nossa salvação. Portanto, qualquer que seja a nossa dor, oferecida a Deus, unida à paixão de Cristo, ela é extremamente valiosa e salvífica. “As nossas tribulações do momento são leves e nos preparam um peso de glória eterna” (citação livre de II Cor 4,17), nos garante São Paulo.
Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, afirmou que ”não existe coisa mais agradável a Deus do que sofrer com pa­ciência e paz todas as cruzes por Ele enviadas”. E Santa Teresa D’Ávila disse que “o mérito consiste em sofrer e amar.
É o sofrimento que quebra em nós o ímpeto do pecado, destrói nossas más inclinações interiores e exteriores e nos preparam para o céu.
“Os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18). São Francisco chegava ao extremo de dizer: “O bem que espe­ro é tão grande que todo sofrimento é prazer para mim.”
Jesus nos manda: “Tome cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9,23c). Se Ele assim o diz, é porque isso é o melhor para nós. Não há que duvidarmos do Senhor. E é Ele quem sabe qual é a cruz que devemos carregar… Não é uma livre escolha nossa. Por isso, precisamos tomá-la e carregá-la não à força e com repugnância e lamentação, mas com humildade, paciência e fé. Nesta vida, não teremos verdadeira paz interior, se não abraçarmos com amor os sofrimentos, oferecendo-os a Deus. Segundo Santo Afonso: “Essa é a condição a que estamos reduzidos em consequência da corrupção do pecado.”
O valor do sofrimento é tamanho, que os santos consideravam como presentes as doenças e as dores que Deus lhes mandava. Como somos diferentes deles! São Vicente de Paulo, por exemplo, dizia: “Se conhecêssemos o precioso tesouro contido nas doenças, recebê-las-íamos com a alegria com que se recebem os maiores presentes.”
O sofrimento, acolhido com fé, produz a santidade. Portanto, não devemos desesperar-nos perante ele, mas abraçá-lo na fé. Que Deus nos dê essa grande graça. A Palavra de Deus nos diz: “Todas as coisas concorrera para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28a) e mais:
Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (1 Ts 5,18).
Sofrer e amar, dando graças a Deus!
Prof. Felipe Aquino
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jbpsverdade: Existe muitas "igrejas" pregando que o sofrimento provém do diabo. Se você está em Cristo e a Palavra afirma que eis uma nova criatura (conf. 2 Cor 5, 17), então é porque o sofrimento faz parte dessa nova criatura. Quando nos decidimos por Cristo, o que irá acontecer? Aquilo que nos fala Jesus no Evangelho de João, isto é... Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. (Jo 15, 1s), quando estamos em Cristo, começamos a dar fruto, e ao dar fruto, Deus nos poda, ou seja, tira de nós tudo aquilo que não lhe agrada e que estamos dispostos a sermos purificado, aliás, o sofrimeto também nos purifica. Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. (Eclo 2, 1-5), e mais... Ouvi essas palavras, mas sem entendê-las. Meu senhor, perguntei, qual será a conclusão de tudo isso? Vamos, Daniel, respondeu; esses oráculos devem ficar fechados e lacrados até o tempo final. Muitos serão limpos, acrisolados e provados. Os ímpios agirão com perversidade, mas nenhum deles compreenderá, enquanto que os sábios compreenderão. (Dn 12, 8-10)
Caríssimos, não vos perturbeis no fogo da provação, como se vos acontecesse alguma coisa extraordinária.
Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada sua glória.
Se fordes ultrajados pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós.
Que ninguém de vós sofra como homicida, ou ladrão, ou difamador, ou cobiçador do alheio.
Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome.
Porque vem o momento em que se começará o julgamento pela casa de Deus. Ora, se ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus?
E, se o justo se salva com dificuldade, que será do ímpio e do pecador?
Assim também aqueles que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem as suas almas ao Criador fiel, praticando o bem.
(1 Pd 4, 12-19), repito, se estamos em Cristo e sofremos, é porque Deus quer que façamos parte, um pouquinho, do sofrimento pelo qual passou Jesus Cristo por nós, e um dia estaremos na glória contemplando Deus face a face.

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