domingo, 30 de março de 2014

Por que devo ser dizimista? - Padre Gerson

Não tenho dúvidas que está é uma pergunta que muitos católicos fazem em meio a tantos apelos feitos pela Igreja para assumirmos este compromisso de fé. Se fossemos procurar na Bíblia, encontraríamos inúmeros versículos que fundamentariam nossa resposta, também se fossemos buscarmos nos documentos e na Tradição da Igreja também perceberíamos que o dízimo não é “algo novo” criado pela Igreja ou mesmo pelos padres das diversas paróquias. O dízimo desde o surgimento do Povo de Deus já era uma prática de nossos Pais, que o diga Abraão, o Pai da Fé (Cf. Gn 14,20b).

Sem querer fazer proselitismo acerca deste tema, nem mesmo convencer o leitor, daquilo que deve ser o compromisso de todo cristão, queríamos aqui refletir acerca dos motivos que nos impelem a sermos dizimistas em nossa comunidade. 

Começo esta reflexão indo à gênesis do Dízimo, para isso gostaria de lembrar as suas dimensões: Religiosa, Social e Missionária. Ambas fundamentais para a sobrevivência da Igreja, da qual você participa e que por ela exerce a responsabilidade de mantê-la viva. A Dimensão Religiosa esta liga diretamente ou indiretamente ao culto e aos seus ministros, é aquela em que a Igreja paga os seus compromissos, tais como manutenção do templo, côngruas dos sacerdotes, salários dos funcionários, encargos, energia, água, telefone, paramentos e utensílios litúrgicos, etc. A Dimensão Social, está ligada aos compromissos sociais da Igreja, dentre eles destacamos os compromissos que temos com os mais necessitados, os pobres ou instituições de necessitados que a Igreja ajuda ou mantêm. A Dimensão Missionária está diretamente ligada à missão ou à pastoral, aqui destacamos os trabalhos das diversas pastorais, os gastos ou ajudas que temos em manter os missionários ou mesmo os investimentos que são realizados nestas perspectivas, tais como encontros e formações.

Como se percebe, nem tudo é tão fácil como se pensa, tudo necessita de gastos, e o dízimo serve para honrar os compromissos que a evangelização requer.

Mas se isto ainda não responde a pergunta feita no título desta reflexão, gostaria de lembrar-lhes que o dízimo, juntamente com a boa vontade dos filhos de Deus, é o responsável por tudo o que a Igreja realiza em termos de obras sociais. A mídia não divulga, mas a Igreja mantém orfanatos, asilos, escolas, seminários, projetos sociais, enfim uma série de ações que envolvem sempre mais gastos.

Somente um cristão (católico?) que não conhece a sua Igreja é que questiona a necessidade do dízimo nas comunidades, pois aqueles que conhecem e amam a sua Igreja são comprometidos com esta causa, que não é uma imposição. O dízimo é um instrumento concreto de manifestar a própria adesão e comunhão com o projeto de Jesus no anuncio do Reino. Sendo dizimista, muito mais que restituir o que é de Deus, eu me torno corresponsável pela evangelização em todas as dimensões, também passo a ser comprometido com a Igreja e seu projeto de anuncio do Reino.

É pela minha participação como dizimista que saio do comodismo, da frieza espiritual e do egocentrismo e me torno um cristão participativo na comunidade, solidário, dinâmico, livre dos apegos materiais que muitas das vezes me deixa escravo do ter, do possuir sempre mais e me impede de experimentar a dinâmica da partilha.

Quando fujo das obrigações da partilha do dízimo, estou em falta não apenas com as minhas obrigações de filho(a) de Deus, mas estou em falta com a Igreja, com o projeto do Reino de Deus e com a minha própria identidade de cristão, pois estou retendo em minha vida, aquilo que não me pertence e que é consagrado a Senhor, isto mesmo, o dízimo é consagrado ao Senhor (cf. Lv  27, 30-32) e por conseguinte restituí-lo é dar a Deus o que é de Deus.

O dízimo ainda pode representar muito na minha caminhada de conversão, é ele um sinal de gratidão a Deus, por tudo aquilo que Ele me concede, é também sinal de fidelidade, pois se não me pertence, por que ficar em minha vida com algo que não é meu? Nunca devemos esquecer que quando sou fiel nas pequenas coisas, Deus sempre nos confiará as grandes, pois conhece a retidão de nossos corações.

Por fim, creio que todos desejam e sonham com uma Igreja que seja comunhão, que sejamos fraternos, solidários e que o amor seja sempre a marca que nos identifica como autênticos cristãos. Nesta esperança, convido você leitor, a caminhar sem medo, a buscar em Jesus Cristo e nos seus ensinamentos a força na caminhada. Nunca esqueça que a Igreja depende e necessita que cada discípulo missionário do Senhor assuma a sua identidade de batizado, e que o mundo só será transformado quando tivermos consciência de nosso chamado, e assim como Maria, dizermos o nosso SIM a Deus e ao seu Projeto.

Texto: Padre Gerson

Reitor do Seminário Imaculada Conceição da Diocese de Sobral

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...