Não
tenho dúvidas que está é uma pergunta que muitos católicos fazem em meio a
tantos apelos feitos pela Igreja para assumirmos este compromisso de fé. Se
fossemos procurar na Bíblia, encontraríamos inúmeros versículos que
fundamentariam nossa resposta, também se fossemos buscarmos nos documentos e na
Tradição da Igreja também perceberíamos que o dízimo não é “algo novo” criado
pela Igreja ou mesmo pelos padres das diversas paróquias. O dízimo desde o
surgimento do Povo de Deus já era uma prática de nossos Pais, que o diga
Abraão, o Pai da Fé (Cf. Gn 14,20b).
Sem
querer fazer proselitismo acerca deste tema, nem mesmo convencer o leitor,
daquilo que deve ser o compromisso de todo cristão, queríamos aqui refletir
acerca dos motivos que nos impelem a sermos dizimistas em nossa comunidade.
Começo
esta reflexão indo à gênesis do Dízimo, para isso gostaria de lembrar as suas
dimensões: Religiosa, Social e Missionária. Ambas fundamentais para a
sobrevivência da Igreja, da qual você participa e que por ela exerce a
responsabilidade de mantê-la viva. A Dimensão Religiosa esta liga diretamente
ou indiretamente ao culto e aos seus ministros, é aquela em que a Igreja paga
os seus compromissos, tais como manutenção do templo, côngruas dos sacerdotes,
salários dos funcionários, encargos, energia, água, telefone, paramentos e
utensílios litúrgicos, etc. A Dimensão Social, está ligada aos compromissos
sociais da Igreja, dentre eles destacamos os compromissos que temos com os mais
necessitados, os pobres ou instituições de necessitados que a Igreja ajuda ou
mantêm. A Dimensão Missionária está diretamente ligada à missão ou à pastoral,
aqui destacamos os trabalhos das diversas pastorais, os gastos ou ajudas que
temos em manter os missionários ou mesmo os investimentos que são realizados nestas
perspectivas, tais como encontros e formações.
Como
se percebe, nem tudo é tão fácil como se pensa, tudo necessita de gastos, e o
dízimo serve para honrar os compromissos que a evangelização requer.
Mas
se isto ainda não responde a pergunta feita no título desta reflexão, gostaria
de lembrar-lhes que o dízimo, juntamente com a boa vontade dos filhos de Deus,
é o responsável por tudo o que a Igreja realiza em termos de obras sociais. A
mídia não divulga, mas a Igreja mantém orfanatos, asilos, escolas, seminários,
projetos sociais, enfim uma série de ações que envolvem sempre mais gastos.
Somente
um cristão (católico?) que não conhece a sua Igreja é que questiona a
necessidade do dízimo nas comunidades, pois aqueles que conhecem e amam a sua
Igreja são comprometidos com esta causa, que não é uma imposição. O dízimo é um
instrumento concreto de manifestar a própria adesão e comunhão com o projeto de
Jesus no anuncio do Reino. Sendo dizimista, muito mais que restituir o que é de
Deus, eu me torno corresponsável pela evangelização em todas as dimensões,
também passo a ser comprometido com a Igreja e seu projeto de anuncio do Reino.
É
pela minha participação como dizimista que saio do comodismo, da frieza
espiritual e do egocentrismo e me torno um cristão participativo na comunidade,
solidário, dinâmico, livre dos apegos materiais que muitas das vezes me deixa
escravo do ter, do possuir sempre mais e me impede de experimentar a dinâmica
da partilha.
Quando
fujo das obrigações da partilha do dízimo, estou em falta não apenas com as
minhas obrigações de filho(a) de Deus, mas estou em falta com a Igreja, com o
projeto do Reino de Deus e com a minha própria identidade de cristão, pois
estou retendo em minha vida, aquilo que não me pertence e que é consagrado a
Senhor, isto mesmo, o dízimo é consagrado ao Senhor (cf. Lv 27, 30-32) e por conseguinte restituí-lo é
dar a Deus o que é de Deus.
O
dízimo ainda pode representar muito na minha caminhada de conversão, é ele um
sinal de gratidão a Deus, por tudo aquilo que Ele me concede, é também sinal de
fidelidade, pois se não me pertence, por que ficar em minha vida com algo que
não é meu? Nunca devemos esquecer que quando sou fiel nas pequenas coisas, Deus
sempre nos confiará as grandes, pois conhece a retidão de nossos corações.
Por
fim, creio que todos desejam e sonham com uma Igreja que seja comunhão, que
sejamos fraternos, solidários e que o amor seja sempre a marca que nos
identifica como autênticos cristãos. Nesta esperança, convido você leitor, a
caminhar sem medo, a buscar em Jesus Cristo e nos seus ensinamentos a força na
caminhada. Nunca esqueça que a Igreja depende e necessita que cada discípulo
missionário do Senhor assuma a sua identidade de batizado, e que o mundo só
será transformado quando tivermos consciência de nosso chamado, e assim como
Maria, dizermos o nosso SIM a Deus e ao seu Projeto.
Texto:
Padre Gerson
Reitor
do Seminário Imaculada Conceição da Diocese de Sobral
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