segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Catequese de adultos: a iniciação cristã de adultos (III)

Etapas que marcam mudanças e fortalecem a fé.

 

Brasília, (Zenit.org)
Por José Barbosa de Miranda

Vimos, nos dois artigos anteriores (Cf art1, Cf art 2), que a adesão a Cristo parte do conhecimento, reflexão e maturação da fé. Seguindo o testemunho dos primeiros cristãos, podemos formar uma reta consciência alimentada por atos responsáveis. Lembramos que o catecumenato é um noviciado à vida cristã. Enfocamos como é a temática destes artigos, a prioridade para os adultos. Concluímos que a fé e a graça se alimentam da ação da Igreja (assembleia reunida) que se renova.

A INICIAÇÃO É UM NOVICIADO

Entende-se como noviciado a preparação, por etapas, para passar de uma posição social ou religiosa para outra, no contexto dessa instituição. A iniciação é o processo, ou série de processos de natureza ritual, que efetivam e marcam a promoção de indivíduos a novas posições sociais ou o acesso a determinadas funções religiosas ou políticas. É um ato formal, de natureza simbólica, pelo qual se declara a inserção na nova realidade ou sociedade, através de um Rito de Passagem.
 A iniciação tem caráter educativo e preparatório. Chamamos a isso Ritos de Passagem da vida antiga para vida nova, que implica em separação (tirar de uma situação) para agregar a outra. Essa fase consta de etapas com Ritos de Separação (aceitação), Tempo de Margem e Ritos ou noviciado propriamente entendido, e, finalmente, Rito de Agregação ou inclusão.Separação, segregação ou marginalização do seu ambiente de origem e de vida anterior, passando de uma situação anterior a uma nova, através de uma permanência temporária intermediária e peculiar. Essa separação não é só despedida temporária, mas, definitiva, com renúncia dos hábitos e práticas sociais para assumir a nova realidade.
Os ritos têm finalidade pedagógica: abandono da situação anterior, situação nova e ainda não assumida, treinamentos preparatórios para a vida futura prestes a assumir. 
Não é mais o que foi. No nível da fé o passado morreu para dar lugar à nova vida, por isso é preciso estar instruído e preparado para novos exercícios e testemunhos de fé. Ainda não é o que será, ainda não ressuscitou para a vida nova. Inicia-se uma agregação com metodologia pedagógica, nada de imediatismos e de magia. Isso é a primeira etapa das diversas passagens.

A CATEQUESE NA INICIAÇÃO CRISTÃ

A fé é fruto do encontro entre a graça de Deus e o mistério da liberdade humana, a Iniciação Cristã conduz a uma ação interior e transformadora realizada por Deus, de forma livre e gratuita. 
A catequese cria ambiente para levar à conversão, promovendo o fortalecimento da fé pelo conhecimento da mensagem cristã; educando par o agir cristãmente. Exatamente, por isso, não só é possível, mas necessária, a Iniciação Cristã. A catequese deverá ser entendida em sentido instrumental, isto é, no âmbito das mediações humano-eclesiais para ajudar no processo do despertar e do crescimento da fé.Um dos desafios é encontrar métodos que atendam ao momento atual e contribuam para uma Iniciação Cristã que chegue ao coração dos catequizandos. “A pluralidade dos métodos na catequese contemporânea pode ser sinal de vitalidade e de talento inventivo. Em qualquer hipótese, importa que o método escolhido se a tenha no fim de contas a uma lei fundamental para toda a vida da Igreja: a lei da fidelidade a Deus e da fidelidade ao homem, numa única atitude de amor” (CT 55).

PROCURA DO MÉTODO

Qualquer que seja o método, ele essencialmente deve ser fundamentado na pessoa de Jesus Cristo, provocando mudança de vida com inserção eclesial. É uma experiência do encontro com o Senhor na vida comunitária. “Deseja-se acentuar, antes de mais nada, que no centro da catequese nós encontramos essencialmente uma Pessoa: é a pessoa de Jesus de Nazaré, «Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14), que sofreu e morreu por nós, e que agora, ressuscitado, vive conosco para sempre. É este mesmo Jesus que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6); e a vida cristã consiste em seguir a Cristo, sequela Christi” (CT 5). 
Tal catequese deve conduzir na direção de uma experiência de fé madura, uma fé adulta. A catequese, visando a “fé adulta” promoverá uma opção mais decisiva e coerente pelo Senhor e sua causa, ultrapassando as experiências de fé individualista, intimista e desencarnada. A tarefa da catequese é um serviço à Iniciação à Vida Cristã, promovendo um processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade.Já fizemos referência à prioridade que deve ser dada à catequese com adultos, mas não é demais repeti-la com a Catequese renovada: “É na direção dos adultos que a Evangelização e a Catequese devem orientar seus melhores agentes. São os adultos os que assumem mais diretamente, na sociedade e na Igreja, as instâncias decisórias e mais favorecem ou dificultam a vida comunitária, a justiça e a fraternidade. Urge que os adultos façam uma opção mais decisiva e coerente pelo Senhor e sua causa, ultrapassando a fé individualista, intimista e desencarnada. Os adultos, num processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade, criarão, sem dúvida, fundamentais condições para a educação da fé das crianças e jovens, na família, na escola, e nos Meios de Comunicação Social e na própria comunidade eclesial” (CR, 130).
Para que a Iniciação Cristã responda aos seus pressupostos, a catequese deve oferecer necessariamente dois serviços fundamentais: 1) conteúdo par uma iniciação cristã unitária e coerente, para crianças, adolescentes e jovens, em íntima conexão com os sacramentos da iniciação já recebidos ou a receber, e correlacionado com a pastoral da educação da fé (cf. DGC 174a); 2) oferecer aos iniciandos um fundamento para sua fé, realizando ou completando a iniciação cristã inaugurada com o Batismo (cf.DGC 174b). 
Assim, catequese de Iniciação Cristã adaptará a sua mensagem aos diferentes interlocutores para de que a Palavra de Deus ilumine a vida e a ação dos catequizandos.

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