sábado, 21 de dezembro de 2019

Lições da genealogia de Jesus Cristo segundo Mateus

Um texto que parece meramente “burocrático”, mas cujo significado é cheio de surpresas




Reproduzimos a seguir um texto de dom Henrique Soares da Costa, bispo da diocese pernambucana de Palmares, a respeito da genealogia de Jesus – um texto que parece meramente “burocrático”, mas cujo significado é cheio de surpresas:
Neste último dia 17 de dezembro, início da Semana Santa do Natal, como Evangelho, a liturgia apresentou-nos a genealogia deu Senhor Jesus. É um escrito a primeira vista árido, mas, olhado com mais atenção, aparece riquíssimo de significado. Eis algumas lições preciosas:
  1. O texto começa afirmando que o Senhor é filho de Davi, filho de Abraão. Ele é verdadeiro homem, vindo do limo da terra, da raça dos filhos de Adão. O Evangelho segundo Lucas afirma claramente que Jesus nosso Senhor é “filho de Adão, filho de Deus” (cf. 3,38). Por outro lado, Ele é o cumprimento das promessas feitas a nosso Pai Abraão (“Por tua descendência todos os povos da terra serão abençoados” – Gn 12,3) e a Davi (“O teu trono se estabelecerá para sempre” – 2Sm 7,16).
  2. Na genealogia aparecem santos como o rei Josias e ímpios como Manassés. O Cristo Jesus não vem de uma raça pura, imaculada, mas de uma humanidade marcada por grandezas e baixezas. É na trama da nossa vida, nos altos e baixos da existência, dia após dia, que Deus vai tecendo na nossa pobre vida o Seu desígnio de amor e salvação.
  3. Na genealogia aparecem cinco mulheres, todas elas em situação peculiar e irregular: Tamar, que teve um filho do sogro Judá; Raab, que era uma prostituta cananeia; Rute, que era uma pagã moabita, a mulher de Urias, com quem Davi adulterou e da qual nasceu Salomão e, finalmente, Maria, que antes de casar e ainda virgem, concebeu… Diante do Senhor Deus tudo tem sentido, tudo vai se encaixando e até nossas debilidades e percalços servem ao Seu plano de amor!
  4. Pense-se em quanta dor, quanta incerteza, quantas lágrimas em toda esta história de Israel… E Deus tecendo, e Deus conduzindo tudo à plenitude do Cristo, Santo Messias. Quantas recordações dolorosas na alusão que o texto faz ao Exílio de Babilônia: “Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia”. Parecia o fim, parecia que tudo iria se acabar… Mas, não! Deus estava conduzindo a história, Deus estava levando tudo a bom termo!
  5. Outro dado importante: se Jesus nosso Senhor vem da nossa raça, se vem dessa velha e sofrida humanidade, por outro lado, Ele é um novo Começo, vem de Deus e não do homem. Esta novidade aparece na própria estrutura da narrativa: Fulano gerou Beltrano, Beltrano gerou Sicrano… Mas quando chega em Jesus, quebra-se a estrutura: “Matã gerou Jacó. Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo”. O normal seria: Mata gerou Jacó. Jacó gerou José, José gerou Jesus… Mas, não! Aqui se tem uma quebra, aqui Deus intervém! Aqui algo novo e inusitado iria começar!
  6. Uma última observação: “Assim, as gerações desde Abraão até Davi são catorze; de Davi até o Exílio na Babilônia catorze; e do Exílio na Babilônia até Cristo, catorze”. Veja: Jesus é o fruto maduro de um caminho: 3 vezes 2×7: 3 e 7 indicam perfeição. Jesus é fruto de uma linhagem de três vezes quatorze. Em outras palavras: na plenitude do tempo (não antes, não depois) Deus visitou a nossa terra e nos trouxe a Salvação!
Pois veja, meu caro Leitor, quando nos aproximamos da Palavra de Deus com um olhar mais atento, quanta riqueza, quanto de Eternidade ela nos oferece, quanto facho de luz nos dias da nossa vida ela projeta!
Gostaria somente ainda de recomendar um Natal vivido de modo verdadeiramente cristão:
  • além das luzes das casas, cuidemos de iluminar com Cristo a nossa vida;
  • além dos presentes, estejamos atentos ao que eles deveriam significar: o Presente estupendo, surpreendente que o Pai nos enviou: Seu Filho feito homem, do nosso barro, feito um de nós, companheiro de caminho, para nos salvar, para abrir-nos a eternidade!
  • que a vestimenta nova de Natal que mais nos preocupe seja aquela, alva, do nosso Batismo, que deve ser branquejada pelo sacramento da Confissão!
  • E a ceia natalina ou o almoço do dia do Natal, que tanto evocam de sentimento e memória no aconchego de nossos lares? Que nos façam ter presente que toda ceia cristã é preparação, sinal e prolongamento da Ceia eucarística, na qual o Senhor, Menino que nos foi dado, continua a dar-Se como Cordeiro imolado e ressuscitado para nossa salvação.
Que estes pensamentos o ajudem a viver bem esta semana de preparação para o santo Natal do Senhor.
E desde já, feliz e abençoado Natal!

Fonte - aleteia

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