domingo, 6 de julho de 2025

Castidade: Vamos falar sobre isso?

Os jovens beneficiam muito quando lhes falamos destas realidades com toda a doce clareza do mundo: é a única forma de viver a sexualidade com verdadeiro amor, no dom total da pessoa no matrimónio.

Castidade: Vamos falar sobre isso?  

 

 

 

No Documento Preparatório para o próximo Sínodo, no qual os bispos e outros participantes da assembleia dirigirão a sua atenção especialmente para o "mundo dos jovens no seu discernimento vocacional", inclui-se este parágrafo:

«Pelos motivos já referidos, o mundo dos novos media merece uma menção especial. Tornou-se verdadeiramente um lugar de vida, especialmente para as gerações mais jovens. Oferece muitas oportunidades sem precedentes, especialmente em termos de acesso à informação e desenvolvimento de relações à distância, mas também apresenta riscos (por exemplo, cyberbullying, jogo, pornografia, as armadilhas das salas de chat, manipulação ideológica, etc.). Apesar das muitas diferenças entre as várias regiões, a comunidade cristã continua a fortalecer a sua presença nesta nova arena, onde os jovens têm, sem dúvida, algo para lhe ensinar.»

Ao longo do Documento, os jovens são encorajados a esforçar-se por influenciar a sociedade para que o exemplo da sua vida cristã possa eliminar a violência, viver em paz e solidariedade com todos, etc. Este é o único parágrafo que faz alguma referência ao "mundo da sexualidade" dos jovens, ainda que de forma muito colateral, referindo-se simplesmente ao risco da pornografia. Só risco?

Neste sentido, parece-me que os jovens — e também os menos jovens — precisam de palavras claras e diretas que os guiem pelo mundo em que vivem. São invadidos pela propaganda e submetidos a pressões sociais que dão a impressão de que encontrarão a "felicidade" dando livre curso, de qualquer modo, a todo o instinto sexual que comece a florescer nos seus corpos e nas suas imaginações.

Médicos, psicólogos, psiquiatras, professores, etc., estão bem cientes da deterioração que a entrega a "experiências sexuais" de qualquer tipo pode causar na adolescência, juventude e também na idade adulta.

Desde os seus primórdios, a Igreja tem travado uma grande batalha para orientar as pessoas na descoberta do dom da sexualidade, tal como Deus o pretendia quando criou o mundo. O Papa Francisco reiterou-o claramente nos n. 280-286 da Amoris Laetitiae, onde, entre outras coisas, realça mesmo a necessidade de preservar o pudor:

"Uma educação sexual que promova um saudável sentido de pudor é de imenso valor, mesmo que alguns hoje a considerem coisa do passado", acrescenta. "O pudor é uma defesa natural da pessoa que salvaguarda a sua interioridade e a impede de ser transformada em mero objeto" (n.º 282).

Os primeiros cristãos eram conhecidos, entre outras coisas, por "viver a fidelidade conjugal"; por não matar crianças no útero; e por rejeitar a prática da "fornicação" (união sexual fora do casamento); como tinha sido explicitamente recomendado pelo primeiro Concílio da história: o Concílio de Jerusalém.

São Paulo também o recordou com toda a clareza possível:

"Não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os sodomitas, nem os homossexuais masculinos... herdarão o Reino de Deus" (1 Co 6:9).

Os jovens beneficiam muito quando lhes falamos destas realidades com toda a doce clareza do mundo: é a única forma de viver a sexualidade com verdadeiro amor, no dom total da pessoa no matrimónio.

Num encontro em Turim, um estudante universitário perguntou a João Paulo II: "Na tua opinião, o que significa o amor para nós, jovens?"

E ele respondeu:

Queria ligar esta questão a outras em que fala da sua preocupação e perplexidade com a atmosfera de "hedonismo exasperado", da "pornografia generalizada", da "mentalidade permissiva" que inevitavelmente nos leva a esquecer valores mais elevados e indispensáveis. E continuou: "Concordo consigo. Amar autenticamente, como cristãos, hoje significa ir contra a corrente, ser homens e mulheres adultos que chamam o mal de mal e o bem de bem, e lutar corajosamente contra a moda de afirmar que amar é o mesmo que experimentar o sexo. Se querem viver o estilo de amor de Cristo, preparem-se para aprender a sofrer com Ele, na Sua companhia".

E esclarece que amar como cristão não é apenas defender-se das tentações e renunciar aos prazeres obsessivos:

Amar como cristãos levá-los-á a apaixonar-se por toda a alma, referindo-se a Deus e aceitando a entrega da vida como um dom total, sem procurarem a mera posse egoísta. Amando assim, tereis a inteligência e a cultura do amor, e vereis e desfrutareis de viver as exigências da entrega do corpo e da alma em coisas muito concretas, no matrimónio, no celibato.

E falando aos jovens holandeses em 1985, um percurso particularmente difícil para João Paulo II, comentou que ficava perturbado ao encontrar jovens incapazes de amar verdadeiramente, que reduziam todo o significado de "amar" a uma troca de prazeres entre iguais, que não viam na sexualidade um chamamento, um convite a um amor mais elevado e universal.

Lembrando a estes jovens os seus preconceitos e desconfianças em relação à Igreja, e o seu desejo de que esta fosse mais permissiva até em matéria sexual, implorou-lhes que fossem muito francos e recordou-lhes as palavras claras e firmes de Cristo no Evangelho a respeito da sexualidade, defendendo a indissolubilidade do matrimónio (cf. Mt 19,3-9 ) e a sua firme condenação do adultério de coração (cf. Mt 5,27-28). Perguntou-lhes: "Será realista imaginar um Cristo 'permissivo' no âmbito da vida conjugal, no aborto, nas relações sexuais pré-matrimoniais, extraconjugais e homossexuais?"

E acrescentou que a primeira comunidade cristã, que tinha aprendido diretamente dos Apóstolos e dos discípulos que tinham conhecido pessoalmente o Senhor, também não tinha sido permissiva.

Esperemos que o Sínodo também aborde plenamente esta questão, e não se limite a uma recomendação genérica, dizendo aos jovens que devem viver a "castidade". Infelizmente, para muitos deles, esta palavra não tem qualquer significado.

Publicado originalmente em Religião Confidencial.

 

Fonte - infocatolica

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