Um olhar mais atento ao ensinamento católico revela uma verdade crua: embora as orações sejam de fato poderosas, meros “pensamentos” não realizam nada na ordem sobrenatural.
Por Mark Haas
Em momentos de tragédia, tornou-se quase instintivo para políticos, celebridades e figuras públicas declarar que estão oferecendo "pensamentos e orações" aos aflitos. A frase se tornou tão comum que perdeu sua força. Em muitos círculos, tornou-se até alvo de ridículo — os críticos a acusam de ser um substituto vazio para uma ação significativa. Por outro lado, os defensores insistem que é pelo menos um gesto de compaixão. Mas um olhar mais atento à doutrina católica revela uma verdade mais contundente: embora as orações sejam de fato poderosas, meros "pensamentos" não realizam nada na ordem sobrenatural.
O que significa orar?
A palavra "pray" em si significa pedir. Em inglês mais antigo, pode-se ouvir a expressão "pray tell" — um apelo para que alguém dê uma resposta ou explicação. Orar, em seu sentido mais verdadeiro, é pedir a Deus ajuda, misericórdia ou graça. É um movimento do coração direcionado ao Criador, não apenas um sentimento que guardamos dentro de nós.
A Sagrada Escritura nos exorta constantemente à oração. Jesus nos diz claramente: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mateus 7:7). São Paulo exorta os tessalonicenses a “orar sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17).
O Catecismo da Igreja Católica ensina: “A oração é a elevação da mente e do coração a Deus ou o pedido de bens a Deus” (CIC 2559, citando São João Damasceno). E continua:
Seja a oração expressa em palavras ou gestos, é o homem inteiro que ora. Mas, ao nomear a fonte da oração, a Escritura fala às vezes da alma ou do espírito, mas com mais frequência do coração. É o coração que ora. ( CIC 2562)
A oração, portanto, não é uma noção vaga ou “vibrações positivas”. Não é simplesmente “ter bons pensamentos”. É um encontro real e vivo com Deus.
Por que “pensamentos” não são suficientes
Pensamentos por si só, por mais gentis que sejam, não têm efeito sobrenatural. Pensar em alguém sofrendo ou sofrendo pode despertar compaixão em nós e, nesse sentido, os pensamentos podem preparar o terreno para a verdadeira caridade. Mas, por si só, não fazem nada pela alma do outro.
Santa Teresa de Ávila disse certa vez: “A oração nada mais é do que uma partilha íntima entre amigos; significa reservar tempo frequentemente para estar a sós com Aquele que sabemos que nos ama”. Pensar em uma pessoa não é o mesmo que elevá-la a Deus em oração.
Da mesma forma, o Papa Bento XVI ensinou: “A oração não é um acessório ou opcional, mas uma questão de vida ou morte. Somente aqueles que rezam, isto é, que se entregam a Deus com amor filial, podem entrar na vida eterna” (Audiência Geral, 16 de maio de 2012). Observe — ele não diz “somente aqueles que pensam”. A oração é o que transforma.
A Loucura dos “Pensamentos e Orações”
É por isso que a expressão cultural comum "pensamentos e orações" é tão insatisfatória. Ela agrupa duas realidades que não são equivalentes. Uma é divinamente ordenada e eficaz. A outra é mero sentimento. Dizer "pensamentos e orações" é confundir a linha entre o que Deus nos pediu — a verdadeira intercessão — e o que é simplesmente uma reação humana natural.
O próprio Catecismo enfatiza a eficácia da oração: “A oração é uma necessidade vital. A prova em contrário não é menos convincente: se não nos deixamos guiar pelo Espírito, caímos novamente na escravidão do pecado” (CIC 2744). A oração nos eleva à vida de Deus. Os pensamentos, sem ajuda, nos deixam inalterados.
Um Chamado para Recuperar a Oração
O desafio para os católicos hoje é recuperar a confiança de que a oração realmente importa. O próprio Jesus orava constantemente: retirava-se para as montanhas; levantava-se cedo pela manhã; e mesmo em Sua agonia no Getsêmani, elevava Seu coração ao Pai. Se o Filho de Deus orava, quanto mais nós devemos orar?
São Padre Pio, famoso por sua incansável intercessão, disse certa vez: “A oração é a melhor arma que temos; é a chave para o coração de Deus”. Substituir a oração por “pensamentos” é deixar de lado a única arma que Cristo realmente colocou em nossas mãos.
Da próxima vez que uma tragédia nos atingir, não desvalorizemos nossa resposta com banalidades. Digamos claramente: Rezarei por você. Melhor ainda: Estou rezando por você agora. O mundo precisa menos dos nossos pensamentos e mais das nossas orações. Os pensamentos são fugazes, insubstanciais, autocontidos. As orações são poderosas, eficazes e enraizadas na promessa de Deus. Como nos lembra o Catecismo, “A oração e a vida cristã são inseparáveis” (CIC 2745).
Digamos, portanto, com convicção: Sim às orações! Não aos pensamentos. Pois as orações alcançam o Céu, e o Céu alcança a Terra.
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Fonte - crisismagazine
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