22 janeiro 2011
D. Estevão Bettencourt, osb

Em síntese: A Santa Sé publicou recentemente um documento em que afirma:
1) A educação sexual é necessária para promover a maturidade afetiva dos adolescentes e jovens e integrar amor, sexualidade e genitalidade na harmonia de uma personalidade bem formada.
2) Educação sexual não é apenas instrução sexual, anatômica, fisiológica, mas é também apresentação dos valores morais que se prendem à sexualidade, transmissão do sentido da vida e do amor, assim como despertar de sólidos hábitos virtuosos.
3) A educação sexual há de ser oferecida gradativamente, de acordo com a evolução e as necessidades do educando.
4) Por isto a educação sexual deve ser, de preferência, ministrada individualmente e, só com muita cautela, em grupos.
5) Os primeiros ministros da educação sexual são os genitores ou a família, que, mais do que ninguém, é apta a conhecer a psicologia e a individualidade dos respectivos filhos.
6) À escola toca continuar e complementar a função educadora dos pais, procurando manter diálogo e colaboração estrita com estes.
7) É necessário que o educador, no caso, seja pessoa habilitada para tanto. Isto exige dos noivos e dos genitores certo preparo para transmitirem a seus filhos sólida formação moral e sexual. Exige também dos profissionais da escola competência específica. E de todos requer a prática do autodomínio, da maturidade afetiva, da oração e da vida sacramental para que possam comunicar, como cristãos, os autênticos princípios da formação da personalidade.
A 1º/11/1983 a S. Congregação Católica promulgou uma Instrução sobre educação sexual, assinada pelo Prefeito Cardeal William Baum e pelo arcebispo Secretário D. Antonio M. Javierre. Este documento é o fruto de várias anos de estudos realizados por peritos de diversas áreas, sob o incentivo do S. Padre. A índole de tal documento é pedagógica e pastoral, pois trata de como e quando ministrar a educação sexual em fidelidade à doutrina da Igreja. Interessa à família, à escola e, em geral, a toda a sociedade.
Visto que é assaz longa e não poderia ser aqui transcrita na íntegra, propomo-nos pôr em relevo, nas páginas seguintes, os principais traços de tal Instrução, que é certamente momentosa.
I. O DOCUMENTO
Introdução
“A sexualidade é um componente fundamental da personalidade, um dos seus modos de existir, de se manifestar, de se comunicar com os outros, de experimentar, exprimir e viver o amor humano” (nº 4).
Faça-se a distinção entre sexualidade e genitalidade. Aquela caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, mas também no psicológico e no espiritual; os dois sexos, diferentes como são, foram concebidos pelo Criador para se completar mutuamente (nº 5).
Quanto à genitalidade, ela se prende à procriação; é a expressão máxima, no plano físico, da comunhão de amor existente entre dois cônjuges. Desvinculada do contexto de dom recíproco, perde seu significado; revela egoísmo e vem a ser desordem moral (nº 5).
A sexualidade deve ser orientada para o amor, que a torna autenticamente humana; ela só se realiza em plenitude onde há maturidade afetiva e dom total de si mesmo (nº 6).
Em nossos tempos a insegurança no tocante à sexualidade e à divergência de orientações correntes exige a prática da educação sexual (nos 7-8).
Esta encontra dificuldades tanto por parte de pais e educadores, que não se julgam preparados para isso, como por parte das escolas, que não raro se limitam à informação cientifica, sem ministrar a formação integral. Na verdade, trata-se de tarefa complexa, que envolve elementos fisiológicos, psicológicos, pedagógicos, socioculturais (…) (nos 9-11).
O magistério da Igreja tem-se pronunciado gradativamente sobre o assunto; o Concílio do Vaticano II, na sua Declaração Gravissimum Educationis, nº 7, formulava votos para que os educandos “se beneficiem de uma educação sexual positiva e prudente à medida que vão crescendo” (nº 14).
A família é, sem dúvida, o ambiente privilegiado para a realização de tal tarefa, pois nela se cultivam de modo especial o respeito e a benevolência à pessoa humana (nº 15s).
À escola, neste particular, toca o papel de continuação da obras dos pais (nº 17).
A sexualidade, para ser plena e devidamente vivida, requer outrossim o cultivo da castidade, que implica domínio de si, capacidade de orientar o instinto sexual para o serviço do amor e de integrá-lo no desenvolvimento da personalidade (nº 18).
I. Princípios fundamentais
1. O documento propõe o conceito cristão de sexualidade, afirmando que o corpo revela
- o sentido da vida, pois a corporeidade é a maneira própria de existir e de agir do espírito humano; o corpo é a primeira mensagem de Deus ao homem; é como que um sacramento primordial ou sinal que transmite e realiza o mistério invisível oculto em Deus deste toda a eternidade (nº 22);
- o amor de Deus: o corpo contribui para revelar Deus e seu amor criador, pois manifesta ao homem a sua dependência de um dom fundamental que é dom de amor (nº 23);
- a vocação ao dom de si mesmo: o corpo exprime a vocação do homem ao dom recíproco de si mesmo no amor. Precisamente as diferenças sexuais existem em vista da complementariedade, e não afetam a igualdade de natureza e de dignidade do homem e da mulher (nº 24).
A comunhão de amor que deve existir entre o homem e a mulher, encontra obstáculos no pecado original e nas suas conseqüências; o pecado obnubila a mente dos homens, dificultando-lhes perceber o sentido grandioso da sua corporeidade (nº 27). Assim afetados, muitos tendem a reduzir a sexualidade tão somente à experiência genital – o que deprecia a sexualidade (nº 28).
No Cristo e por Cristo o homem reconhece sua vocação para participar da vida divina, tornando-se homem perfeito. É o mistério de Cristo que projeta luz sobre a vida conjugal, santificada pelo sacramento do matrimônio, como também sobre a vida virginal: a virgindade é vocação ao amor, pois ela torna o coração do homem mais livre para amar a Deus; o coração virgem não é condicionado pelos compromissos do amor nupcial e, por isto, é mais disponível para o amor gratuito dos irmãos (nº 31).
2. Uma vez exposto o conceito cristão de sexualidade, o documento passa a propor a natureza, a finalidade e os meios de educação sexual.
A educação sexual tem por objetivo formar conhecimento adequado da natureza da sexualidade; procura outrossim levar o educando à maturidade psicológica e à maturidade espiritual mediante a integração dos elementos biológicos, psico-afetivos, sociais e espirituais. Visa, portanto, a uma formação da personalidade que ultrapassa a simples informação da inteligência e harmoniza a vontade, os sentimentos e as emoções; ela supõe necessariamente as virtudes como o pudor, a temperança, o respeito de si e dos outros, a abertura ao próximo. Nada disto é possível senão por efeito da graça que vem de Jesus Cristo (nº 34s).
Tal ideal requer que os educadores ajudem os jovens a uma reflexão crítica sobre as impressões que recebem no dia-a-dia e que lhes dêem o testemunho de uma vida espiritual autêntica (nº 39).
A sexualidade assume formas sucessivas, que são as etapas da sua evolução através das idades da vida. A harmonização dessas diversas formas só se pode obter mediante a vivência da fé e os recursos da graça que esta proporciona (n.os 41-45). Quanto mais o cristão nutrir a sua vida interior, tanto mais estará habilitado para conseguir a vitória sobre a desordem e o mal morais (nº 46).
II. Responsabilidade na prática da educação sexual
Como dito, é à família que, antes do mais, toca a função de ministrar educação sexual aos filhos. Os pais procurarão colaborar com os educadores, de modo a acompanhar os filhos num diálogo adaptado à idade e ao desenvolvimento de cada um (ns. 48-51). Esta tarefa só poderá ser executada com êxito se os mais velhos souberem cultivar os valores morais e transmiti-los aos jovens; “os valores morais vividos pela família são mais facilmente transmitidos aos filhos” (nº 52).
Sendo a Igreja chamada por Cristo para uma missão educadora, que se realiza mediante a palavra e os sacramentos, compreende-se que a comunidade eclesial deva ser um lugar privilegiado que torne possível a assimilação dos valores éticos (ns. 53-55). Dentro da Igreja, a catequese há de ser veículo eloqüente de formação cristã; o catequista deverá explicar os valores positivos de sexualidade, pondo-os em relação com os da virgindade e os do sacramento do matrimônio: “O casamento e a virgindade são as duas maneiras de exprimir e de viver o único mistério da aliança de Deus com seu povo” (nº 56).
A própria vida conjugal exige a prática da castidade, para a qual a melhor preparação é a castidade pré-matrimonial: ” A estabilidade do casamento e do amor conjugal exige a castidade e o domínio de si, a formação do caráter e o espírito de sacrifício, que são condições indispensáveis” (nº 61). Além disto, a fim de que o casal possa assumir sua responsabilidade de acordo com o plano de Deus, é importante que os esposos tenham conhecimento dos métodos naturais de regulação da fertilidade. A contracepção, hoje difundida de maneira insistente, contradiz aos ideais cristãos e às leis morais da Igreja (nº 62).
“Ao estado compete proteger os cidadãos contra as desordens morais como o abuso dos menores e toda forma de violência sexual, a degradação dos costumes, a permissividade e a pornografia, a manipulação das informações demográficas” (nº 65).
Os meios de comunicação social exercem influência condicionadora sobre os jovens, contradizendo não raro aos princípios recebidos da família, especialmente em matéria sexual (nº 66). Daí a necessidade do uso moderado e criterioso de tais recursos da técnica. “Os programas de tais meios sejam postos em discussão entre os jovens e seus educadores ou pessoas competentes, a fim de que os possam avaliar devidamente; isto entre na perspectiva de autêntica educação sexual (nº 67). À autoridade civil toca intervir juridicamente no setor das comunicações sociais, “a fim de tutelar a moralidade pública, especialmente o mundo dos jovens, frente às revistas, aos filmes, aos programas de rádio e de televisão, às exposições, aos espetáculos e à publicidade” (nº 68).
À escola cabe função particular na educação sexual. Devendo continuar a missão da família, ela apresentará às crianças e aos jovens a sexualidade “como valor e tarefa a cumprir” (nº 69). A educação sexual oferecida pela escola “não pode ser reduzida a mera matéria de ensino ou a conhecimentos teóricos; ela não consiste num programa a ser transmitido progressivamente”, mas visa a suscitar “a maturidade afetiva dos alunos, o autodomínio e o comportamento equilibrado nas relações sociais” (nº 70).
A educação sexual há de ser, via-de-regra, individual, entregue aos cuidados de pessoa que “tenha maturidade afetiva, senso de pudor e sensibilidade apurada para iniciar a criança e o adolescente nos problemas do amor da vida sem perturbar o seu desenvolvimento psicológico” (nº 71).
fonte:http://www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=doc&cat=92&scat=185&id=1970
D. Estevão Bettencourt, osb
Em síntese: A Santa Sé publicou recentemente um documento em que afirma:
1) A educação sexual é necessária para promover a maturidade afetiva dos adolescentes e jovens e integrar amor, sexualidade e genitalidade na harmonia de uma personalidade bem formada.
2) Educação sexual não é apenas instrução sexual, anatômica, fisiológica, mas é também apresentação dos valores morais que se prendem à sexualidade, transmissão do sentido da vida e do amor, assim como despertar de sólidos hábitos virtuosos.
3) A educação sexual há de ser oferecida gradativamente, de acordo com a evolução e as necessidades do educando.
4) Por isto a educação sexual deve ser, de preferência, ministrada individualmente e, só com muita cautela, em grupos.
5) Os primeiros ministros da educação sexual são os genitores ou a família, que, mais do que ninguém, é apta a conhecer a psicologia e a individualidade dos respectivos filhos.
6) À escola toca continuar e complementar a função educadora dos pais, procurando manter diálogo e colaboração estrita com estes.
7) É necessário que o educador, no caso, seja pessoa habilitada para tanto. Isto exige dos noivos e dos genitores certo preparo para transmitirem a seus filhos sólida formação moral e sexual. Exige também dos profissionais da escola competência específica. E de todos requer a prática do autodomínio, da maturidade afetiva, da oração e da vida sacramental para que possam comunicar, como cristãos, os autênticos princípios da formação da personalidade.
A 1º/11/1983 a S. Congregação Católica promulgou uma Instrução sobre educação sexual, assinada pelo Prefeito Cardeal William Baum e pelo arcebispo Secretário D. Antonio M. Javierre. Este documento é o fruto de várias anos de estudos realizados por peritos de diversas áreas, sob o incentivo do S. Padre. A índole de tal documento é pedagógica e pastoral, pois trata de como e quando ministrar a educação sexual em fidelidade à doutrina da Igreja. Interessa à família, à escola e, em geral, a toda a sociedade.
Visto que é assaz longa e não poderia ser aqui transcrita na íntegra, propomo-nos pôr em relevo, nas páginas seguintes, os principais traços de tal Instrução, que é certamente momentosa.
I. O DOCUMENTO
Introdução
“A sexualidade é um componente fundamental da personalidade, um dos seus modos de existir, de se manifestar, de se comunicar com os outros, de experimentar, exprimir e viver o amor humano” (nº 4).
Faça-se a distinção entre sexualidade e genitalidade. Aquela caracteriza o homem e a mulher não somente no plano físico, mas também no psicológico e no espiritual; os dois sexos, diferentes como são, foram concebidos pelo Criador para se completar mutuamente (nº 5).
Quanto à genitalidade, ela se prende à procriação; é a expressão máxima, no plano físico, da comunhão de amor existente entre dois cônjuges. Desvinculada do contexto de dom recíproco, perde seu significado; revela egoísmo e vem a ser desordem moral (nº 5).
A sexualidade deve ser orientada para o amor, que a torna autenticamente humana; ela só se realiza em plenitude onde há maturidade afetiva e dom total de si mesmo (nº 6).
Em nossos tempos a insegurança no tocante à sexualidade e à divergência de orientações correntes exige a prática da educação sexual (nos 7-8).
Esta encontra dificuldades tanto por parte de pais e educadores, que não se julgam preparados para isso, como por parte das escolas, que não raro se limitam à informação cientifica, sem ministrar a formação integral. Na verdade, trata-se de tarefa complexa, que envolve elementos fisiológicos, psicológicos, pedagógicos, socioculturais (…) (nos 9-11).
O magistério da Igreja tem-se pronunciado gradativamente sobre o assunto; o Concílio do Vaticano II, na sua Declaração Gravissimum Educationis, nº 7, formulava votos para que os educandos “se beneficiem de uma educação sexual positiva e prudente à medida que vão crescendo” (nº 14).
A família é, sem dúvida, o ambiente privilegiado para a realização de tal tarefa, pois nela se cultivam de modo especial o respeito e a benevolência à pessoa humana (nº 15s).
À escola, neste particular, toca o papel de continuação da obras dos pais (nº 17).
A sexualidade, para ser plena e devidamente vivida, requer outrossim o cultivo da castidade, que implica domínio de si, capacidade de orientar o instinto sexual para o serviço do amor e de integrá-lo no desenvolvimento da personalidade (nº 18).
I. Princípios fundamentais
1. O documento propõe o conceito cristão de sexualidade, afirmando que o corpo revela
- o sentido da vida, pois a corporeidade é a maneira própria de existir e de agir do espírito humano; o corpo é a primeira mensagem de Deus ao homem; é como que um sacramento primordial ou sinal que transmite e realiza o mistério invisível oculto em Deus deste toda a eternidade (nº 22);
- o amor de Deus: o corpo contribui para revelar Deus e seu amor criador, pois manifesta ao homem a sua dependência de um dom fundamental que é dom de amor (nº 23);
- a vocação ao dom de si mesmo: o corpo exprime a vocação do homem ao dom recíproco de si mesmo no amor. Precisamente as diferenças sexuais existem em vista da complementariedade, e não afetam a igualdade de natureza e de dignidade do homem e da mulher (nº 24).
A comunhão de amor que deve existir entre o homem e a mulher, encontra obstáculos no pecado original e nas suas conseqüências; o pecado obnubila a mente dos homens, dificultando-lhes perceber o sentido grandioso da sua corporeidade (nº 27). Assim afetados, muitos tendem a reduzir a sexualidade tão somente à experiência genital – o que deprecia a sexualidade (nº 28).
No Cristo e por Cristo o homem reconhece sua vocação para participar da vida divina, tornando-se homem perfeito. É o mistério de Cristo que projeta luz sobre a vida conjugal, santificada pelo sacramento do matrimônio, como também sobre a vida virginal: a virgindade é vocação ao amor, pois ela torna o coração do homem mais livre para amar a Deus; o coração virgem não é condicionado pelos compromissos do amor nupcial e, por isto, é mais disponível para o amor gratuito dos irmãos (nº 31).
2. Uma vez exposto o conceito cristão de sexualidade, o documento passa a propor a natureza, a finalidade e os meios de educação sexual.
A educação sexual tem por objetivo formar conhecimento adequado da natureza da sexualidade; procura outrossim levar o educando à maturidade psicológica e à maturidade espiritual mediante a integração dos elementos biológicos, psico-afetivos, sociais e espirituais. Visa, portanto, a uma formação da personalidade que ultrapassa a simples informação da inteligência e harmoniza a vontade, os sentimentos e as emoções; ela supõe necessariamente as virtudes como o pudor, a temperança, o respeito de si e dos outros, a abertura ao próximo. Nada disto é possível senão por efeito da graça que vem de Jesus Cristo (nº 34s).
Tal ideal requer que os educadores ajudem os jovens a uma reflexão crítica sobre as impressões que recebem no dia-a-dia e que lhes dêem o testemunho de uma vida espiritual autêntica (nº 39).
A sexualidade assume formas sucessivas, que são as etapas da sua evolução através das idades da vida. A harmonização dessas diversas formas só se pode obter mediante a vivência da fé e os recursos da graça que esta proporciona (n.os 41-45). Quanto mais o cristão nutrir a sua vida interior, tanto mais estará habilitado para conseguir a vitória sobre a desordem e o mal morais (nº 46).
II. Responsabilidade na prática da educação sexual
Como dito, é à família que, antes do mais, toca a função de ministrar educação sexual aos filhos. Os pais procurarão colaborar com os educadores, de modo a acompanhar os filhos num diálogo adaptado à idade e ao desenvolvimento de cada um (ns. 48-51). Esta tarefa só poderá ser executada com êxito se os mais velhos souberem cultivar os valores morais e transmiti-los aos jovens; “os valores morais vividos pela família são mais facilmente transmitidos aos filhos” (nº 52).
Sendo a Igreja chamada por Cristo para uma missão educadora, que se realiza mediante a palavra e os sacramentos, compreende-se que a comunidade eclesial deva ser um lugar privilegiado que torne possível a assimilação dos valores éticos (ns. 53-55). Dentro da Igreja, a catequese há de ser veículo eloqüente de formação cristã; o catequista deverá explicar os valores positivos de sexualidade, pondo-os em relação com os da virgindade e os do sacramento do matrimônio: “O casamento e a virgindade são as duas maneiras de exprimir e de viver o único mistério da aliança de Deus com seu povo” (nº 56).
A própria vida conjugal exige a prática da castidade, para a qual a melhor preparação é a castidade pré-matrimonial: ” A estabilidade do casamento e do amor conjugal exige a castidade e o domínio de si, a formação do caráter e o espírito de sacrifício, que são condições indispensáveis” (nº 61). Além disto, a fim de que o casal possa assumir sua responsabilidade de acordo com o plano de Deus, é importante que os esposos tenham conhecimento dos métodos naturais de regulação da fertilidade. A contracepção, hoje difundida de maneira insistente, contradiz aos ideais cristãos e às leis morais da Igreja (nº 62).
“Ao estado compete proteger os cidadãos contra as desordens morais como o abuso dos menores e toda forma de violência sexual, a degradação dos costumes, a permissividade e a pornografia, a manipulação das informações demográficas” (nº 65).
Os meios de comunicação social exercem influência condicionadora sobre os jovens, contradizendo não raro aos princípios recebidos da família, especialmente em matéria sexual (nº 66). Daí a necessidade do uso moderado e criterioso de tais recursos da técnica. “Os programas de tais meios sejam postos em discussão entre os jovens e seus educadores ou pessoas competentes, a fim de que os possam avaliar devidamente; isto entre na perspectiva de autêntica educação sexual (nº 67). À autoridade civil toca intervir juridicamente no setor das comunicações sociais, “a fim de tutelar a moralidade pública, especialmente o mundo dos jovens, frente às revistas, aos filmes, aos programas de rádio e de televisão, às exposições, aos espetáculos e à publicidade” (nº 68).
À escola cabe função particular na educação sexual. Devendo continuar a missão da família, ela apresentará às crianças e aos jovens a sexualidade “como valor e tarefa a cumprir” (nº 69). A educação sexual oferecida pela escola “não pode ser reduzida a mera matéria de ensino ou a conhecimentos teóricos; ela não consiste num programa a ser transmitido progressivamente”, mas visa a suscitar “a maturidade afetiva dos alunos, o autodomínio e o comportamento equilibrado nas relações sociais” (nº 70).
A educação sexual há de ser, via-de-regra, individual, entregue aos cuidados de pessoa que “tenha maturidade afetiva, senso de pudor e sensibilidade apurada para iniciar a criança e o adolescente nos problemas do amor da vida sem perturbar o seu desenvolvimento psicológico” (nº 71).
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