Teólogo anglicano dá discurso no Centro de Diálogo João Paulo II
ROMA, sexta-feira, 15 de abril de 2011 (ZENIT.org) - A necessidade do diálogo inter-religioso nas sociedades modernas e multiculturais foi um tema recorrente durante o pontificado de João Paulo II. O papel fundamental do diálogo em uma sociedade civil está claro hoje em dia, mas como esse diálogo ocorre realmente ainda é um assunto para debate.
A meditação das Escrituras é um método do diálogo inter-religioso que está crescendo em popularidade e se espalhando nas instituições acadêmicas. Este método reúne pessoas de diferentes tradições religiosas, para ler e discutir excertos de textos sagrados. O resultado pretendido não é o consenso, mas um entendimento mais profundo de tais textos.
Um dos fundadores deste método, o professor David Ford, teólogo anglicano e Professor Régio de Divindade na Universidade de Cambridge, apresentou recentemente este método em uma conferência realizada no Centro João Paulo II para o Diálogo Inter-Religioso, na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma.
O evento anual, patrocinado pela Fundação Russell Berrie de Nova Jersey, também contou com a presença do rabino Jack Bemporad, como moderador de perguntas e do debate.
Usos da meditação das Escrituras
A diplomacia é apenas uma das muitas aplicações do diálogo inter-religioso. Como método de meditação das Escrituras dentro desse diálogo, embora originalmente tenha surgido para os estudiosos de ambientes acadêmicos, hoje é praticado em locais de culto, escolas e reuniões internacionais das diversas comunidades religiosas, especialmente entre as de tradição abraâmica.
Seu atual companheiro de centro nos estudos universitários, o Pe. Celestine Ezemadubom, deu um testemunho na conferência, de sua perspectiva como colega e sacerdote que trabalha neste campo.
Como poderia um sacerdote como o Pe. Ezemadubom participar da meditação das Escrituras? Um grupo privado de participantes acolhe outro em rotação nos lugares de culto e universidades para participar na leitura e debate conjunto sobre os textos sagrados, especialmente em relação às questões atuais, sejam temas morais amplos e ou assuntos práticos do âmbito local.
O grupo chega a um acordo sobre certos princípios básicos, tais como abertura e honestidade, para incentivar um diálogo construtivo, a sabedoria e o companheirismo, mas não necessariamente ter de chegar a um consenso ou acordo.
Da teoria à prática
Ford descreveu como esta metodologia foi desenvolvida a partir de interações da vida real entre os crentes de diferentes confissões. Ford nasceu em uma família anglicana, em Dublin, onde a Igreja da Irlanda constituía 3% de minoria religiosa em meio a uma ampla maioria católica. Depois de estudar teologia em Cambridge e Yale, ele começou a lecionar na cidade multicultural de Birmingham, onde observou que muitas tentativas de diálogo fracassavam totalmente.
Ford encontrou uma abordagem mais pessoal e, portanto, mais prática, quando descobriu a meditação textual do teólogo judeu Peter Ochs, da Academia Americana de Religião. O grupo de Och, conforme descrito por Ford, "de filósofos contemporâneos, jovens judeus e estudiosos dos textos (Tanach e Talmud), participou de uma discussão agitada e cheia de acusações (temperadas com muita fumaça) de textos clássicos e obras de pensadores modernos".
A partir disso, desenvolveu-se a meditação das Escrituras, por meio da qual judeus, cristãos e muçulmanos, que se conhecem profissional e pessoalmente, encontram-se para ler e discutir o Tanach, a Bíblia e o Alcorão juntos, em um ambiente alegre e amigável.
Esses encontros deixaram uma impressão duradoura em Ford. Ele retornou ao Reino Unido repleto de ideias e experiências e assim fundou, junto com seus colegas, o Programa Inter-Religioso de Cambridge "para incentivar uma fé e uma compreensão secular mais sábia".
Em 2007, a meditação das Escrituras atraiu a atenção e a aceitação de muitos líderes religiosos da sociedade britânica. Dois imames muçulmanos da cidade de Londres, que abriga um número considerável de habitantes muçulmanos, publicaram ‘fatwas', que são opiniões divulgadas pelas autoridades legais islâmicas, que abriram o caminho para a participação dos muçulmanos e permitiram o uso de mesquitas para as reuniões dos grupos.
A experiência pessoal do diálogo inter-religioso influenciou profundamente a carreira que Ford adotou, uma rota que ele recomenda a todos os crentes para enfrentar os problemas dos nossos dias: "Estou cada vez mais convencido de que o século 21 que acaba de começar é um ‘kairós' para compromisso inter-religioso, especialmente entre as confissões abraâmicas, e que terá consequências graves se esta oportunidade for perdida".
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Na internet: www.jp2center.org
(Andrea Kirk Assaf)
A meditação das Escrituras é um método do diálogo inter-religioso que está crescendo em popularidade e se espalhando nas instituições acadêmicas. Este método reúne pessoas de diferentes tradições religiosas, para ler e discutir excertos de textos sagrados. O resultado pretendido não é o consenso, mas um entendimento mais profundo de tais textos.
Um dos fundadores deste método, o professor David Ford, teólogo anglicano e Professor Régio de Divindade na Universidade de Cambridge, apresentou recentemente este método em uma conferência realizada no Centro João Paulo II para o Diálogo Inter-Religioso, na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma.
O evento anual, patrocinado pela Fundação Russell Berrie de Nova Jersey, também contou com a presença do rabino Jack Bemporad, como moderador de perguntas e do debate.
Usos da meditação das Escrituras
A diplomacia é apenas uma das muitas aplicações do diálogo inter-religioso. Como método de meditação das Escrituras dentro desse diálogo, embora originalmente tenha surgido para os estudiosos de ambientes acadêmicos, hoje é praticado em locais de culto, escolas e reuniões internacionais das diversas comunidades religiosas, especialmente entre as de tradição abraâmica.
Seu atual companheiro de centro nos estudos universitários, o Pe. Celestine Ezemadubom, deu um testemunho na conferência, de sua perspectiva como colega e sacerdote que trabalha neste campo.
Como poderia um sacerdote como o Pe. Ezemadubom participar da meditação das Escrituras? Um grupo privado de participantes acolhe outro em rotação nos lugares de culto e universidades para participar na leitura e debate conjunto sobre os textos sagrados, especialmente em relação às questões atuais, sejam temas morais amplos e ou assuntos práticos do âmbito local.
O grupo chega a um acordo sobre certos princípios básicos, tais como abertura e honestidade, para incentivar um diálogo construtivo, a sabedoria e o companheirismo, mas não necessariamente ter de chegar a um consenso ou acordo.
Da teoria à prática
Ford descreveu como esta metodologia foi desenvolvida a partir de interações da vida real entre os crentes de diferentes confissões. Ford nasceu em uma família anglicana, em Dublin, onde a Igreja da Irlanda constituía 3% de minoria religiosa em meio a uma ampla maioria católica. Depois de estudar teologia em Cambridge e Yale, ele começou a lecionar na cidade multicultural de Birmingham, onde observou que muitas tentativas de diálogo fracassavam totalmente.
Ford encontrou uma abordagem mais pessoal e, portanto, mais prática, quando descobriu a meditação textual do teólogo judeu Peter Ochs, da Academia Americana de Religião. O grupo de Och, conforme descrito por Ford, "de filósofos contemporâneos, jovens judeus e estudiosos dos textos (Tanach e Talmud), participou de uma discussão agitada e cheia de acusações (temperadas com muita fumaça) de textos clássicos e obras de pensadores modernos".
A partir disso, desenvolveu-se a meditação das Escrituras, por meio da qual judeus, cristãos e muçulmanos, que se conhecem profissional e pessoalmente, encontram-se para ler e discutir o Tanach, a Bíblia e o Alcorão juntos, em um ambiente alegre e amigável.
Esses encontros deixaram uma impressão duradoura em Ford. Ele retornou ao Reino Unido repleto de ideias e experiências e assim fundou, junto com seus colegas, o Programa Inter-Religioso de Cambridge "para incentivar uma fé e uma compreensão secular mais sábia".
Em 2007, a meditação das Escrituras atraiu a atenção e a aceitação de muitos líderes religiosos da sociedade britânica. Dois imames muçulmanos da cidade de Londres, que abriga um número considerável de habitantes muçulmanos, publicaram ‘fatwas', que são opiniões divulgadas pelas autoridades legais islâmicas, que abriram o caminho para a participação dos muçulmanos e permitiram o uso de mesquitas para as reuniões dos grupos.
A experiência pessoal do diálogo inter-religioso influenciou profundamente a carreira que Ford adotou, uma rota que ele recomenda a todos os crentes para enfrentar os problemas dos nossos dias: "Estou cada vez mais convencido de que o século 21 que acaba de começar é um ‘kairós' para compromisso inter-religioso, especialmente entre as confissões abraâmicas, e que terá consequências graves se esta oportunidade for perdida".
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Na internet: www.jp2center.org
(Andrea Kirk Assaf)
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