15 de dezembro
Virgínia, riquíssima, filha de um doge da República de Gênova, nasceu em
2 de abril de 1587. O pai, Jorge Centurioni, era um conselheiro da
República. A mãe, Leila Spinola, era uma dama da sociedade, católica
fervorosa e atuante nas obras de caridade aos pobres. Propiciou à filha
uma infância reservada, pia e voltada para os estudos. Mesmo com vocação
para a vida religiosa, Virgínia teve de casar, aos quinze anos, por
vontade paterna, com Gaspar Grimaldi Bracelli, nobre também muito rico.
Teve duas filhas, Leila e Isabela. Esposa dedicada, cuidou do marido na
longa enfermidade que o acometeu, a tuberculose. Levou-o, mesmo, para a
Alexandria, em busca da cura para a doença, o que não aconteceu. Gaspar
morreu em 1607, feliz por sempre ter sido assistido por ela.
Ficou viúva aos vinte anos de idade.
Assim, jovem, entendeu o fato como um chamado direto de Deus. Era
vontade de Deus que ela o servisse através dos mais pobres. Por isso
conciliou os seus deveres do lar, de mãe e de administradora com essa
sua particular motivação. O objeto de sua atenção, e depois sua
principal atividade, era a organização de uma rede completa de serviços
de assistência social aos marginalizados. O intuito era que não tivessem
qualquer possibilidade de ofender a Deus, dando-lhes condições para o
trabalho e o sustento com suas próprias mãos.
Desenvolvia e promovia as “Obras das
Paróquias Pobres” das regiões rurais conseguindo doações em dinheiro e
roupas. Mais tarde, com as duas filhas já casadas, passou a dedicar-se,
também, ao atendimento dos menores carentes abandonados, dos idosos e
dos doentes. Fundou uma escola de treinamento profissional para os
jovens pobres. Numa fria noite de inverno, quando à sua porta bateu uma
menina abandonada pedindo acolhida, sentiu uma grande inspiração, que só
pôs em prática após alguns anos de amadurecimento.
Finalmente, em 1626, doou todos os seus
bens aos pobres, fundou as “Cem Damas da Misericórdia, Protetoras dos
Pobres de Jesus Cristo” e entrou para a vida religiosa. Enquanto
explicava o catecismo às crianças, pregava o Evangelho. As inúmeras
obras fundadas encontravam um ponto de encontro nas chamadas “Obras de
Nossa Senhora do Refúgio”, que instalou num velho convento do monte
Calvário. Logo o local ficou pequeno para as “filhas” com hábito e as
“filhas” sem hábito, todas financiadas pelas ricas famílias genovesas.
Ela, então, fundou outra Casa, depois mais outra e, assim, elas se
multiplicaram.
A sua atividade era incrível, só
explicável pela fé e total confiança em Deus. Virgínia foi uma grande
mística, mas diferente; agraciada com dons especiais, como êxtases,
visões, conversas interiores, assimilava as mensagens divinas e as
concretizava em obras assistenciais. No seu legado, não incluiu obras
escritas. Morreu no dia 15 de dezembro de 1651, com sessenta e quatro
anos de idade, com fama de santidade, na Casa-mãe de Carignano, em
Gênova. A devoção aumentou em 1801, quando seu túmulo foi aberto e seu
corpo encontrado intacto, como se estivesse apenas dormindo. Reavivada a
fé, as graças por sua intercessão intensificaram-se em todo o mundo.
Duas congregações distintas e paralelas
caminham pelo mundo, projetando o carisma de sua fundadora: a
Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Refúgio no Monte Calvário, com
sede em Gênova; e a Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Monte
Calvário, com sede em Roma.
Virgínia foi beatificada em 1985. O
mesmo papa que a beatificou, João Paulo II, declarou-a santa em 2003. O
seu corpo é venerado na capela da Casa-mãe da Congregação, em Gênova,
com uma festa especial no dia de sua morte. Mas suas “irmãs” e “filhas”
também a homenageiam no dia 7 de maio, data em que santa Virgínia
Centurione Bracelli vestiu hábito religioso.
Santa Virgínia Centurione Bracelli, rogai por nós!
Nenhum comentário:
Postar um comentário