20/04/2012
     
IHU - A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 24,34-48 que corresponde ao Domingo 3º da Páscoa, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto:
Testemunhas
Não é fácil converter em testemunhas 
esses homens afundados no desconcerto e no medo. Ao longo de toda a cena
 os discípulos permanecem calados, num silêncio total. O narrador só 
descreve seu mundo interior: eles estão cheios de terror, só sentem 
turbação e incredulidade, tudo aquilo lhes parece demasiado formoso para
 que seja verdadeiro.
É Jesus quem va regenerar sua fé. O mais importante é que eles não se sintam sozinhos.
 Eles o sentiram cheio de vida no meio deles. Estas são as primeiras 
palavras que escutam do Ressuscitado: “Paz para vocês... Por que o 
coração de vocês esta cheio de dúvidas?”
Quando esquecemos a presença viva de Jesus no meio de nós, quando o fazemos opaco e invisível com os nossos protagonismos e conflitos,
 quando a tristeza impede-nos sentir de tudo menos sua paz, quando nos 
contagiamos uns aos outros, o pessimismo e a incredulidade... aí então 
estamos pecando contra o Ressuscitado. Não é possível uma igreja de 
testemunhas.
Para despertar sua fé, Jesus não lhes pede que olhem seu rosto senão suas mãos e seus pés.
 Que vejam as feridas da crucificação. Que tenham sempre ante seus olhos
 seu amor entregado até o fim. Ele não é um fantasma: “Sou eu mesmo”, O 
mesmo que conheceram pelos caminhos da Galileia.
Cada vez que tentamos fundamentar a fé no Ressuscitado com nossas elucubrações, convertemos-lhe num fantasma.
 Para nos encontrarmos com ele, temos que percorrer o relato dos 
evangelhos: descobrir essas mãos que bendiziam os enfermos e acariciavam
 as crianças, esses pés cansados de caminhar ao encontro com os mais 
esquecidos, descobrir suas feridas e sua paixão. Esse Jesus é o mesmo 
que agora vive Ressuscitado junto ao Pai.
A pesar de vê-los cheios de medo e dúvidas, Jesus confia em seus 
discípulos. Ele mesmo lhes enviara o Espírito que os sustentara. Por 
isso encomenda-lhes que prolonguem sua presença no mundo: “Vocês são 
testemunhas disso”. Eles não hão de ensinar doutrinas sublimes, mas 
contagiar sua experiência. Eles não têm que predicar grandes teorias 
sobre o Cristo, mas irradiar o seu Espírito. Eles devem fazê-lo crível 
com sua vida, não somente com as palavras. Este é sempre o verdadeiro problema da Igreja: a falta de testemunhas.
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