21 novembro 2013
Padre Paulo Ricardo em novo pronunciamento na Câmara dos Deputados, em Brasília, fala sobre a terrível ameaça que se avizinha perante a nação: a ideologia de gênero que, inexoravelmente, avança em todas as esferas.
É inegável que a sociedade ocidental como um todo vem passando por um
inexorável processo de destruição do conceito de família. Apresentada
com belas cores, como sendo uma realidade automática, os tempos
modernos, ou ainda decorrente do processo de amadurecimento da
sociedade, a ideia de que o conceito de família é retrógrado e obsoleto
vem tomando corpo. As novas formulações de família tem sido marteladas
nos ouvidos, em programas de televisão, em jornais, revistas e no cinema
há pelo menos 30 anos, desde a década de 70, quando a sétima arte
brindou o mundo com “Kramer x Kramer” (1979) e sua pregação de que
existem diversos tipos de família, de que elas não precisam ser como as
tradicionais etc. Desde então o que se vê é a reengenharia incidindo
sobre a definição de família.
Ora, isso não está ocorrendo ao acaso, naturalmente, como os seus
ideólogos querem fazer crer, mas se trata de uma estratégia
milimetricamente pensada, com objetivos e agentes claramente
identificáveis. Também não se trata de teoria da conspiração, como
iremos ver.
O documento “Agenda de Gênero: redefinindo a igualdade” é um resumo
de um livro escrito por Daily O´Leary, uma americana que participou
pessoalmente da Conferência do Cairo (1994) e de Pequim (1995). Como
militante na defesa da família, ao participar em Pequim, ela se assustou
ao perceber que as grandes fundações e as ONGs financiadas por elas,
estavam muitíssimo preocupadas em inserir nos registros da Conferência o
termo “gênero”. Tanto que neles se lê o vocábulo nada menos que 211
vezes.
Em inglês, a palavra “ gender” é sinônimo da palavra “sex”
e, originalmente, não há diferença entre elas, porém, ideólogos como
Judith Butler, introduziram na linguagem uma diferenciação entre elas. O
“sexo” seria aquele com o qual a pessoa nasce. Biologicamente se pode
ser homem ou mulher. Gênero, por sua vez, é uma construção social, a
identidade que se constrói ao longo da vida e pode ser masculina,
feminina, bissesexual, transexual, entre outros. É um construto social.
As grandes fundações tem despejados rios de dinheiro em pesquisa e em
financiamento de ONGS pelo mundo todo, cooptando pessoas para que
militem a favor da chamada “ideologia de gênero”.
Hoje em dia, quando se ouve a palavra gênero, parece ser mais polido e
politicamente correto proferi-la em vez de se usar a palavra “sexo”,
pois ela carregaria a conotação da relação sexual. É uma armadilha.
Gênero não é sexo. É uma construção social.
Os ideólogos sabem que quanto mais cedo inocularem nas mentes das
pessoas o que pretendem, mais fácil implantarão esse conceito na
sociedade. Para tanto, objetivam agora atingir o sistema educacional
cooptando as crianças desde mais tenra idade, pois assim fica mais fácil
moldá-las. Desejam educá-las para escolha do seu objeto de satisfação
sexual, não importando qual, pois todos são possíveis. Querem, em última
análise, formar uma sociedade sexualmente versátil.
Pode parecer loucura, absurdo, mas é a realidade. Já está sendo
implantada aqui mesmo no Brasil. Não se engane. Trata-se de uma
estratégia demolidora, revolucionária cujo objetivo maior é destruir a
família.
No documento citado, na página 23, a resposta para a pergunta
crucial: por que querem destruir a família? Trata-se de um trecho
extraído da obra “A origem da família, da propriedade privada e do
Estado”, assinado por Engels, mas cujo rascunho original foi escrito
pelo próprio Karl Marx. Ele diz:
A primeira luta de classes que aparece na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher no casamento monogâmico, e a primeira opressão de classe coincide com a submissão do sexo feminino pelo masculino.
Para o marxismo, a origem das desigualdades sociais é a família, e
a primeira propriedade privada que existiu não foi uma cerca, mas sim, a
mulher. O homem toma posse da mulher, domina-a e este conceito de
família patriarcal, em que o macho é o proprietário da mulher e dos
filhos é o da família burguesa, portanto, deve ser destruída. Eles
afirmam que não haverá igualdade social enquanto subsistir a família,
pois é a raiz de todas as opressões, portanto, os papéis tradicionais de
pai, mãe, esposo, esposa, pais e filhos, todos eles devem ser abolidos,
posto que opressores.
Não estamos, porém, diante de um grupo de pessoas que obedecem a ação
do tempo, a maturação da história e que, diante disso, estão agindo
para repensar a família. Não. Estamos diante de um grupo de pessoas que
querem derrubar a família propositalmente porque, para eles, ela é fonte
de desigualdade. E o instrumento utilizado para destruir a família, neste momento, é a abordagem de gênero.
Não é curioso que feministas, ao invés de insistirem numa abordagem
da mulher, sob a perspectiva da mulher, sob os direitos da mulher,
martelem justamente a perspectiva de gênero? Isso ocorre porque o
conceito de mulher ainda está ligado ao papel social tradicional de mãe,
esposa. As feministas chamam tal situação de ditadura do biologismo.
“Abaixo a biologia! É preciso reverter os papéis!”, bradam elas.
Por tudo isso, quando se ouvir a palavra “gênero” a luz de alerta deve se acender. Embora,
eles queiram assim encenar, não há nada ao acaso, tudo foi
sistematicamente elaborado e vem sendo sistematicamente aplicado pelas
grandes fundações e ONGs internacionais financiadas por elas, com o aval
e usando a estrutura da ONU para impor aos países a agenda destruidora
que visa tão somente abolir a família.
Pode parecer que eles não vão conseguir, já que não têm o apoio da
sociedade, contudo, eles têm estratégia e já testaram toda a
metodologia, com sucesso, em um país especialmente escolhido, a Suécia.
Na década de 60, os socialistas suecos elaboraram um plano pedagógico de
como poderiam levar a sociedade a se tornar igualitária justamente pela
destruição da família. O livro “A Caminho da Igualdade”, escrito por
Alva Myrdal e também o trabalho que ela desenvolveu ao lado do marido,
Gunnar Myrdal, apresentam com clareza a ideia de que é necessário pegar
as crianças na mais tenra infância para moldá-las de acordo com os novos
parâmetros de gênero. Assim, o primeiro passo dado naquele país foi
tirar as crianças do convívio paterno. Segundo eles, aos sete anos,
início da idade escolar, a identidade sexual já está definida, por isso,
para montar a identidade de forma versátil, desde o primeiro ano de
idade é preciso dar a elas educação integral.
Ao abordarem, no Brasil, esse tipo de educação, o que se está dando
início é à metodologia pensada pelos ideólogos de gênero, que pretende
tornar as crianças sexualmente versáteis. Neste momento, somente uma
atitude é exigida: parar, refletir e tomar as rédeas do problema.
De nada adiantará continuar na mentalidade de avestruz, com a cabeça
enfiada na areia sem encarar o problema. É urgente sair da zona de
conforto, da sensação de anestesia que toma conta do país. Como se tudo
fosse uma evolução natural da sociedade e não um plano orquestrado, com
muitas vidas empenhadas para a implantação desse novo sistema. E eles
contam justamente com o silêncio dos crédulos, daqueles que acreditam na
família e acham que nada irá destrui-la.
Além disso, a palavra e o conceito de “gênero” vem sendo inoculado no
sistema jurídico do país. Existem inúmeros projetos de lei que se
utilizam da terminologia e visam pouco a pouco implantá-la em todas as
esferas da sociedade.
Tudo isso está muito bem documentado. Basta ler os livros. Ler Simone
de Beauvoir, feminista, que dizia que não se nasce mulher, mas se torna
mulher. Ler Sulamita Firestone, marxista, que dizia que de nada adianta
querer igualdade na sociedade e tratar as mulheres como escravas, e que
a diferença entre a esposa e a prostituta é que a segunda faz sexo
mediante pagamento, portanto, como um trabalhador assalariado, enquanto a
esposa tem status de escravo, pois trabalha e nada recebe. Para ela, em
termos de dignidade humana e hierarquia, a prostituta está em grau mais
elevado que a esposa, mãe de família.
Que eles queiram fazer isso, muito bem. Mas que o façam dentro da
regra do jogo democrático, ou seja, avisando o que está se pretendendo
fazer, pois o povo tem o direito de saber. Que ajam como um navio
singrando os mares, de modo aberto, sob o sol, mas não como um
submarino, sub-repticiamente.
Nesse momento da história é preciso tomar uma decisão. Cada pessoa,
cada brasileiro, cada cristão deve interromper o curso de suas próprias
vidas para salvar o patrimônio da família, dedicando todo o tempo, a
carreira, energia nessa luta, pois, ou colocamos tudo o que somos e
temos nesse projeto ou eles obterão o que intentam. Ninguém haverá de
detê-los. Eles estão decididos a implantar essa louca ideologia a
qualquer curso e para isso não pouparam nem as próprias vidas.
Ninguém escolheu o tempo que iria nascer nem a vida que iria viver.
Se nascemos nesses tempos dramáticos, devemos fazer o que nos é devido.
Deus nos pedirá contas desse tempo. É preciso coragem para interromper a
própria vida para salvar algo maior. Se não o fizermos, se não lutarmos
para salvar o patrimônio extraordinário da humanidade, da civilização
que é a família, ela irá sucumbir.
Material para estudo
Fonte: Padre Paulo Ricardo
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