segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Tudo é relativo e cada um tem a “sua” verdade?

martyria 
por Marcio Carvalho
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Todo discurso, sobre qualquer assunto, desmorona se não tem por base o problema da verdade. A possibilidade da verdade é a possibilidade de se afirmar ou negar qualquer coisa. 
Quem diz: “A verdade é relativa”, está se contradizendo, porque está fazendo uma afirmação. Qualquer afirmação só se sustenta se ela for verdadeira.
O problema da verdade é de elevada importância principalmente para os jovens. Quando crianças, são totalmente dependentes da tradição, isto é, de tudo que lhes chega através de seus pais, formadores, do ambiente. Não têm capacidade intelectual para duvidar ou criticar o que não for absurdo absoluto. Quando já têm a possibilidade e um pouco de capacidade intelectual, já podem emitir alguns juízos, alguns falsos, outros verdadeiros. Certo é que a sede pela verdade acompanha quem tem vontade de viver, isto é, a princípio, todos os seres humanos. 
Na fase de transição entre a infância e a idade adulta (idade intelectual, mais que física, apesar da dependência do intelecto das estruturas físicas), o jovem percebe que muitas das suas crenças se mostraram falsas. É levado às vezes, por desejo de verdade, a combater os antigos erros. 
Acontece que nessa fase de “rebeldia” ou “revolução” intelectual, o jovem pode descartar, junto com as mentiras, algumas verdades, e em certos casos, a própria possibilidade da verdade. Neste último caso, temos um quadro de “relativismo”, que pode levar até a uma “depressão intelectual”, causada pela perda do sentido da própria existência, já que a existência é uma verdade. O relativismo é particularmente a doença da época contemporânea. 
Não nos cabe aqui discorrer sobre os diversos tipos de relativismo, sua gênese e desenvolvimento. Mas é preciso dizer, como já insinuamos, que a verdade existe e é possível e necessário conhecê-la. 
A verdade é a adequação de nossa mente às coisas. A existência da verdade como algo objetivo e universal, invariável e superior a qualquer opinião é uma certeza do senso comum necessária. Se é verdade que a verdade não existe, como querem os relativistas, então existe a verdade. Se, também, se admite que existem várias verdades, mesmo que umas contradigam as outras, isso nada mais é que falsidade, mera opinião, obstinação no erro. 
Só a partir do princípio fundamental e inegável da possibilidade da verdade é que poderemos obter a paz de espírito, tão desejada por todos. A instabilidade gerada pela negação da verdade é a razão para a negação do próprio homem, da moralidade, da bondade, da beleza, do bem. A busca pela verdade total é a própria felicidade, um caminho a percorrer, não um objetivo distante a que posso descuidar. 
Admitida a possibilidade da verdade, abre-se portas para a descoberta das "outras verdades" negadas ou roubadas, a saber, sobre Deus, sobre a existência, sobre o homem, sobre a religião, sobre a natureza, sobre a vida humana e a história.
 

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