A Liturgia da Igreja usa fórmulas bíblicas com as quais resume a fé 
cristã, de modo que a oração expressa as convicções profundas, que 
sustentam o testemunho a ser oferecido ao mundo. Dentre estas, chama 
atenção o início da primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, 
correspondente a uma das saudações usadas no início da Santa Missa: 
“Paulo, chamado a ser apóstolo do Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o
 irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto: aos que foram 
santificados no Cristo Jesus, chamados a serem santos, junto com todos 
os que, em qualquer lugar, invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, 
Senhor deles e nosso. Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso 
Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1 Cor 1,1-3).  A oração da Igreja começa
 no alto, vem de Deus, a quem cabe a iniciativa! É também do Apóstolo 
das Gentes o belíssimo hino da Carta aos Filipenses (Fl 2, 6-11), 
utilizado também com frequência na oração da Igreja, que assim se 
conclui: “Ao Nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e 
abaixo da terra, e toda língua confesse: ‘Jesus Cristo é o Senhor’, para
 a glória de Deus Pai. E as orações litúrgicas, em sua maior parte, são 
feitas ao Pai, por Cristo e no Espírito Santo. Assim a Igreja nos ensina
 quem é caminho, verdade e vida. Em Jesus Cristo está a salvação, a vida
 e a liberdade.
Aprendemos que a invocação do nome de Jesus traz consigo a graça e a 
salvação. Tive o grande consolo de muitas vezes, ao me deparar com 
pessoas que se encontravam à beira da morte, predispondo-as para a 
absolvição dos pecados, pronunciar ao ouvido delas “Meu Jesus, 
misericórdia”, ou dizer repetidamente o nome de Jesus, na certeza de que
 ali se encontrava a força necessária para o definitivo encontro com o 
Senhor, quando lhes era dada a possibilidade de abrir os olhos para as 
realidades definitivas, a fim de entrar na contemplação da face de 
Cristo, aquele que é porta para o Reino dos Céus.
São de grande inspiração bíblica as invocações feitas na Ladainha do 
Santíssimo Nome de Jesus, com a qual a devoção da Igreja nos convida a 
nos voltarmos para o centro de nossa profissão de fé: Jesus Filho de 
Deus vivo, esplendor do Pai, pureza da luz eterna, Rei da glória, sol de
 justiça, Filho da Virgem Maria, amável, admirável, Deus forte, Pai do 
futuro século, Anjo do grande conselho, Poderosíssimo, Pacientíssimo, 
Obedientíssimo, Manso e Humilde de coração, Amante da castidade, Nosso 
amado, Deus da paz, Autor da vida, Exemplo das virtudes, Zelador das 
almas, Nosso Deus, Nosso Refúgio, Pai dos pobres, Tesouro dos fiéis, Bom
 Pastor, Verdadeira Luz, Sabedoria eterna, Bondade infinita, Nosso 
Caminho e Nossa Vida, Alegria dos Anjos, Rei dos Patriarcas, Mestre dos 
Apóstolos, Doutor dos evangelistas, Fortaleza dos Mártires, Luz dos 
Confessores, Pureza das Virgens, Coroa de todos os Santos.
É dele que nos vem a certeza de tudo o que é necessário à salvação, 
tanto que a mesma Ladainha suplica que Ele nos livre detodo mal, de todo
 o pecado, da  ira de Deus, das ciladas do demônio, do espírito de 
impureza e do desprezo de suas inspirações. Continuamente nos voltamos 
ao Senhor, pedindo a liberdade plena, pelo mistério de sua Encarnação, 
pela sua Natividade, pela Infância de Jesus, pela sua Vida nesta terra, 
pelos seus Trabalhos, pela sua Agonia e Paixão, pela Cruz e Desamparo, 
pelas Angústias passadas, pela Morte, Sepultura e Ressurreição, pela 
Ascensão, suas Alegrias e sua Glória.
As Ladainhas são manifestações de amor e piedade, com as quais 
repetimos invocações que percorrem diversos aspectos do mesmo mistério. 
Os refrões que nos conduzem a dizer “tende piedade de nós” ou 
“livrai-nos, Senhor” conduzem nossa piedade ao centro da fé professada, 
tanto que todas as ladainhas da Igreja se concluem com a invocação que 
ecoa a apresentação feita por São João Batista, chamando-o “Cordeiro de 
Deus”, diante do qual dizemos “livrai-nos, Senhor”, “ouvi-nos, Senhor” e
 “tende piedade de nós”.
Há poucos dias, celebrando a Santa Missa na “Igreja de Jesus”, no Dia 
do Santíssimo Nome de Jesus, assim se expressou o Papa Francisco: “Tende
 entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus: Ele que era 
de condição divina não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. 
Mas despojou-se a si mesmo, tomando a condição de servo” (Fl 2, 5-7). O 
que o Papa disse aos jesuítas, peço licença para tomar posse dos mesmos 
desejos, pois correspondem ao seguimento de Jesus da parte de todos os 
que pronunciam o seu Santo Nome: “Queremos ser distinguidos com o nome 
de Jesus, militar sob a insígnia da sua Cruz, e isto significa: ter os 
mesmos sentimentos de Cristo. Significa pensar como Ele. Significa fazer
 o que ele fez e com os seus mesmos sentimentos, com os sentimentos do 
seu Coração. O coração de Cristo é o coração de um Deus que, por amor, 
se despojou. Quem segue a Jesus, deveria estar disposto a despojar-se de
 si mesmo. Somos chamados a este abaixamento: ser «despojados», pessoas 
que não vivem concentradas em si mesmas porque o centro de suas vidas é 
Cristo e a sua Igreja".
"O Nome de Jesus"
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará Assessor Eclesiástico da RCCBRASIL
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