IHU - Pelo amor de Deus, recordem "que a formação é uma obra 
artesanal, não policialesca. Devemos formar o coração. Caso contrário 
formamos pequenos monstros, e depois estes pequenos monstros formarão o 
povo de Deus". O papa pronunciou acentuando as palavras quando as disse para a plateia da União Geral dos Superiores dos Institutos religiosos masculinos,
 recebidos no Vaticano no final de novembro. Um longo colóquio (três 
horas, depois o Papa teve que cumprir o "compromisso com o dentista") 
feito de perguntas e respostas. Um diálogo 'franco e livre', que a 
revista Civiltà Cattolica publicou na tarde de ontem, dia 03-01-2014.
A reportagem é de Matteo Matzuzzi e publicada pelo jornal Il Foglio, 04-01-2014. A tradução é da IHU On-Line.
Pediu aos presentes "de despertarem o mundo", de "serem testemunhos 
de um outro mundo a ser feito, de um outro modo de agir, de viver". 
Certamente, a vida é difícil, "feita de graça e de pecado". E "se a 
gente não peca, não é homem". Por isto é necessário distinguir entre 
pecadores e corruptos: "Todos somos pecadores, mas não todos somos 
corruptos. Nos seminários devem ser aceitos os pecadores, mas não os 
corruptos". 
Francisco sobre um dos pontos que mais qualificaram a
 sua agenda nestes primeiros dez meses de pontificado. O olhar para as 
periferias. "As grandes mudanças da história foram realizadas quando a 
realidade é vista não do centro, mas da periferia. É uma questão 
hermenêutica, se compreende a realidade somente se se a vê desde a 
periferia e não se o nosso olhar está focado num centro equidistante de 
tudo". Fundamental, acrescentou Bergoglio, "é conhecer a
 realidade por experiência, dedicar um tempo para andar na periferia e 
conhecer a vida do povo. Se isto não acontece, corremos o risco de 
sermos ideólogos abstratos ou fundamentalistas, e isto não é sadio".
A formação, portanto, é um dos problemas mais difícil a ser 
afrontado": "Nos anos passados, a nossa cultura era mais simples e 
ordenada. Hoje, a inculturação exige um atitude diferente". Um exemplo? 
"Não se resolvem os problemas simplesmente proibindo de fazer isto ou 
aquilo. É preciso que o diálogo e o confronto sejam feitos. Para evitar 
os problemas, em algumas casas de formação, os jovens se controlam, 
procuram não cometer erros evidentes, buscando cumprir as regras, 
sorrindo muito, na espera do dia em que lhes será dito: "Muito bem, 
terminaste a formação".
"Isto - prosseguiu Francisco - é hipocrisia, fruto do clericalismo, que é um dos males mais terríveis".
Uma tendência ao clericalismo "que deve ser derrotada nas casas de 
formação e nos seminários". Aos jovens, porém, é preciso falar com uma 
nova linguagem, usando "um novo modo de dizer as coisas". Quem trabalha 
com os rapazes, disse o Papa, "não pode ficar dizendo coisas muito 
ordenadas e estruturadas como se fosse um tratado, porque estas coisas 
não atingem os jovens". Para eles, o mandamento é um só: "Sair do ninho 
que os segura para serem enviados". Mais uma vez, na periferia.
Mas que coisa é esta periferia?, perguntam alguns dos presentes no 
colóquio. "Certamente, permanecem as fronteiras geográficas, mas há 
também as fronteiras simbólicas, que não estão pré-fixadas e não são 
iguais para todos, mas que devem ser buscadas a partir dos carismas de 
cada instituto. Portanto, deve-se discernir tudo segundo o próprio 
carisma". Um carisma que deve ser inculturado, "e isto não significa 
nunca que deva ser relativizado. Não devemos torná-lo rígido e uniforme"
 porque "quando uniformizamos as nossas culturas, aí matamos o carisma".
 Para evitar que isto aconteça, é necessário "introduzir no governo 
central das ordens e das congregações pessoas de várias culturas que 
exprimam modos diferentes de viver o carisma".
 
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