• Nelson Ribeiro Fragelli
Revista Catolicismo, Nº 757, janeiro/2013
De
modo geral, a mídia noticia a respeito da epidemia da AIDS com a mesma
relutância com que a vítima se declara infectada por esse mal. Seria
lógico que uma e outra tivessem interesse em denunciar a doença a fim de
contê-la.
Entretanto, de maneira enigmática, ambas não se comportam assim. Quanto à mídia, a notícias alarmantes sucedem-se longos períodos de enganoso silêncio pretextando evitar escândalo. Esse falso recato desmobiliza a opinião, levando-a ao olvido de uma catástrofe que se presente de modo continuo aos espíritos poderia mais eficazmente ser evitada. As vítimas, quanto a elas, hesitam em procurar um médico. Elas se expõem a um mal maior, temerosas de serem reconhecidas como portadoras da doença, de origem frequentemente vexaminosa.
O senso católico da maioria sofre instintivamente um susto ao ver um conhecido infectado. O que, sem dúvida, merece compaixão. No mais íntimo somos percorridos por um calafrio imediato. Ficamos sem saber como ajudar. E até mesmo temerosos.
Como explicar essa reação num povo afeito à bondade? Por que essa tendência instintiva ao distanciamento da vítima por parte de quem está sempre pronto a ajudar? Não é apenas um receio de contaminar-se. Trata-se de um resto de pudor, se não de vergonha, porquanto esse mal é geralmente transmitido pelo abuso da prática sexual.
Entretanto, de maneira enigmática, ambas não se comportam assim. Quanto à mídia, a notícias alarmantes sucedem-se longos períodos de enganoso silêncio pretextando evitar escândalo. Esse falso recato desmobiliza a opinião, levando-a ao olvido de uma catástrofe que se presente de modo continuo aos espíritos poderia mais eficazmente ser evitada. As vítimas, quanto a elas, hesitam em procurar um médico. Elas se expõem a um mal maior, temerosas de serem reconhecidas como portadoras da doença, de origem frequentemente vexaminosa.
O senso católico da maioria sofre instintivamente um susto ao ver um conhecido infectado. O que, sem dúvida, merece compaixão. No mais íntimo somos percorridos por um calafrio imediato. Ficamos sem saber como ajudar. E até mesmo temerosos.
Como explicar essa reação num povo afeito à bondade? Por que essa tendência instintiva ao distanciamento da vítima por parte de quem está sempre pronto a ajudar? Não é apenas um receio de contaminar-se. Trata-se de um resto de pudor, se não de vergonha, porquanto esse mal é geralmente transmitido pelo abuso da prática sexual.
* * *
Entre
aqueles que compõem a faixa da população mais exposta à infecção — a
chamada população de alto risco — estão travestis, homossexuais,
prostitutas, drogados. E sobre os que compõem esta triste população
nosso povo bondoso — mas também perspicaz — tem um juízo já feito.
Embora esse juízo seja por vezes chamado de “preconceito” até mesmo por
certas autoridades sanitárias acovardadas diante do dever de apontar o
mal e os vícios dos quais ele origina, a maioria das consciências o
conserva. Nossa mão benévola está sempre pronta a se estender aos
necessitados, mas a realidade nos mostra que, em face da AIDS, essa
mesma mão estremece, recua, crispa-se. E não se estende facilmente. À
sua bondade outra virtude se sobrepõe e a faz hesitar. É sem duvida o
bom senso proveniente de antiga tradição católica.
* * *
Noticia
o “O Estado de S. Paulo” (2-12-13) o aumento alarmante dos casos de
AIDS na população masculina, entre 15 e 24 anos. Este aumento, relativo
ao período 2005-2012, foi de 81%. Entre a população em geral houve em
2011 o maior número de infecções: 40.535 doentes foram identificados.
Entre os 12 estados brasileiros com maior número de infecções, somente
São Paulo e Rio de Janeiro apontam regressão durante aqueles mesmos
anos. Precisamente os dois Estados mais devastados pelo mal.
* * *
A
epidemia assume atualmente um caráter inexorável. Uma das causas de seu
agravamento é a “banalização do sexo” feita através das modas tendentes
ao nudismo, da pornografia, da internet, das práticas homossexuais etc.
Entretanto, um dos mais antigos veículos dessa banalização — e
certamente o mais perverso — é a “educação sexual” nas escolas
primárias. E até mesmo em jardins da infância.
Entre estranheza, repugnância e desgostosa conformidade, crianças são cruamente levadas a “explorar” em salas de aula seu próprio corpo e os de seus colegas, tocando suas partes pudendas, manipulando-as. O instinto sexual é assim excitado quando o natural pudor infantil ainda o velava.
Entre estranheza, repugnância e desgostosa conformidade, crianças são cruamente levadas a “explorar” em salas de aula seu próprio corpo e os de seus colegas, tocando suas partes pudendas, manipulando-as. O instinto sexual é assim excitado quando o natural pudor infantil ainda o velava.
Essa
prática contradiz violentamente o desejo de elevação próprio à
inocência, outrora legitimamente satisfeito pelos mistérios da História
Sagrada, pela heroicidade dos soldadinhos de chumbo ou a ternura das
bonecas. Essa banalização torna a procura das práticas sexuais
obsessiva, fazendo com que — como atesta o referido artigo — já aos 15
anos tantos jovens sejam estigmatizados pela AIDS. E acrescenta serem os
problemas brasileiros relacionados com a AIDS sem solução.
Se a causa do mal, dizemos nós, é sobretudo moral, a solução não será encontrada fora de um revigoramento de formas e modos de vida cristãos, entre as quais se encontra prioritariamente a proteção da inocência.
Se a causa do mal, dizemos nós, é sobretudo moral, a solução não será encontrada fora de um revigoramento de formas e modos de vida cristãos, entre as quais se encontra prioritariamente a proteção da inocência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário