sábado, 15 de novembro de 2025

Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja: “Maria cooperou de modo singular na redenção do mundo”.


 

 

Em seu artigo "Maria 'Corredentora' em Santo Afonso de Ligório", publicado no volume 5 da revista Ecce Mater Tua, o bispo argentino Antonio Baseotto, C.Ss.R. (falecido), retoma o pensamento do Doutor da Igreja Redentorista sobre a singular cooperação da Virgem Maria na obra da salvação. 

O estudo recorda que Santo Afonso — autor de As Glórias de Maria — defendeu claramente a participação materna da Virgem no sacrifício de Cristo, a ponto de afirmar que Maria ofereceu voluntariamente seu Filho pela redenção do mundo, unindo-se à sua Paixão como "instrumento unificado" da graça divina.  

O Amor Redentor da Mãe 

Baseotto cita a introdução de As Glórias de Maria, na qual Santo Afonso se dirige diretamente a Cristo e à sua Mãe em tom de oração: 

“Delícia Senhora e minha Mãe, vós bem sabeis que em vós, depois de Jesus, depositei toda a minha esperança de salvação eterna, pois todo o meu bem […] reconheço ter recebido por vossa intercessão.” 

O bispo enfatiza que essa convicção não é devocional, mas teológica: Maria aparece como advogada, mediadora e corredentora, papéis inseparáveis ​​de sua maternidade espiritual. 

O santo napolitano — afirma Baseotto — escreveu sua obra após dezesseis anos de pesquisa e estudo, baseando-se nas Sagradas Escrituras, nos Padres da Igreja e nos grandes teólogos marianos. 

Uma doutrina fundada na união com Cristo 

Santo Afonso ensina que Maria iniciou explicitamente sua missão corredentora ao apresentar seu Filho no templo: 

“Pai Eterno, deixai meu Filho morrer […] Consinto que ele perca a vida para a vossa glória e a salvação do mundo.” 

E acrescenta — seguindo São Boaventura — que no Calvário havia dois altares: um sobre o corpo de Jesus e o outro sobre o coração de Maria. Ambos, Mãe e Filho, ofereceram um único sacrifício: Cristo expiando os pecados e Maria merecendo que essa expiação fosse aplicada à humanidade. 

Baseotto também lembra que Santo Afonso inclui títulos antigos — de Santo Epifânio, Santo Ildefonso, São Germano e Santo Ambrósio — que descrevem a Virgem como “Redentora dos cativos” e “Reparadora do mundo perdido”, confirmando assim uma tradição ininterrupta a respeito de seu papel único na economia da graça. 

Maria, Unida à Cruz 

Na parte mais profunda de sua análise, o bispo argentino cita São Boaventura e Ricardo de São Lourenço: 

“Um Deus crucificado não foi suficiente para nos redimir; sua Mãe também quis ser crucificada e, por amor a nós, cooperou em nossa salvação, oferecendo seus sofrimentos como mérito diante de Deus.” 

Assim, a corredenção mariana não diminui o sacrifício de Cristo, mas o manifesta em sua plenitude de amor. Maria não é uma causa paralela, mas uma colaboradora subordinada, como afirma a teologia tradicional: ela participa “não por necessidade, mas por graça e amor”. 

Relevância Teológica 

O texto de Baseotto, escrito há anos, mas de grande relevância nos dias de hoje, contrasta com o tom ambíguo da recente nota doutrinal “Mater Populi Fidelis”, que evita os títulos de Corredentora e Medianeira. Em contraste com essa cautela, o estudo de Ecce Mater Tua mostra como os grandes doutores — especialmente Santo Afonso — ensinavam com certeza que Maria cooperou de maneira singular e real na redenção, em perfeita união com o Redentor. 

Nas palavras de Pio XII, que proclamou Santo Afonso padroeiro dos teólogos moralistas e confessores, a doutrina do santo “brilha com seu equilíbrio entre o rigor dogmático e a ternura filial para com a Mãe do Salvador”.

 

Fonte - infovaticana

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